Os Delinquentes
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Rodrigo Moreno
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Los delincuentes
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2023
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Argentina / Brasil / Luxemburgo / Chile
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
Atualmente, são incomuns os filmes com três (ou mais) horas de duração nas telonas. Isso porque a metragem extensa restringe a quantidade de sessões diárias nas salas de cinema e, consequentemente, compromete a exploração comercial da obra. Portanto, sobretudo em tempos acelerados como os nossos, é digno de celebração quando algum(a) realizador(a) recebe um salvo-conduto dessa lógica de mercado e recebe mais tempo do que o habitual para desenvolver as suas tramas sem tanta correria, talvez dando condições para personagens e situações amadurecerem adequadamente. Escolhido para representar a Argentina no Oscar 2024, Os Delinquentes tem ao todo 189 minutos, mas infelizmente essa liberdade bem-vinda é utilizada de modo pouco efetivo pelo cineasta Rodrigo Moreno. A trama gira em torno de um golpe financeiro protagonizado por Morán (Daniel Elías), tesoureiro de um banco cooperativo que decide roubar mais de US$ 500 mil dólares, cumprir o mínimo de pena na cadeia e depois aproveitar o fruto da empreitada arriscada para nunca mais ter de trabalhar. Ele age sozinho, mas, depois de surrupiar a dinheirama, envolve o colega Román (Esteban Bigliardi), encarregado de guardar a quantia em lugar seguro com a promessa de ter direito à metade dela. Na verdade, Román tem pouca escolha, pois é chantageado por Morán a ser parte fundamental desse plano.
No entanto, porque Rodrigo Moreno desperdiça a liberdade de fazer um filme com mais de três horas na nossa contemporaneidade tão ansiosa, marcada pelo consumo de histórias cada vez mais curtas? Porque infla a trama com divagações e reiterações que não acrescentam muito à experiência. Na primeira parte de Os Delinquentes, temos a execução do plano, o envolvimento do cúmplice chantageado e a exploração da culpa que pressiona Román. Além disso, o banco passa por uma investigação empreendida pela funcionária da seguradora, em meio à qual salários são reduzidos, demissões são levadas a cabo e a vida dos funcionários se torna um inferno. Uma vez estabelecida essa situação no lugar que foi assaltado, o ambiente interno do banco passa a não ser mais tão importante, lá pelas tantas praticamente desaparecendo do filme, quando muito reaparecendo esporadicamente. Esse é apenas um dos tantos problemas no decorrer de uma história que tinha tudo para assumir um viés de thriller, mas que se perde em digressões pouco eloquentes e/ou interessantes. A segunda parte começa com Román se envolvendo com uma mulher no interior de Córdoba, onde seu parceiro de crime pediu para esconder o dinheiro separado a fim de garantir o futuro de ambos. Justamente a partir dessa construção (longa) do triângulo amoroso, o filme se atola nas elucubrações que o desgastam.
Grandes poderes trazem grandes responsabilidades, como diria um célebre coadjuvante das histórias em quadrinhos. E Rodrigo Prieto pega as três horas conquistadas para elaborar Os Delinquentes e enche a produção de cenas pouco vibrantes – senão como formas pouco criativas para nos informar sobre os personagens. A dinâmica de Morán na cadeia poderia criar uma situação tensa, afinal de contas ele é ameaçado pelo chefão local de agressão física se não fizer um pagamento substancial para conquistar proteção. No entanto, é o tipo de eventualidade que toma um tempo danado do enredo, numa extensão desproporcional à sua relevância para qualquer apontamento sobre um dos protagonistas e/ou os desafios por ele enfrentados no cárcere. Rodrigo Moreno flerta com a farsa em vários momentos, inclusive ao atribuir ao mandachuva da cadeia o mesmo ator que interpreta o gerente geral do banco do qual Morán fugiu por meio do gesto de contravenção. O patrão da cadeia e do banco são mais “parecidos” do que podemos imaginar num primeiro momento. Essa intenção está ali à disposição, mas não é desenvolvida, logo virando mera curiosidade. De maneira semelhantemente dispersiva, surge a lenga-lenga envolvendo a conexão de Román com Norma (Margarita Molfino), a mulher do interior com enorme potencial para estabelecer conflitos entre os sócios vistos paralelamente.
Se tem uma coisa boa em Os Delinquentes é a disposição corajosa pela quebra constante de expectativas. Espera-se que Norma acentue os conflitos entre Morán e Román, mas isso acaba não acontecendo. Nessa toada, é possível imaginar algo intenso surgindo do ecossistema bancário pós-assalto ou da turbulência doméstica que faz a namorada de Romàn pedir repentinamente (do nada) um tempo da relação. No entanto, quebrar expectativas não é uma garantia de qualidade e engajamento. Rodrigo Prieto faz um filme moroso, nem mesmo consistente do ponto de vista do desenho dos personagens. Mesmo que passemos longos minutos acompanhando as decisões, as hesitações e as atitudes de Román, por exemplo, pouco sabemos de sua personalidade ou ainda das suas concepções morais. O mesmo pode ser dito de Morán, alguém que vira uma nota de rodapé depois da introdução em que explica um plano engenhoso para se desvencilhar das obrigações trabalhistas, nem que para isso seja preciso passar alguns anos na cadeia. O flerte com a farsa aparece em instantes pontuais, como quando Román encontra desconhecidos com nomes curiosamente parecidos (Ramón, Morna, Norma e Namor – quadrinhos filmados em plano detalhe para acentuar a piada). Porém, o resultado é uma enorme e cansativa jornada por digressões que somente dilatam o tempo a partir de pouco.
Filme visto durante a 25º Festival do Rio (2023)
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Como todo clichê, esse que prega que o cinema argentino é sempre bom não passa de uma coisa muito duvidosa. Basta ver este DELINQUENTES, uma chatice que parece nunca ter fim.
Concordo em gênero, numero e grau com a crítica de Os delinquentes. Muito tempo gasto no contato com Norma e sua trupe para nada. Fiquei esperando um desfecho sensacional até porque os nomes dos cinco são escritos com as mesmas letras e não veio nada! Que decepção!
achei o filme perfeito ao que se propõe. essa ideia de querer que fosse algo que não é é bem exaustiva enquanto crítica. aceitar as coisas como são é abrir espaço para o diverso, o olhar que não se imagina e não se enquadra nos formatos esperados de construção. achei lindo que justamente o tempo extendido derivado das ações proporcionam enxergar que tudo ao longo do tempo perde relevância, querer manter o que por natureza se transforma é deixar a vida passar, é a esfera do próprio desejo. o que é a tal liberdade que se busca incessantemente? é o dinheiro que liberta? ao final ele sequer aparece...a liberdade reside aonde? o filme é sobre isso e o ilustra com enorme beleza.
maravilhoso,amei de mais vou ver de novo.
O filme faz uma abordagem de um fator presente em diversas área das nossas vidas, e muitas vezes em uma busca desesperada de fuga da monotonia , (o problema)e mudar de vida, as pessoas acabam causando conflitos ainda maiores e envolvendo mais pessoas e assim uma solução que seria única e exclusivamente da pessoa em questão,passa a depender de outros. Talvez o problema não fosse o dinheiro.
ótimo filme