Crítica


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Sinopse

Uma cantora de rádio prestes a dar a luz está dividida quanto a quem é o pai da criança: um miliciano ou um hacker? No meio disso, Shirley, o fiel escudeiro da cantora, cross-dresser que com ela cria seu primeiro filho. Sonhos, amor, ciúmes, vida e morte como cantam as letras das canções.

Crítica

Enquanto segue a briga contra os arrasa-quarteirões gringos no circuito brasileiro, produções nacionais de variados tamanhos vão cavando seu espaço, como acontece agora com Quase Samba. Premiado no Festival do Rio 2013, só agora ele chega num cinema perto de você, ou quase isso.

Na história, uma mãe (a cantora Mariene de Castro) solteira nos últimos meses de gravidez do segundo filho decide enfrentar aquele que seria o pai das crianças, um policial (o cantor Otto) corrupto e violento. Para isso, ela contará com a ajuda de um crossdresser (Cadú Fávero), seu fiel escudeiro e, indiretamente, com um antigo caso de amor, mais carinhoso, mas igualmente envolvido em práticas ilegais, vivido por João Baldasserini, que ganhou mais destaque com o seriado Felizes Para Sempre? (2015).

Bem sucedido e premiado como curta-metragista, o cineasta mineiro Ricardo Targino marca sua estreia em longas com essa trama sobre laços familiares, usando como pano de fundo a violência urbana e suas consequências nas relações humanas. Misturando realidade e ficção através do off de um locutor de rádio (Arnaldo Antunes), o roteiro não é convencional e dificulta as conexões entre (e com) os personagens envolvidos. Mesmo auxiliado por boas canções (na voz dela) que ajudam a contar o drama, como "Amuleto da Sorte" que ornamenta uma bonita sequência, fica bem evidente a sensação de que falta alguma coisa para você "comprar" o que está vendo.

Parcialmente estrelado por cantores não atores, as interpretações não comprometem, apesar de alguns diálogos soarem estranhos e/ou soltos, mas é a edição que desafina e chega a neutralizar bonitas passagens, com uma pegada até mais lúdica, tentando trabalhar alguns simbolismos ali inseridos. Com cenas de violência e sexo moderadas, Quase Samba fala de um amor bandido dentro de uma espécie de "quadrado amoroso". Ele pode não seduzir de primeira o espectador comum, mas deve pegar no tranco aqueles cinéfilos de coração aberto interessados em experimentar novas linguagens. É ver para crer.

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é publicitário, crítico de cinema e editor-executivo da revista Preview. Membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, filiada a FIPRESCI - Federação Internacional da Crítica Internacional) e da ABRACCINE - Associação Brasileira dos Críticos de Cinema. Enviado especial do Papo de Cinema ao Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 2014.
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