Crítica
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Sinopse
Professora de uma turma situada na zona rural do México está determinada a fazer a diferença na vida dos alunos.
Crítica
Antes de mais nada, é preciso apontar que, diferente do que o material de divulgação indica, a trama de O Último Vagão não é a história de uma pedagoga obstinada. Apesar da presença da “maestra” presente no cartaz ser, de fato, importante, o longa fala mais sobre família e políticas públicas do que uma possível transformação por meio da relação aluno e mentor. A tarefa da instrutora, aqui, é a mais básica que ela poderia oferecer: ensinar a ler. Entretanto, o argumento dos responsáveis parece confortável em oferecer o mínimo, com pouquíssimas ferramentas para uma praticável renovação.
No enredo, logo descobrimos que o pequeno Ikal (Kaarlo Isaac) é quem nos conduzirá nessa jornada. Filho de uma dona de casa com enfermidades respiratórias e de um pai operário dos trilhos de trem do interior do México, ambos analfabetos, ele vive os dias brincando com amigos num vilarejo desabastecido. A rotina do garoto é modificada quando conhece a professora Georgina, que convence os pais do menino a permiti-lo tomar aulas de instrução acadêmica básica. A experiente educadora, que leciona em um vagão abandonado, é interpretada pela imponente Adriana Barraza, indicada ao Oscar por Babel (2006), sob a hábil direção de Alejandro G. Iñárritu. Mas distinto de seus trabalhos mais antigos, aqui, a constituição do papel escrito para Adriana é fiel a filmes como O Menino que Descobriu o Vento (2019) e Milagre na Cela 7 (2019). Em comum, tais obras exploram a emoção como principal veículo das mensagens. Se não, vejamos: Georgina está ficando cega, é muito pobre, perdeu os entes queridos mais próximos e detém pouquíssimos, e antiquados, instrumentos que possam lhe auxiliar em palestras. Os ingredientes estão dispostos, basta misturar.
Esse composto acontece de forma cristalina e alternada. Mais da metade da minutagem é ocupada por aventuras do garoto Ikal, que quer, sim, aprender a ler, mas também se divertir com os amigos, brincar com seu cãozinho Quetzal e conhecer o circo, mas principalmente ficar mais próximo de sua paixão juvenil: a simpática Valeria (Frida Cruz). Essas e outras sequências são entrecortadas por ensinamentos rápidos e convenientes da orientadora, dotados de uma trilha sonora comovente, é claro. Tal combinação promove o desenvolvimento da personagem que supera todas as probabilidades e faz o espectador cair em lágrimas a cada aprendizado dividido.
Adotando maneirismos, o diretor Ernesto Contreras - que possui passagens pelos festivais de Cannes e Sundance com Párpados Azules (2007) - a partir do roteiro de Javier Peñalosa (O Eterno Feminino, 2017), substitui a aproximação e o aprofundamento do drama pelo simples sentimento de pena. Mas não há como negar, Barraza é uma daquelas atrizes nobres, que ocupam cada instante dos cenários em que surgem, carregando, se preciso, o filme nos ombros. Sendo, notoriamente, a estrela maior da empreitada, se destaca com facilidade, encantando qualquer observador.
No terceiro ato, a narrativa deságua na ambição de viabilizar uma grande surpresa que unirá passado e futuro, andando em círculos para ocupar espaços até sua chegada. Essa elaboração surtirá pouco, ou quase nenhum, efeito prático, meramente reafirmando a ideia de que estamos num looping de mudanças sociais que não ultrapassam a barreira do essencial e apenas confirmam a dependência dos frágeis aos poderosos. Poderia O Último Vagão ir além e reforçar seus coadjuvantes para uma melhor experiência, mas se conforma numa mescla entre a comoção pedagógica e uma busca utópica.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 5 |
Francisco Carbone | 4 |
MÉDIA | 4.5 |
Esse filme é bom para assistir com a família Assisti com meu professor de Matemática e meus amigos, todos amamos muito esse filme
Olá, Betty! Obrigado pela correção. Está feita. E fique à vontade para futuros apontamentos. São sempre bem-vindos por aqui.
Meu comentário não tem a ver com o conteúdo do texto, mas com um probleminha de sintaxe: ... "a trama de O Último Vagão não se trata da história de uma pedagoga obstinada." "Tratar-se de" tem sujeito indeterminado, obrigatoriamente. Ou você diz "a trama de O Último Vagão não é a história de uma pedagoga obstinada", ou "Não se trata da história de uma pedagoga obstinada. A trama de O Último Vagão etc.". É uma cruzada meio inglória, essa de tentar convencer as pessoas de como as coisas devem ser escritas. Por via das dúvidas, deixo aqui um link que explica melhor do que eu: http://www3.uol.com.br/qualidadeconteudo/portugues/2009/12/07/ult2781u1093.jhtm
Ah que filme tão sensível, delicado, exuberante na humanidade que expõe e sobretudo um elogio emotivo à quem professa a profissão-professor... Me vi criança, na ingenuidade do brincar, na precariedade da pobreza de outrora, no alento e na fatalidade familiar, no encanto de ser escola e no amor por estudar, me vi professor, agarrado no tanto acreditar, fazendo de cada dia letivo um verso novo e bonito, conjugando o verbo "ESPERANÇAR". Me vi um sentimento infinito, superlativo e natural. Uma catarse irreparável pela infância do menino Ikao. A cada cena um suspiro de amor, reflexo, simplicidade e crença absoluta na educação! Caminhante, caminhada, caminhei... Assista e dilua suas memórias afetivas como eu mergulhei. #DicaDeFilme #OúltimoVagão #NetFlix #Direção #ErnestoContreras #México #Educação #SerProfessor #Filme #ProfessorTiagoOrtaet #Escola #AprofissãoMaisLindaDoMundo