Crítica
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Sinopse
Dominika Egorova é selecionada contra sua vontade para se tornar uma “pardal”, mulher sedutora treinada no serviço de segurança russo. Ela aprende a usar seu corpo como uma arma, mas luta para manter o senso de si mesma durante o processo de treinamento desumanizante. Descobrindo suas habilidades em um sistema injusto, ela surge como um dos elementos mais fortes do programa.
Crítica
Há um incômodo cheiro de naftalina em Operação Red Sparrow, menos pelo absurdo de, em pleno século XXI, ainda sermos submetidos à noção deturpada de que todo e qualquer povo fala inglês, quase como língua nativa, mais pela observação estereotipada da geopolítica, nutrida pelos estilhaços da Guerra Fria. Uma pena, pois o começo é promissor. Dominika (Jennifer Lawrence) é a prima donna do Bolshói, a mais conhecida e prestigiada companhia de balé do mundo. A montagem paralela inicial mostra uma performance no palco em alternância com o que parece uma operação de espionagem internacional, levada a cabo por Nate (Joel Edgerton), agente da CIA que coleta informações de um infiltrado no alto escalão do governo russo. Ambas ações terminam em eventos fatídicos, sendo o mais significante deles a lesão que inviabiliza permanentemente a carreira da jovem nos palcos. Cooptada por seu tio Vanya (Matthias Schoenaerts), ela aceita, primeiro, uma suposta missão de garimpo de dados e, segundo, entrar para um programa árduo de treinamento a fim de tornar-se um soldado.
Até o alistamento de Dominika, Operação Red Sparrow respira os ares da homenagem, obviamente fazendo alusão constante aos exemplares norte-americanos que pipocavam nos anos 80, tendo como mote exatamente a disputa de nervos com a Rússia. Contudo, o processo de reeducação da protagonista, uma quebra no fluxo político que movimenta as peças desse jogo escuso, evidencia uma perspectiva que segue alimentada por preconcepções ultrapassadas, porém deixando de lado o pastiche, assumindo, então, para si um discurso que soa demasiadamente anacrônico. Uma coisa é assistir a um filme da época, contextualizando suas ideias de acordo com os pensamentos vigentes. Outra é corroborar visões deturpadas para favorecer a (re)construção de um imaginário dos Estados Unidos como guardiões da paz mundial, enquanto seus adversários se comportam como autômatos teleguiados. A personagem de Charlotte Rampling personifica o russo frio e calculista, opondo-se em comportamento aos estadunidenses que demonstram piedade e misericórdia, vide Nate.
Jennifer Lawrence é grande parte do atrativo de Operação Red Sparrow, em virtude de seu entendimento humano dessa menina obrigada a virar espiã para ver preservado o tratamento da mãe de saúde debilitada. Vanya, assim como todo russo proeminente que aparece no longa-metragem, é um sujeito pragmático no limite da desumanidade, que força a própria sobrinha a embrenhar-se no submundo das negociatas, barganhas e extorsões para ver o plano do governo russo triunfar. A partir do envolvimento de Dominika e Nate, passa a imperar um exercício de dissimulações, pretensamente para conservar a instabilidade acerca da lealdade da protagonista, ou seja, para questionar a quem ela serve. O diretor Francis Lawrence, porém, lança mão de uma encenação fragilizada pela inconsistência do mistério. Também há incongruências, como a utilização de disquetes para armazenar dados confidenciais, numa realidade perfeitamente identificada com a atualidade, haja vista a presença de smartfones e a menção à influência global e decisiva das mídias sociais.
Operação Red Sparrow estende mais que o necessário o “gato e rato”, instigando-o com essa mirada obsoleta e patriótica até não poder mais. Nate possui sentimentos, se importa com o destino dos informantes, colocando a pele em risco para protegê-los. Para cada ianque como ele, há dúzias de figuras como a instrutora empenhada em fazer dos recrutas um bando de assassinos sem identidade, ou mesmo o torturador de métodos heterodoxos. Há diferença brutal entre fazer uso da visão tipificada do passado e endossá-la. Francis Lawrence, aqui, se insere na segunda categoria. Além disso, o desenvolvimento do labirinto de intenções é articulado de maneira trôpega, com poucas sutilezas, o que determina a frouxidão vigente. Jennifer Lawrence se entrega ao papel, inclusive fisicamente, num filme antecipadamente comentado pela pressuposta coragem de mostrar astros e estrelas nus, o que é meia verdade, para dizer o mínimo. Seria melhor se esse cenário simplista, no qual norte-americanos e russos antagonizam de forma tão maniqueísta, tivesse ficado lá nos anos 80.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 4 |
Yuri Correa | 7 |
Roberto Cunha | 8 |
Robledo Milani | 6 |
Adriana Androvandi | 6 |
Bianca Zasso | 3 |
Francisco Carbone | 6 |
MÉDIA | 5.7 |
Assisti hoje, que filme ruim, inacreditável alguém ter dado 8 nessa lorota.
Um dos melhores filmes do ano, pena que não teve o reconhecimento que merecia. Um filme foda, com roteiro e atuações magnificas. Vale cada segundo. FRASE QUE RESUME O FILME: “Todo ser humano é um quebra-cabeça de carência. Se você virar a peça que falta, ele lhe contará qualquer coisa”. Eu li algumas críticas nacionais, e só de ler me sentia decepcionado com o filme. E ao assistir tive a impressão de ver o inverso que foi apontado nas resenhas de sites e blog's nacionais. Não achei longo, não achei arrastado e muito menos como se fosse 50 tons de cinza. Do jeito que falavam parecia que o filme só tinha trepação sem fim. Uma pena que grande parte destes críticos não tenham conseguido imergir no enredo do longa. É um filme de espionagem bem sexy e totalmente sem pressa, mas que conseguiu me surpreender. Jennifer está afiadíssima, incorporou muito bem a personagem até no sotaque. E fato que o filme possui um viés ideológico bem forte e presente e acaba se posicionando de forma clara. Por exemplo, ai como os americanos são bonzinhos, eles se importam com as pessoas. Tecnicamente é bom, tem bons momentos. Mas, tinha potencial para mais. Nota: 6,0