Lilo & Stitch

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Sinopse

Em Lilo & Stitch, a pequena Lilo encontra um cachorro e decide adotá-lo. Entretanto, este animal é na verdade um ser alienígena procurado como uma das maiores ameaças da galáxia. Agora, o extraterrestre esconde quatro de suas seis pernas e decide se fazer passar por um animal de estimação comum, ficando amigo da menina. Aventura.

Crítica

Em alguns casos, a ideia faz sentido: pegar uma obra antiga, por vezes até mesmo um tanto esquecida, e resgatá-la por meio de uma nova roupagem, adaptando discurso e contexto. Por outras, a preocupação é meramente estética: como ficariam aqueles personagens, antes vistos apenas por meio da animação, sendo defendidos por pessoas e cenários reais? A proposta funcionou à perfeição em Mogli: O Menino Lobo (2016) – provavelmente ainda a melhor de todas essas versões live action de clássicos Disney – ou mesmo em Aladdin (2019), mas tropeçou feio em Branca de Neve (2025) – mais por questões extra-fílmicas do que pelo que se vê em cena – ou Peter Pan e Wendy (2023), por exemplo. Lilo & Stitch, no entanto, fica no meio termo. Não chega a ser um engano completo, como foi O Rei Leão (2019) – que de “real” nada tinha, tratando-se somente de uma nova animação, porém por meio de uma técnica digital mais realista – mas também pouco de novo parece ter a oferecer.

Sem conseguir se apropriar nem mesmo de um caráter emocional e nostálgico, como melhor fez o incompreendido Dumbo (2019) de Tim Burton – bom, ali ao menos havia um autor com personalidade na direção – esse Lilo & Stitch comandado por Dean Fleischer Camp ocupa-se em reencenar o longa lançado há mais de duas décadas, tendo como único objetivo manter em alta essa figura que, com o tempo, tornou-se maior até mesmo do que o filme original. Stitch é um alienígena criado em laboratório como um agente do caos, uma arma de guerra com imenso potencial de destruição. Mas uma vez dotado de personalidade própria, quando aqueles que o encomendaram se assustam com o que encontram e decidem por eliminá-lo, o selvagem ser azul trata de fugir, acabando por encontrar esconderijo na Terra. Mais precisamente, no Havaí. Ou, melhor ainda, disfarçando-se de animal de estimação da pequena Lilo.

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Uma menina órfã, Lilo é criada pela irmã mais velha, Nani. Essa, por sua vez, está tão ocupada entre os diferentes empregos que arrumou para conseguir sustentar as duas após a morte dos pais em um acidente que pouco tempo tem para dedicar à caçula. Não é de se estranhar que Lilo se sinta tão sozinha. O encontro dela com Stitch parece a realização de um pedido feito a uma estrela cadente. Mas atrás dele vem não apenas outros aliens – como Jumba, o cientista que o criou, como Pleakley, um especialista em “assuntos terrenos” – mas também a própria CIA, que fica a par do que por ali está se passando e decide investigar essa visita vinda de outro planeta por conta própria. Não há muito mais do que isso: um fugitivo tentando se esconder, uma garota procurando acolhimento, a união dos dois e como o mundo ao redor deles se transforma a partir desse acerto. O sentimento contra a exclusão.

Essa mensagem já estava presente no primeiro Lilo & Stitch (2002). Talvez dessa vez se torne mais evidente pela presença de uma agente do governo encarregada pelo bem-estar de Lilo (Tia Carrere, que assim como Jason Scott Lee e Amy Hill, também estava no elenco de dubladores do longa anterior e agora retorna em carne e osso) e o desenrolar dos acontecimentos que privilegia a formação de uma família alternativa, longe do convencional papai-e-mamãe, mas ainda assim fundamentada pelo carinho e respeito entre todos. Esse Lilo & Stitch de agora tem mais Lilo do que Stitch (que, por vezes, chega até a ser esquecido pela trama), o que aponta para um roteiro não muito equilibrado. Mas o foco, como dito antes, é outro. E nesse, o acerto é óbvio: Stitch está mais vivo do que nunca. E o marketing em cima dele está ferozmente disposto a aproveitá-lo até a exaustão.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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