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Sinopse

Duas escolas, uma só de alunos brancos e outra só de alunos negros, são unificadas pelo governo, colocando o técnico do time de football negro para comandar o time. O que gera grande alvoroço, fazendo com que os jogadores tenham de se mostrar um exemplo para a comunidade.

Crítica

Localizado em uma Virgínia que sofre a mescla das instituições de ensino de brancos e negros, Duelo de Titãs é bastante didático em sua abordagem, como a maioria das produções live action dos estúdios Disney. A chegada do técnico Herman Boone (Denzel Washington), para liderar os esforços do time de futebol americano Titans mexe com os brios de todos os brancos, incluindo aí os pais dos rapazes, os jogadores liderados por Gerry Bertier (Ryan Hurst), e até o atual treinador, Bill Yoast (Will Patton), que é demovido do cargo que exerce há anos.

No filme de Boaz Yakin, a solução encontrada pelo novo mentor é concentrar seus atletas em um retiro, onde começaria uma mescla de raças que visaria quebrar o preconceito mútuo que ocorre entre ambos os lados, igualando neste ínterim até a opressão espelhada entre brancos e negros, ainda que haja claramente uma ligeira culpa e arrogância maior do lados dos brancos. A postura de Boone é totalitária, linha dura e sem espaço para qualquer leveza de espírito. Sua agressividade visa mostrar aos garotos que o mundo não é lugar tranquilo, e que disciplina é necessária para se sair vencedor. Após esbarrar em seus próprios preconceitos, Gerry e Julius Campbell (Wood Harris) começam com uma rivalidade desonesta, que acaba evoluindo para uma competição por um lugar semelhante taticamente no time. Isso, no entanto, seguirá até uma cooperação interessada, primeiro, em fortificar o time, até tornar-se uma relação de camaradagem e fraternidade que humaniza o contra interracial antes imposto e agora, natural, driblando inclusive a crítica de cinema especializada, normalmente ranzinza.

O processo de treinamento é encarado pelos personagens extra time como lavagem cerebral, já que o núcleo de esportistas encara o apartheid da cidade de um modo completamente diferente de todo o ódio comum persistente na população. A docilidade e a facilitação que o argumento de Gregory Allen Howard persegue é driblado por mostras viscerais da intimidade entre atletas e comissão técnica, deslumbrando a insegurança até de seu técnico/sargento, mostrando-o com medo de perder seu jogo e seu recém adquirido emprego.

Julius e Gerry prosseguem durante um grande período tendo que apartar brigas dentro o ambiente escolar, já que na T.C. Williams ainda sobrevive o regime racial diferenciado. As frases ditas no vestiário, seja por técnicos ou jogadores, contém palavras doces, de fácil recepção, cujo lugar comum impera sobre tudo. Situações como manipulação de arbitragem e demais pecados desportivos são aludidos, claramente para evocar no público a sensação de asco por parte dos poderosos e opressores conservadores, mesmo que este público tradicionalmente seja o mesmo que pratica esse tipo de discriminação.

É evidente que as lições de moral presentes na reunião tardia entre as raças não soam com a naturalidade necessária para se tornar verossímil, no entanto. Duelo de Titãs é uma fantasia, de como seria a realidade caso os homens adultos conseguissem alcançar a simplicidade de uma criança, a mesma mentalidade presente na narradora vivida por Hayden Panettiere, pautada na crença de um jogo onde o suor, sangue e sentimento se misturam em algo único, podendo encerrar a segregação de povos que tem muito mais em comum do que diferenças de cor e raça.

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é Jornalista, Escritor e Editor do site Vortex Cultural (www.vortexcultural.com.br). Quer salvar o mundo, desde que não demore muito e é apaixonado por Cinema, Literatura, Mulheres, Rock and Roll e Psicanalise, não necessariamente nessa ordem.
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