Crítica


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Sinopse

Um xerife, membro da força policial do estado do Texas, investiga uma sucessão de mortes inexplicáveis. Entretanto, sua tarefa pode não ser tão fácil na pequena cidade de Helena.

Crítica

É possível que um gênero atinja o seu ápice? A resposta para essa dúvida é difícil, mas talvez o exemplo mais claro de um tipo de filme que hoje se tornou cópia das cópias seja o faroeste. Não apenas porque os diretores que sabiam filmar pradarias como ninguém não mais estão entre nós, mas porque, por mais criativo que seja o roteiro ou ousada a câmera, tudo parece já ter sido visto em outros tempos. O Duelo, dirigido pelo australiano Kieran Darcy-Smith, deixa claro desde a sua abertura que pretende ser um clássico. Não se pode culpá-lo por sonhar alto, já que essa vontade é o que garante o ritmo da história.

David Kingston (Liam Hemsworth) é um Texas Ranger, defensor da lei ligado ao governo, mas que institui suas próprias regras para capturar bandidos. Em seu passado, ele tem a lembrança do duelo entre seu pai e o misterioso Abraham Brant (Woody Harrelson), um líder religioso que prega o ódio aos mexicanos em plena fronteira. O primeiro elemento que remete ao desejo de O Duelo de ser um clássico está na apresentação do personagem de Harrelson. Numa briga de facas na chuva contra o pai do então pequeno David, Abraham não poupa o adversário e a lama onde o embate ocorre ganha poças vermelhas de sangue. Tudo isso mostrado em contra-plongée e com uma trilha sonora épica ao fundo.

A intenção de grandiosidade irá se diluir ao longo da trama, mas por um bom motivo. A aparente simples vingança da morte do pai por um filho fica em segundo plano do meio para o final de O Duelo e a atmosfera que surge é fantasmagórica, fazendo lembrar de grandes produções do faroeste que também colocaram um pé no horror, como Um Homem Chamado Cavalo (1970), de Elliot Silverstein, e O Estranho Sem Nome, de Clint Eastwood. Abraham afirma ver o futuro e curar doentes, mas David sabe que isso não passa de enganação. Só que não será apenas à bala que ele terá de resolver as coisas. Sua esposa, Marisol, interpretada pela brasileira Alice Braga, cai no feitiço do suposto guia espiritual e David precisa lutar sozinho. É o conflito que faz com que o suspense, que até então imperava nos movimentos de câmera e nas atuações, dê lugar à ação propriamente dita.

Ao público mais acostumado aos faroestes, sejam os clássicos ou os revisionistas, o início de O Duelo parece lento demais, quase um drama existencial ambientado no Texas. Mas, assim como as armas que precisam de um tempo para ter seus gatilhos movidos, o filme prepara o terreno para garantir um duelo final empolgante e até poético, que deixaria nomes como o do diretor Anthony Mann orgulhosos. O filme pode não se perpetuar na memória dos cinéfilos ou, daqui algumas décadas, integrar alguma lista de melhores faroestes já realizados. Mas uma coisa é certa: o gênero considerado por André Bazin como o cinema norte-americano por excelência não está morto. Apenas realiza um sono recompensador de tempos em tempos.

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é jornalista e especialista em cinema formada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Com diversas publicações, participou da obra Uma história a cada filme (UFSM, vol. 4). Na academia, seu foco é o cinema oriental, com ênfase na obra do cineasta Akira Kurosawa, e o cinema independente americano, analisando as questões fílmicas e antropológicas que envolveram a parceria entre o diretor John Cassavetes e sua esposa, a atriz Gena Rowlands.
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