Crítica


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Sinopse

Nenê Garcia, diretor de teatro, convoca pelo jornal atores e atrizes para sua peça teatral. O elenco é dividido em vários grupos e apresentam trabalhos improvisados. Começa, então, uma fase de laboratórios coletivos e cada um vai colocando para fora seus demônios.

Crítica

Exercício de metalinguagem que se vale do teatro e da pseudo-seleção de atores para uma peça experimental, Oh Rebuceteio, filme de Cláudio Cunha, é uma manifestação muito mais explícita e pornográfica da Pornochanchada, para isso se valendo da nudez dos intérpretes de maneira mais visceral do que todo o repertório dos filmes da Boca do Lixo, por exemplo, ao menos até então.

O erotismo é bastante agressivo e os pretextos para tal são os métodos de Nenê Garcia (Claudio Cunha), inventivo diretor que busca uma apresentação dramática sem precedentes, sem script, texto prévio ou formatação de elenco. O realizador conta somente com um corpo de atores jovens, belos e com a libido aflorando. Cada ensaio e conversa com o casting serve como uma ode à liberação sexual, que usa a libertinagem e a anormalidade para referenciar a revolução sexual que ainda não tinha alçado o Brasil em meio aos Anos de Chumbo.

A câmera segue Letícia Gouveia (Eleni Bandettini), menina muito bonita que tem o total apoio de sua mãe na tentativa de se tornar uma estrela diante da opinião pública. A conversa que deflagra isso ocorre com a garota saindo do banheiro, muito à vontade acompanhada de sua nudez, não se constrangendo nem em frente das câmeras.

O longa-metragem busca estar entre uma versão de Garganta Profunda (1972) e O Império dos Sentidos (1976), embora seu argumento não esteja nem perto da qualidade dos dois clássicos, assim distantes demais inclusive da opinião positiva da crítica de cinema especializada da época. Falta estofo para o roteiro da produção, e a tentativa de emular a condição de falta de conteúdo imitando a peça de Nenê soa oportunista, não chegando nem perto de imprimir no filme em si essa condição.

Os closes vaginais e a variedade de formas de coito soam gratuitos, apenas como uma miscelânea de possíveis posições, como uma paródia do Kama Sutra. Nenê mira no visionário, só atingindo o posto de artista sem um norte, que esconde a falta de conteúdo com uma conversa técnica sem sentido e “viajandona”, piorando e muito ao banalizar questões como o sexo com infantes. Oh Rebuceceteio choca, mas apresenta pouco em seu final, perdendo uma boa oportunidade de desmontar o discurso moralista e conservador.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é Jornalista, Escritor e Editor do site Vortex Cultural (www.vortexcultural.com.br). Quer salvar o mundo, desde que não demore muito e é apaixonado por Cinema, Literatura, Mulheres, Rock and Roll e Psicanalise, não necessariamente nessa ordem.
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