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Sinopse

Brent Corrigan, também conhecido como Sean Paul Lockhart, é uma estrela do mundo pornô gay. Apesar da ascensão rápida, as coisas começam a mudar quando o ator decide trabalhar por conta própria. A partir daí, dois produtores vêem em Corrigan uma oportunidade de lucrar e alavancar a carreira na indústria pornográfica, e fazem de tudo para não perderem esta chance.

Crítica

O começo de King Cobra, novo filme de Justin Kelly, se utiliza de uma câmera intrusiva, manipulada por Stephen (Christian Slater), um fotógrafo que trabalha registrando os momentos importantes das famílias conservadoras, mas que prefere investir seu tempo com outro tipo de conteúdo. A cena em questão enquadra Brent Corrigan (Garrett Clayton), um garoto que está fazendo um book – na verdade, um vídeo portfólio – para se lançar como ator de filmes adultos voltados para o público homossexual.

Kelly consegue flagrar de maneira não didática a rápida ascensão do artista, soando ligeiramente menos caricato do que em seu filme anterior, Eu Sou Michael (2015), que recebeu duras e justas críticas por soar homofóbico e pró-cura gay. A abordagem neste King Cobra não deixa dúvidas, uma vez que escolhe o lado de Sean Paul Lockhart para demonstrar sua história, mas carece de um apreço melhor do roteiro, que por vezes, passa rápido demais sobre temas espinhosos.

O cinema de Kelly ainda é pouco experimentado, e divide opiniões junto à crítica de cinema especializada, uma vez que se dedica a dar voz às minorias. A questão é que outros tantos diretores também dedicam suas carreiras e repertórios em torno da causa LGBT, normalmente com um conjunto de nuances mais amplo, ao contrário do visto nesse episódio. Os nomes de alguns personagens biográficos são reduzidos, a exemplo do Stephen de Christian Slater (que é o produtor de filmes pornôs Bryan Kocis) e o Joe de James Franco (outro produtor, Joseph Kerekes), mas mesmo não se destacando as alcunhas reais dos mesmos, não se investe em gravidade ou profundidade de atuação. O que é uma pena, uma vez que havia potencial não só dos veteranos atores, como também da história verídica em si.

O destaque positivo vai para Harlow Cuadra, muitíssimo bem vivido por Keegan Allen, quem transcende seu papel visto na série Pretty Little Liars (2010-). Cuadra é também uma estrela pornô, casado com Joe e que vê Brent como uma figura de alta rivalidade. O passado obscuro do mesmo esconde um abuso parental, fato que é mencionado, porém não aprofundado no argumento. Aos poucos, o personagem ganha mais destaque, em especial após o polêmico litígio entre o protagonista e seu antigo mentor.

O crime que motivou tanto a biografia Cobra Killer: Gay Porn, Murder, and the Manhunt to Bring the Killer to Justice, de Andrew E. Stoner e Peter A. Conway, quanto o roteiro que Kelly escreveu é mostrado de um modo visualmente grave e até interessante no filme, mas as consequências são exploradas de modo raso, assim como quase todo o drama deste King Cobra. Os méritos estão em algumas boas participações, como as já citadas de Allen e o casting de Garrett Clayton, que estava acostumado a fazer programas infantis como Teen Beach (2013) e Elephant Kingdom (2016), se dedicando, enfim, a um papel sem restrições morais ou conservadoras. Ainda assim, é pouca a exploração do cenário, mediante ao forte potencial de escracho com a hipocrisia típica do americano médio, resultando em mais um longa-metragem do diretor abaixo da mediocridade.

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é Jornalista, Escritor e Editor do site Vortex Cultural (www.vortexcultural.com.br). Quer salvar o mundo, desde que não demore muito e é apaixonado por Cinema, Literatura, Mulheres, Rock and Roll e Psicanalise, não necessariamente nessa ordem.
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