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Sinopse

Após ser expulso de onde vivia e deixado no deserto para morrer, o ex-policial Max está sozinho e sem seus suprimentos, que foram todos roubados. Com todas as formas de tecnologia que ainda funcionam sendo roubadas por barbários, Max precisa lutar para sobreviver e, agora, resgatar um grupo de crianças que encontrou em seu caminho.

Crítica

Quando Mad Max (1979) estreou nos cinemas, o choque – positivo – foi grande. Diretamente importado da Austrália, nascia ali um herói legítimo, sedento de justiça, mas que sofria na carne os males desse desejo, algo bem diferente da tradição, digamos, daquele personagem intocável que até então era mais comum nas telas. O sucesso foi uma consequência natural, assim como a criação de sequências, Mad Max 2: A Caçada Continua (1981) e esse Mad Max: Além da Cúpula do Trovão. Se no primeiro, o cenário que se descortinava era o da sociedade sem futuro caminhando para a destruição, o segundo já era apocalíptico, enquanto que o terceiro apresentava mensagens paralelas, como a luta pelo poder e um toque um tanto quanto messiânico.

Após ter seu veículo roubado, Max (Mel Gibson) acaba conhecendo uma cidade dividida entre dois líderes, a Titia (Tina Turner) que determina as leis locais, e Master Blaster, que controla a geração de energia para todos. Determinado a recuperar seus bens, ele aceita participar de uma luta sem regras na tal Cúpula do Trovão, espécie de gaiola onde "dois homens entram, um sai". Os problemas começam quando ele, mesmo vencedor, se recusa a matar seu oponente, quebrando as regras e fazendo com que seja lançado ao deserto para morrer. Para sua surpresa, ele acaba salvo por um grupo de crianças, que o consideram um enviado, capaz de guiá-los para a "terra prometida". Ciente de sua total falta de vocação, Max recusa o papel, mas o destino os coloca diante da temível Titia, dando início a uma nova cruzada pela vida.

Assim, as sequências poeirentas em estradas movimentadas por veículos fora de série continuam. A diferença são as piadas (até aqui) presentes, como revela o vilão Ironbar (que tem uma cabeça presa nas costas), alvo de vários momentos divertidos. Dotado do mesmo estilo de figurino e ambientação interessantes, na parte sonora, o australiano Brian May (não confunda com o guitarrista do Queen) da boa trilha dos primeiros filmes cede espaço para o veterano e multipremiado Maurice Jarre, que também compõe bons momentos. Entre as curiosidades, o uso do gás metano como fonte de energia alternativa, além do retorno do piloto voador (sem qualquer ligação com o filme anterior), que ainda faz lembrar o eterno Professor Aéreo do desenho animado Corrida Maluca. No elenco, a cantora Tina Turner não compromete em sua terceira vez como atriz.

Escrito por George Miller (diretor de toda a saga) e Terry Hayes, seu parceiro também no segundo, o roteiro de Mad Max: Além da Cúpula do Trovão parece investir mais no clima de aventura, carregando no humor (bandidos levam paneladas na cara) e suavizando a dose de violência, mais evidente nos títulos anteriores. Max ainda gosta de animais, agora tem um macaquinho (que some e aparece), mas já não tem mais aquele vigor do passado. Visualmente, a produção continua impactante, parece flertar com o clássico O Planeta dos Macacos (1968) ao mostrar um avião coberto pela duna, porém sua maior fraqueza foi essa divisão e fusão de núcleos, quebrando totalmente o ritmo e clima de tensão existentes no DNA da franquia. Afinal, os pequenos remetem ao mundo imaginário de Peter Pan, e a Austrália de Max está anos luz distante de qualquer fantasia do escocês J. M. Barrie, paizão da Terra do Nunca.

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é publicitário, crítico de cinema e editor-executivo da revista Preview. Membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, filiada a FIPRESCI - Federação Internacional da Crítica Internacional) e da ABRACCINE - Associação Brasileira dos Críticos de Cinema. Enviado especial do Papo de Cinema ao Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 2014.
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