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Sinopse

O casal Ed e Lorraine Warren voa para Londres para ajudar uma mãe e seus quatro filhos que habitam uma casa amaldiçoada por espíritos maliciosos. Porém, com a presença dos dois lá, os eventos se voltam contra eles também.

Crítica

As pessoas rejeitam o que é diferente”, afirma a jovem Margaret Hodgson (Lauren Esposito) para o irmão menor, Billy (Benjamin Haigh), que é gago e vítima de chacota e humilhações na escola. Esta frase, aparentemente alheia ao tema discutido em Invocação do Mal 2, é, na verdade, a diretriz seguida por James Wan na realização desta sequência do inesperado sucesso de 2013. Afinal, ele praticamente refaz até nos mínimos detalhes o longa anterior, acrescentando apenas um detalhe ao novo projeto: ao invés de se passar em uma pequena cidade do interior norte-americano, desta vez acompanhamos os investigadores paranormais Ed (Patrick Wilson, no automático) e Lorraine Warren (Vera Farmiga, abusando das expressões temerosas) em uma ida a Londres para se debruçarem sobre um novo caso. Muda-se o sotaque, mas o resultado, em sua essência, é basicamente o mesmo – porém, sem a originalidade anterior.

Conhecido por sua afeição ao terror, estilo que domina com impressionante habilidade, James Wan é responsável por títulos como Jogos Mortais (2004) e Sobrenatural (2011), ambos de alcance mediano junto ao grande público, porém de alto impacto entre os aficionados pela temática. Porém, com Invocação do Mal – seu maior sucesso de bilheteria até então, com mais de US$ 318 milhões arrecadados em todo o mundo – a situação para o cineasta mudou. Por isso, é compreensível seu receio em apostar em algo novo. Ed e Lorraine são figuras reais, que por muitos anos trabalharam – muitas vezes em ação conjunta com a Igreja Católica – envolvidos com eventos de suposta paranormalidade, lidando com espíritos e fantasma. É de se imaginar, portanto, que durante todo esse tempo eles tenham enfrentado ameaças das mais diversas. Por que, então, que Wan escolheu para essa continuação uma trama tão similar àquela já vista no primeiro longa?

Novamente receosos em seguirem com suas atividades, os Warren estão prestes a considerar uma aposentadoria precoce. Muito colaborou para isso uma visão de Lorraine teve em um sonho, a qual terminava com a morte do parceiro. Para evitar tal destino, ela implora que eles passem a se dedicar a outro tipo de negócio. No outro lado do Atlântico, no entanto, a pobre família Hodgson – a mãe, Peggy (Frances O’Connor, de A.I.: Inteligência Artificial, 2001), e seus quatro filhos – começa a ter seus sonos interrompidos por situações aparentemente inexplicáveis. Primeiro é uma luz que se acende no meio da noite, um brinquedo que se liga sozinho, um vulto que se move na escuridão. O que logo fica claro é que há uma entidade ali – sem deixar claro se dona de boas ou más intenções – que de início tenta se comunicar com Billy, para em seguida focar suas atenções na outra menina, Janet (Madison Wolfe, vista há pouco como a jovem Jennifer Lawrence de Joy: O Nome do Sucesso, 2015). A garota passa a levitar, tem os móveis ao seu redor se movendo bruscamente e as vozes que somente ela escuta são as mais assustadoras possíveis. Mas o que tal espírito quer, afinal?

É basicamente isso que os Warren deverão descobrir. À princípio convencidos a irem até lá apenas como observadores, sem se envolveram de imediato, a obrigação que assumem é de julgarem se tais eventos são reais ou armações de uma mente mais impressionável. Tudo parece apontar para algo crível, até que um episódio em específico parece apontar para outra direção. Mas será isso mesmo? A própria reviravolta a respeito do ponto de vista do que se está presenciando soa esperada – afinal, é exatamente como se procederam os fatos na primeira aventura dos Warren levada às telas. Lá estão eles mais uma vez tentando ajudar uma família em desespero, os últimos a acreditarem na veracidade dos fatos quando mais ninguém lhes deposita fé. Até que um pequeno detalhe faça com que tudo mude de perspectiva.

Invocação do Mal 2 não é ruim, ainda mais para quem admira este tipo de cinema. Seu maior problema é, justamente, o numeral após o título. Este filme, enfim, já foi feito, e com o mesmo nome, há apenas três anos. Wan, recém saído do impressionante fenômeno que foi Velozes e Furiosos 7 (2015) - com mais de US$ 1,5 bilhão nas bilheterias mundiais - retoma a prática que lhe deu fama e reconhecimento, porém a impressão que deixa é que tal fase já passou, sem ter mais nada de inovador para oferecer ao gênero. Até na deixa final para mais um spin-off ele se repete. Pois se entre estes dois filmes tivemos Annabelle (2014) – que se ambientava no mesmo universo, porém com outros personagens – não será de se admirar se daqui a pouco seja anunciado O Homem Quebrado. Afinal, tudo está pronto para isso. Para que isso não aconteça, no entanto, basta que queiram ir além do óbvio. Algo cada vez mais difícil na Hollywood atual.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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