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Sinopse

Agora que deixou para trás a vida de super crimes para criar Margo, Agnes e Edith, o ex-vilão Gru, o Dr. Nefario e os Minions têm tempo de sobra. Assim que começa a se adaptar ao seu novo papel de homem de família, uma organização ultrassecreta dedicada a combater o mal no mundo bate à sua porta. Agora, cabe a Gru e sua nova parceira, Lucy Wilde, descobrirem quem é responsável por um crime espetacular e trazê-lo à Justiça.

Crítica

Lançado em 2010 com uma baixa expectativa – afinal, esta uma produção assinada pela novata Illumination Entertainment, que depois realizaria outro sucesso do gênero, O Lorax (2012) – Meu Malvado Favorito deixou todo mundo boquiaberto com o seu desempenho, tendo arrecadado nas bilheterias de todo o mundo um valor de quase dez vezes o seu orçamento, que foi de US$ 69 milhões. A combinação de um personagem aparentemente do mal que tem direito a um final feliz ao lado de três adoráveis órfãs deu tão certa que uma continuação seria inevitável. E é exatamente isso que temos em Meu Malvado Favorito 2 – mais do mesmo. Infelizmente, a graça e a originalidade do longa anterior ficaram para trás, e o que restou foi apenas as mesmas tentativas de replicar piadas há muito já conhecidas.

Novamente sob a direção da dupla Chris Renaud e Pierre Coffin, Meu Malvado Favorito 2 mostra o protagonista Gru (Steve Carell na versão original, Leandro Hassum na dublagem em português) levando uma vida praticamente normal, ao lado das filhas e dos pequenos Minions, os monstrinhos amarelos que roubam a cena a cada nova aparição. A calmaria acaba quando Lucy (Kristen Wiig nos EUA, Maria Clara Gueiros no Brasil) aparece para convocar Gru para uma nova missão. Vilão convertido, ele deverá ajudá-la a encontrar um novo bandido que está causando sérios problemas. Ao mesmo tempo em que volta aos seus planos mirabolantes, ele precisará enfrentar situações bem mais domésticas, como o primeiro namorado da filha mais velha e a insistência das pequenas para que ele próprio arrume uma companheira.

Usando uma fórmula de subverter expectativas que desde A Família Addams (o seriado é de 1964) vem funcionando à contento, Meu Malvado Favorito 2 carece de propostas mais originais, que fossem além do que já fora visto no primeiro filme da série, para garantir o interesse de uma faixa maior da audiência. Do jeito que se apresenta, a trama simples, sem grandes reviravoltas, e os personagens rasos, sem objetivos mais elaborados, deverão agradar somente aos mais pequenos, e olhe lá. Se há algo realmente engraçado são os Minions – tanto que o próximo projeto da produtora é um longa exclusivo com os pequenos, previsto para 2014. Assim como foi com os pinguins de Madagascar (2005) ou com o esquilo Scrat de A Era do Gelo, estes coadjuvantes engraçadinhos são muito mais divertidos do que o protagonistas, e lá pelas tantas nos pegamos desejando a volta deles, ansiosos por suas próximas trapalhadas, sem dar muita atenção ao que se passa com os personagens principais.

Meu Malvado Favorito 2 enfrentou problemas também na sua pós-produção, quando o astro Al Pacino se desentendeu com os realizadores e abandonou o projeto, ainda que já tivesse gravado toda a sua participação como o vilão El Macho (no Brasil, ouvimos a voz do cantor Sidney Magal, que volta aos desenhos animados após Happy Feet, 2006). Como, após ter aparecido pagando mico em Cada um tem a Gêmea que Merece (2011), Pacino não tem mais desculpas para alegar “diferenças criativas” – afinal, pelo que vimos, ele tá aceitando qualquer coisa – é de se perguntar o que teria acontecido para ser substituído pelo irrelevante Benjamin Bratt.

Para os brasileiros, no entanto, esse é um porém menor, dentre tantos que o longa apresenta. Meu Malvado Favorito 2 é decepcionante, desperdiça um ambiente familiar cativante – a tentativa de formação do casal é quase invisível dentre tantas artimanhas sem sentido – e incorre na falha mais grave que um longa do gênero pode apresentar: falta de graça. E quando a situação é essa, nem toda a boa vontade do mundo pode resolver.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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