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Sinopse

Em meio aos pinguins imperadores, cantar é imprescindível para ser alguém. Mano se inquieta justamente porque não tem uma boa voz, o que pode determinar um futuro de ostracismo. Mas, ele sabe dançar, talvez como ninguém.

Crítica

Uma das animações mais adoráveis da última temporada é Happy Feet: O Pinguim. E o mais curioso a respeito dela, e provável causa dos seus méritos inovadores, é que esta produção não vem de um estúdio tradicional no gênero, além de ser a estréia de um veterano realizador neste universo "animado". Produzido pela Warner Bros., dirigido por George Miller e com roteiro de John Collee , este filme conseguiu se sair bem tanto junto à crítica quanto com o público, mesmo provido de tão pouca expectativa. Apesar de ter tido um custo relativamente alto, US$ 85 milhões, só nos Estados Unidos arrecadou nas bilheterias quase US$ 200 milhões. Isso sem falar das indicações ao Oscar, ao Bafta, ao Satélite de Ouro e ao Globo de Ouro de Melhor Longa de Animação do Ano e da vitória, também no Globo, de Melhor Canção Original (The Song of the Heart, do Prince).

Happy Feet conta a história de Mumble, um pinguim que nasce com um dom especial - e com isso, um problema. Apesar de não saber cantar, como todos os iguais da sua espécie, ele possui uma incrível habilidade com os pés, tornando-se assim excelente sapateador. O drama que enfrenta é que, para conquistar uma companheira, os pinguins-imperadores fazem uso do canto como arma de sedução. Mumble até tenta uma nova tática - o sapateado - mas o preconceito dos demais acaba por lhe expulsar do grupo. Os anciões acreditam que são mudanças como a que ele propõe que estão causando a falta de alimentos naturais. Mas nosso herói tem outra teoria: não seriam "alienígenas" (os seres-humanos) os responsáveis por esta nova condição? Sozinho, ele parte em busca de uma resposta, numa jornada em que irá se deparar com novos amigos, muitos perigos e descobertas e feitos até então inimagináveis para um pequeno pinguim.

Se os talentos apresentados na dublagem original são um caso à parte - estão, entre as vozes famosas, nomes como Elijah WoodHugh JackmanNicole Kidman e Brittany Murphy - o destaque, assim como foi em Aladdin (1992), da Disney, ou em Robots (2005), da Fox, é Robin Williams, que aqui se supera mais uma vez ao se desenrolar em dois personagens: o histriônico Ramón e o mítico Lovelace. Ele consegue construir duas personalidades distintas, e ambas igualmente envolventes. E como Happy Feet é um 'semi-musical', Williams consegue ainda demonstrar seus dotes vocais, tendo como ponto alto a versão latina de My Way, do Frank Sinatra. Murphy, em Somebody to Love, do Queen, e o dueto entre Jackman e Kidman em Kiss, do Prince, também são bem marcantes. Outro ponto bastante positivo é o engenhoso roteiro, que apesar de um pouco longo e repleto de reviravoltas, consegue transmitir uma poderosa mensagem através de muito bom humor e aventuras vertiginosas, sem nunca chegar a cansar, ou pior, aborrecer o espectador.

Ficamos grudados na tela a cada instante, e toda nova situações proposta pelo enredo aumenta a tensão e o consequente prazer em sua resolução. Visualmente impecável, com uma perfeição digital assustadora, possui ainda ação ininterrupta, de tirar o fôlego de qualquer um. Happy Feet parece ser mais um produto bem embalado para o público infantil, mas é muito mais do que isso: é uma grande lição de humanidade e consciência ecológica, numa história de amor encantadora.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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