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Sinopse

Ao tentar se tornar uma celebridade e legalizar suas contravenções, Giovanni Improtta acaba se complicando com a família, o jogo do bicho e a polícia. Alvo da imprensa, ele é acusado de assassinato.

Crítica

Escolhido para ser o filme de abertura do XVII Cine PE, um dos mais importantes e tradicionais festivais de cinema brasileiro, Giovanni Improtta só pode justificar sua presença numa mostra competitiva como esta pela relevância dos nomes envolvidos na equipe técnica e no elenco, pois enquanto obra cinematográfica carece dos requisitos mais básicos para entreter qualquer tipo de público, desde os mais exigentes até aqueles em busca apenas de um bom passatempo.

Filme que marca a estreia na direção de José Wilker, Giovanni Improtta conta também com o ator no papel-título, um bicheiro atrapalhado e espalhafatoso, que tem como marca registrada o uso excessivo de pronomes em suas falas, a maior parte deles empregados de forma equivocada. Para quem não lembra, esse personagem se tornou popular ao participar da novela Senhora do Destino (2007), e alguns já o conheciam desde antes, das páginas do livro Prendam Giovanni Improtta, de Aguinaldo Silva (também autor da trama televisiva, mas não do roteiro cinematográfico). Produzido por Renata de Almeida e Carlos Diegues – que havia considerado inicialmente ele próprio como diretor do projeto – Giovanni Improtta é mais uma reunião de amigos do que um longa-metragem propriamente dito. A história quase inexiste, e tudo é mera desculpa para reunir atores da velha guarda em frente às câmeras para, juntos, contarem velhas piadas que não provocam mais riso algum. É tudo muito raso, episódico e imediatista, sem reflexão ou desenvolvimento. Engraçado, mesmo, foi presenciar, em entrevistas de divulgação, Wilker afirmar que não teve como intenção realizar uma comédia. Bom, se seu objetivo era deixar todo mundo sério dentro da sala de cinema, isso ao menos ele conseguiu.

Giovanni Improtta usa ternos coloridos, faz discursos empolados e quer entrar para o clube dos mais poderosos bicheiros do Rio de Janeiro. Casado, acaba se envolvendo com uma ninfeta – filha de um desafeto – ao mesmo tempo em que tenta regularizar sua situação de contraventor para se tornar o que mais deseja: uma celebridade. É claro que as coisas não serão tão simples, e nesse caminho ele poderá perder a esposa (Andréa Beltrão), se indispor com os antigos colegas (Milton Gonçalves, Othon Bastos e Hugo Carvana) e até parar na mira de policiais corruptos (André Mattos). Se o elenco não possui nenhuma orientação firme que os guie por uma trama pré-estabelecida – cada um faz o que quer, e os melhores, como o trio de velho bicheiros, até divertem, mas em momentos raros, enquanto que a maioria naufraga em suas intenções – o pior mesmo é o roteiro, construído a partir de recortes aleatórios. Não há um início, meio e fim, e sim apenas uma profusão de situações que, em sua maioria, são mais constrangedoras do que realmente divertidas.

O cinema brasileiro tem passado por uma crise, em que comédias escrachadas se tornam fenômenos de público, enquanto que trabalhos mais rebuscados e audaciosos ficam aquém das expectativas. Mas é importante não generalizar. Giovanni Improtta pode representar uma investida num filão de retorno – aparentemente – garantido, mas sua execução desleixada deixa tantas pontas soltas que somente os espectadores mais desavisados poderão comprar essa proposta sem nenhuma reclamação posterior.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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