Crítica


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Sinopse

Após a destruição total do território dos EUA, Fin Shepard, April Wexler e a bartender Nova precisam unir suas forças mais uma vez. Juntos tentarão impedir uma catástrofe mundial, causada por um "sharknado" de proporções nunca antes vistas.

Crítica

Após quatro episódios em longa metragem, a franquia Sharknado retorna às telas do canal Syfy, ainda produzida pela Asylum com a mesma canastrice de sempre, mas dessa vez num exemplar piorado, por levar-se a sério demais em alguns pontos. Em Sharknado 5: Voracidade Global,  Nova (Cassandra Scerbo) se torna estudiosa e arqueóloga. Ela descobre um mistério envolvendo uma presa de Megalodon, referência clara a outra saga da Asylum, a cinessérie Mega Shark. Então, chama Fin Shepard (Ian Ziering) e os dois fazem uma gracinha, parodiando os filmes das sagas Indiana Jones e Missão Impossível, enquanto se aventuram numa caverna localizada abaixo de Stonehenge.

A farofada em que se tornou Sharknado é exemplificada na participação especial do cantor Brett Michaels, ex-integrante da banda de hard rock poser Poison, e finalmente justifica toda a ranzinzice da crítica de cinema especializada. A família comandada pelo ex-Barrados no Baile Ian Zeiring segue viva, com a esposa April (Tara Reid) e seu caçula Gil (Billy Barrett) vivendo em busca de novas aparições de sharknados. Depois de eventos genéricos, o filme toma atitudes bastante audaciosas, primeiro, efetuando uma operação na esposa do herói, parecida com a do Robocop, segundo, indo ao Rio de Janeiro, em sets que imitam Cuba, valendo-se do CGI mais ordinário da saga, mostrando os cartões postais da Cidade Maravilhosa, além de referências muito genéricas nos cartazes que anunciam bares, farmácias e igrejas. O cúmulo disso são as camisas de futebol, penduradas num estabelecimento, com os números 76, 83 etc. Como se a seleção canarinho tivesse à disposição uma numeração semelhante a dos times da NFL.

Ainda há a participação do ator e comediante Victor Lamoglia, do canal da internet Parafernalha (mais conhecido por ser namorado de Thati Lopes, do Porta dos Fundos). Ele aparece pouco. Aliás, a caracterização quase o faz parecer outra pessoa. Não há uma fala sua em português, fator que nos faz questionar o porquê de ter um ator brasileiro no longa-metragem de Anthony C. Ferrante. Na primeira hora e meia de filme, ocorrem varias viagens pelo mundo e mais ataques dos tornados repletos de tubarão. No entanto, a sensação é a de que os personagens que vivem suas desventuras ali são apenas bonecos nas mãos de crianças sem criatividade. Não há mais tiradas engraçadas ou participações espirituosas de pseudo-famosos, ao contrário. Há tempo demasiado com jornalistas da direita raivosa norte-americana, em especial os da Fox News.

Há mais esforço para encaixar referencias bobas, como easter eggs sobre Godzilla e Pokémon GO, do que esforço para divertir genuinamente os fãs do cinema trash. O intervalo de um ano entre os episódios da franquia não parece ser suficiente a fim de se gestar boas ideias. Para piorar, o movimento, que já ocorria em outros anos, que é o de levar a trama para um campo de maturidade que claramente não é o do filme, aqui se amplifica. As perdas familiares de Fin não são para ser levadas a sério, não num filme que tem por premissa o ataque de tubarões de CGI inconsistente, cujos clichês preenchem a maior parte da trama.

O maior dos pecados de Sharknado 5: Voracidade Global certamente é o fortalecimento do discurso de Donald Trump e de seus amigos do partido republicano. Há a pachorra da utilização da frase “make the world great again”, proferida pela boca do herói da jornada, Fin Sheppard, numa alusão que deveria ser engraçada, mas que soa propaganda do político de extrema direita. É uma pena que um filme prestado a ser somente jocoso entregue seu potencial de fazer troça ao exercício disseminador de um governo que basicamente se dedica a perseguir minorias. Não há muito como defender o trabalho dos produtores, só há mesmo o que lamentar pela canastrice exacerbada e as fúteis tentativas de cliffhanger que ocorrem próximo da chegada dos créditos finais. Eventos nada criativos marcam os esforços de tentativa de reavivar o interesse na saga. A criatividade dificilmente retornará ao ideal de Sharknado.

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é Jornalista, Escritor e Editor do site Vortex Cultural (www.vortexcultural.com.br). Quer salvar o mundo, desde que não demore muito e é apaixonado por Cinema, Literatura, Mulheres, Rock and Roll e Psicanalise, não necessariamente nessa ordem.
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