Crítica
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Sinopse
Crítica
O cineasta Domingos Oliveira gosta de trabalhar entre amigos. Isso fica evidente pela quantidade de colaboradores contumazes e por conta da atmosfera festiva, independentemente do resultado, que paira sobre os filmes dele. Os 8 Magníficos possui uma produção franciscana, com a utilização de apenas duas câmeras, ligadas ininterruptamente, focalizando um seleto grupo de intérpretes brasileiros que, em meio a conversas informais e provocações diretivas, realizam uma investigação da profissão de ator. Maria Ribeiro, Fernanda Torres, Wagner Moura, Carolina Dieckmann, Sophie Charlotte, Mateus Solano, Alexandre Nero e Eduardo Moscovis passam um domingo num apartamento da Zona Sul carioca discorrendo acerca de concepções pessoais e profissionais que se interpenetram, trazendo à tona medos, admirações, inquietudes e toda sorte de questões que perpassam a arte em comum.
Embora seja legítimo o clima despojado do bate-papo, o realizador não busca extrair das interações mais do que elas apresentam espontaneamente, talvez por sentir-se satisfeito com o que acontece alheio à interferência. Se no princípio surgem platitudes que quebram um pouco o gelo, gradativamente os artistas se aprofundam nos meandros do ofício. Há uma predileção pela fragmentação efetiva da imagem, com a tela dividida ao meio, recurso expressivo em poucos instantes para justificar sua ampla utilização. No mais das vezes, esse fracionamento apenas enfraquece o quadro como um todo, já que fica evidente a qual das metades devemos prestar atenção. A trilha sonora, bem ao gosto de Domingos, possui toques eruditos, responsáveis por potencializar ocasionalmente as observações mais casuais, que dão conta de assuntos cotidianos. A pompa sonora em consonância com o tom confessional é funcional.
Com o passar do tempo, sobressai um desequilíbrio de forças. Naturalmente, Fernanda Torres, por sua experiência e eloquência, rapidamente toma conta da tela, trazendo para si a responsabilidade de iluminar o longa-metragem com suas colocações. A partícipe que mais se embrenha no jogo, tentando extrair dele algum significado aprofundado, é Maria Ribeiro, ela que chega a questionar a veracidade de seus sentimentos diante da ciência das câmeras ligadas. No lado dos homens, Wagner Moura toma a frente, com análises realmente interessadas. Infelizmente, Domingos Oliveira não aproveita a contento o discurso de outrem para produzir e/ou embasar o seu, o puramente cinematográfico. Ele se coloca, inclusive à frente do dispositivo, como uma entidade conciliadora, um pai artístico que observa seus rebentos com flagrante orgulho, absorvendo conhecimentos e, eventualmente, os doando.
Cinematograficamente falando, no plano da linguagem, Os 8 Magníficos é bastante subordinado a uma abordagem, mantendo-se fiel a ela até o seu término. A vitalidade do filme advém quase integralmente do conhecimento dos protagonistas. Dentre eles, alguns falam pouco, como Mateus Solano e, principalmente, Carolina Dieckmann, cuja beleza é saudada em texto e narração por Domingos Oliveira como “prova da inteligência de Deus”. Já outros, como os mencionados antes, funcionam ora como pilar, ora como mola propulsora. Não há, todavia, investimento considerável na expansão das coisas que as falas deflagram. O fato do conjunto ser cativante diz mais respeito à personalidade dos “entrevistados” que necessariamente à criatividade do cineasta, então destituído da obrigação de provar-se relevante. Nessa reunião, toca-se superficialmente em pontos capitais, mas imprescindíveis ao árduo ofício do ator.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 5 |
Robledo Milani | 6 |
Ailton Monteiro | 8 |
Francisco Carbone | 8 |
Bianca Zasso | 7 |
Alysson Oliveira | 3 |
MÉDIA | 6.2 |
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