Crítica


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Sinopse

Casada e mãe de três filhos, uma mulher se apaixona por um homem que lhe apresenta ao maravilhoso mundo da gastronomia. Um acordo muda esses afetos e a forma como a protagonista cozinha.

Crítica

Cinema e gastronomia é uma receita que vem dando certo há um bom tempo. Os exemplos são inúmeros, e a maioria consegue dosar bem seus ingredientes. E o mais recente exemplar dessa linha é Dieta Mediterrânea, uma comédia romântica espanhola que não tem medo de ousar. Tanto na cozinha quanto na tela grande. E quem ganha com isso é o espectador, que poderá desfrutá-la sem arrependimentos posteriores, como enjoos no estômago ou medo da balança. Muito pelo contrário, o que temos são diversos elementos dispostos com bastante harmonia, garantindo uma refeição farta em paixões, sexo, romance e, obviamente, bons pratos.

Escrito e dirigido por Joaquín Oristrell, o mesmo do elogiado Inconscientes (e autor também do roteiro do sexy Entre as Pernas, com Javier Bardem e Victoria Abril), Dieta Mediterrânea se propõe a narrar a trajetória da jovem Sofía, desde o seu nascimento até a consagração como melhor chef de cozinha do mundo. Neste longo e tortuoso caminho, o amor e a paixão por Toni e Frank, dois homens tão diferentes entre si que não teriam como ser mais complementares. O primeiro é a segurança, o romantismo, o carinho, o futuro. Já o segundo é a energia, a voracidade, o tesão, o agora. E como ela não consegue se decidir por nenhum dos dois, e também por já estar cansada de fugir deles, toma a decisão mais simples, óbvia e arriscada: ficar com os dois. E, após muita resistência, ambos acabam concordando. Mas o que era para ser apenas um acerto entre lençóis acaba extrapolando os limites familiares e invadindo as relações profissionais.

E é justamente neste ponto que Dieta Mediterrânea fica realmente interessante. Porque tudo que acontece no quarto do trio acaba se repetindo também na cozinha de Sofía. Esse reflexo pode também ser interpretado como um estudo da própria culinária contemporânea, cada vez mais inventiva, misturando sabores aparentemente incompatíveis, mas resultando sempre em algo de muito bom gosto e inovador. A proposta aqui é mostrar como a falta de pudores, desprendendo-se de amarras mais tradicionais e conservadoras, pode ser positiva, tanto em casa quanto no trabalho, na cama e na mesa.

A bela Olivia Molina (filha da grande Ângela Molina, uma das atrizes favoritas de Pedro Almodóvar, vista em longas como Carne Trêmula e Abraços Partidos, sem mencionar o clássico Esse Obscuro Objeto do Desejo, de Luis Buñuel, de 1977) domina a cena como a protagonista, combinando leveza, segurança e um estilo ao mesmo tempo sincero e provocador. Ao seu lado estão Paco León (como o pacato Toni), visto na comédia gay Rainhas (2005), e Alfonso Bassave (como o sexy Frank), que ainda nesse ano aparecerá ao lado de Rodrigo Santoro no internacional Segredos da Paixão, de Roland Joffé. Os dois representam muito bem os dois lados em conflito, oferecendo um impacto ainda maior quando se unem em nome de um amor único. E com um elenco tão bem sintonizado, uma trama irreverente e movimentada e tratando de temas tão pertinentes a todos nós como comida e atração sexual, será difícil sair do cinema sem estar com água na boca, independente do motivo.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
7
Alysson Oliveira
3
MÉDIA
5

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