Crítica
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Sinopse
Oito homens estão passando por uma crise de identidade. Eles são incapazes de expressar seus sentimentos e expõem seus relacionamentos com as mulheres por meio do humor e do sarcasmo.
Crítica
A expressão idiomática do título original – una pistola en cada mano, ou seja, uma pistola em cada mão – muito antes de fazer referência a uma prática do Velho Oeste diz respeito ao dito popular de que os homens, quando o assunto é sexo, agem mais de acordo com o instinto do que com a razão. Em resumo, estão sempre prontos para a ação. Porém, como é sabido, todo clichê é apoiado nos exageros, e estes não se reproduzem com tanta facilidade. É mais ou menos por essa linha que se desenham as múltiplas tramas da obra circular O Que os Homens Falam, longa espanhol de 2012 que chega ao Brasil com dois anos de atraso impulsionado basicamente pela atual popularidade do argentino Ricardo Darin, um dos tantos nomes de destaque do elenco.
Ainda que Darín seja responsável por uma das melhores histórias de O Que os Homens Falam, ele não está sozinho para defender esse filme cujo principais pontos de atração estão, justamente, nos atores presentes para defender episódios, em sua maioria, cotidianos e donos de poucas surpresas. Longe da persona ranzinza ou eficiente em que nos acostumamos a vê-lo em seus trabalhos de maior sucesso, Ricardo Darín aparece como um homem certo de estar sendo traído pela esposa. Sentado em uma praça diante do edifício em que ela se encontra com o amante, ele encontra por acaso um conhecido (Luis Tosar, de Segunda-Feira ao Sol, 2002), com quem começa a conversar e dividir suas inseguranças. Se lá pela metade do enredo é possível adivinhar sua conclusão, está na performance dos dois o motivo para o espectador manter o interesse em alta.
Basicamente é desse modo que se desenvolvem quase todos os momentos de O Que os Homens Falam: com muita conversa e pouca ação. Tem-se em cena oito personagens masculinos, praticamente todos em crise – uma situação mais comumente associada às mulheres – e em relacionamentos instáveis e inseguros de suas condições. Dois amigos (Leonardo Sbaraglia, de Plata Quemada, 2000, e Eduard Fernández, de A Pele que Habito, 2011) se reencontram após muitos anos na entrada de um edifício, um saindo do consultório do psiquiatra, o outro chegando para uma consulta com o advogado do seu divórcio; um pai de família (Javier Cámara, de Os Amantes Passageiros, 2013) leva a filha para casa e, ao chegar, decide reconquistar a ex-esposa, de quem se separou há mais de um ano; o jovem jornalista (Eduardo Noriega, de O Último Desafio, 2013) convida uma colega de trabalho para sair, ainda que seja bem casado e tenha recentemente se tornado pai, e recebe como resposta uma proposta boa demais para ser verdade; e, por fim, dois amigos (Jordi Mollà, de Riddick 3, 2013, e Alberto San Juan, de O Outro Lado da Cama, 2002) seguem para a mesma festa, porém por caminhos diferentes, e no trajeto um encontra com a esposa do outro, motivando revelações íntimas que, uma vez ditas, não poderão ser esquecidas.
Ao término de O Que os Homens Falam, a impressão é que de acordo com o ponto de vista do diretor e roteirista Cesc Gay os homens, assim como as mulheres, não são muito diferentes entre si em suas intimidades. Os relatos aqui apresentados são pequenas fábulas morais que apontam para obviedades pouco surpreendentes, porém abordadas com sensibilidade e cuidado. Medo da solidão, despreparo com o sexo oposto, desequilíbrio entre a vida profissional e a familiar, inadequação social e pouca familiaridade com os próprios sentimentos são alguns dos elementos comuns a quase todas as passagens, que se salvam de soarem redundantes apenas pelo talento coeso do conjunto aqui reunido. Mais curioso do que necessariamente pertinente, é um filme válido por muitos motivos, ainda que não o seja pelos mais óbvios.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Alysson Oliveira | 6 |
MÉDIA | 6 |
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