Crítica


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Sinopse

Animal de uma espécie não selecionada para entrar na Arca de Noé, Finny vai ter de fazer novos amigos para sobreviver à voracidade dos predadores que também ficaram para trás.

Crítica

Normalmente, histórias bíblicas são trazidas ao público infantil por produtoras e instituições especialmente voltadas à catequização de seus devidos braços do cristianismo. Por mais que não passem de aventuras fantasiosas tão ficcionais quanto A Era do Gelo (2002) ou Procurando Nemo (2003), contos como o da Arca de Noé, resgatado em Epa! Cadê o Noé?, ou o de Moisés e o êxodo de escravos mostrados em O Príncipe do Egito (1998), trazem consigo uma associação irreparável à religiosidade.

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Aí começa o problema, pois se por um lado, assim como Noé (2014) ou Êxodo: Deuses e Reis (2014), Epa! Cadê o Noé? também trata dessas histórias como nada mais do que tramas de fantasia tão mágicas e improváveis quanto Harry Potter ou O Senhor dos Anéis, por outro, ao contrário dos filmes dirigidos por Darren Aronofsky e Ridley Scott, essa animação é voltada para crianças. E, diferentemente, dos bruxinhos de Hogwarts, dos peixinhos perdidos na Oceania ou dos hobbits da Terra Média, seus personagens e cenários servirão àquelas mesmas instituições mencionadas no início para embasarem os seus dogmas já amplamente aceitos e propagados inadvertidamente, direcionando imagens e conceitos, que deveriam pertencer ao abstrato ficcional dessas cabecinhas em formação, para o seu imaginário factual.

Mas, com sorte, a maior parte do público infantil irá conseguir se safar desses efeitos colaterais e se divertir com o filme, afinal, Epa! Cadê o Noé? se destaca ao não deixar que seu público-alvo defina o nível de sua abordagem, como equivocadamente outras tantas produções do gênero acabam fazendo. De piadas visuais que brincam com videogames, tornando a narrativa mais interessante, até arcos e conflitos de personagens que se baseiam na adaptação evolutiva (!) – criacionistas vão ter um treco – a animação está repleta de bons momentos que justificam a sua existência.

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Contando a história de Finny, uma espécie de mini elefante colorido que é deixado para trás durante o grande dilúvio – mandado por ninguém, aliás, já que a palavra ou mesmo a ideia de Deus jamais é mencionada – o projeto emprega ainda inventividade visual às concepções de seus personagens e cenários – por mais que o conceito de alguns deles sejam reciclados de Avatar (2009) – demonstrando uma qualidade técnica que é ainda mais admirável por não ter sido possibilitada pelos grandes estúdios hollywoodianos. Fica, portanto, aquele porém da carga dogmática que vem junto com nomes como Noé e Moisés, mas que não são suficientes para desmerecer o eficiente esforço desse exemplar.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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Grade crítica

CríticoNota
Yuri Correa
6
Francisco Russo
5
MÉDIA
5.5

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