Crítica


4

Leitores


1 voto 8

Onde Assistir

Sinopse

Depois que seu marido morre, Holly entra numa profunda depressão. Mas, o inesperado acontece. Prevendo a separação, o homem deixou diversas cartas, cada uma contendo um aspecto para guiar Holly pelo caminho da recuperação.

Crítica

Existem atrizes e atrizes, boas e más. Entre as boas, há aquelas melhores, que sabem fazer praticamente tudo (como Meryl Streep, para fazer uma escolha óbvia) e outras nem tanto, que são boas somente num tipo de personagem. Neste caso está Hilary Swank. Duas vezes vencedora do Oscar de Melhor Atriz, em ambos trabalhos premiados ela interpretava personagens duros, masculinizados (a garota que queria ser rapaz em Meninos Não Choram, 1999, e a lutadora de boxe de Menina de Ouro, 2004). Portanto, quem a conhece minimamente sabe que, com este perfil, ela, definitivamente, nada tem a ver com o universo das comédias românticas. Portanto, partindo deste consenso, não é difícil imaginar o tamanho do desastre que é este P.S. Eu te amo.

Swank está numa posição bastante desconfortável em Hollywood. Ela foi tão rapidamente - em menos de 10 anos - da posição de total desconhecida para a condição de uma das atrizes mais premiadas da América. Assim, ela simplesmente não pode se deixar envolver em qualquer projeto, da mesma forma que não conseguiu construir para si uma "persona" no mundo do cinema, uma carreira de "tipos" com os quais ela, assim como o público e a indústria, se identificasse além dos dois mais notórios. Pequenas participações de luxo em semifracassos como O Dom da Premonição (2000) e Dália Negra (2006) pouco contribuíram, mas ainda assim causaram menos prejuízo do que as bombas que contavam com ela em personagens heróicos (O Núcleo, 2003) ou misteriosos (A Colheita do Mal, 2007). De destaque, mesmo, somente a coadjuvante de Insônia (2002), ao lado de Al Pacino e Robin Williams, e um pequeno filme inspirado numa história real e lançado diretamente em DVD no Brasil: Escritores da Liberdade (2007).

Ao observarmos esta trajetória, talvez se entenda um pouco melhor o porquê de P.S. Eu te amo. É a primeira vez que interpreta uma heroína romântica (terreno que fez a popularidade e a fortuna de estrelas como Julia Roberts, Sandra Bullock e Meg Ryan, por exemplo). E, por outro lado, está retribuindo um favor ao diretor Richard LaGravenese, responsável por este e pelo mais bem-sucedido Escritores da Liberdade. Se esse filme ele fez para ela - era um projeto pessoal dela - este mais recente atende a uma vontade de dele (e dela também, vamos combinar) de se tornar viável comercialmente. O problema é que, mesmo tendo por trás uma estratégia tão planejada, o resultado é frustrante, impossibilitando qualquer maior ambição.

P.S. Eu te amo já começa errado: com o casal de protagonistas, Swank e Gerard Butler (300), discutindo. Percebe-se que os dois estão juntos há mais de uma década, e estes últimos anos não foram tão bons com eles - onde foram parar os sonhos da juventude? Após corte brusco, estamos no enterro dele, e ela acredita não ter mais razão para viver. Mas um plano desenvolvido antes da morte irá ajudá-la: no dia seguinte passam a chegar pelo correio cartas dele, enviadas não sabe-se por quem, mas que lhe repassam recados de como ele via a vida, e mais importante, de como ela deve reaprender a viver. Todas estas mensagens, obviamente, assinadas com um "p.s.: eu te amo".

Se Swank e Butler não possuem a menor química juntos, os coadjuvantes se saem ainda pior. Lisa Kudrow e Gina Gershon não convencem em nenhum instante como "melhores amigas": cada uma quer aparecer mais do que a outra com tiradas cômicas superficiais, dificultando a identificação com o espectador. Harry Connick Jr. e Jeffrey Dean Morgan, ambos como prováveis candidatos ao coração da protagonista, estão desajeitados e pouco interessantes em suas intenções. Já a também oscarizada Kathy Bates parece deixar claro no mal humor de sua personagem sua insatisfação com estes papéis medíocres de "mãe de alguém" (como foi de Matthew MacConaughey em Armações do Amor, 2006). E se não há diversão do lado de lá da tela, imagina entre quem está estático sentado diante de todo este constrangimento!

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)

Grade crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *