Crítica


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Sinopse

Os Detetives do Prédio Azul são confrontados com o maior caso de suas vidas: salvar o próprio edifício da destruição. Pippo, Sol e Bento se infiltram na festa de Dona Leocádia, a terrível síndica que é, literalmente, uma bruxa. Lá eles presenciam um crime "mágico", que condena o Prédio Azul a uma demolição de emergência. Para completar, a única testemunha - o quadro falante da Vó Berta - desaparece, e Dona Leocádia é enfeitiçada para ficar boazinha. Para resolver esse caso, os detetives vão contar com a ajuda do porteiro Severino, que empresta sua Kombi azul novinha para ser a sede de investigação.

Crítica

Voltado a crianças e pré-adolescentes, Detetives do Prédio Azul: O Filme é derivado da série homônima (brasileira) de TV a cabo. Sua natureza, portanto, instaura a possível problemática da falta de base do espectador que porventura chega pela via cinematográfica ao universo originalmente televisivo dessas crianças que investigam enigmas no condomínio onde moram. Entretanto, justamente por permitir uma compreensão quase total aos leigos, o roteiro do longa-metragem de André Pellenz já ganha alguns pontos preciosos. Aliás, mesmo que o início do filme seja apressado, com a situação motriz demasiadamente acelerada em prol de um suposto dinamismo, não demora para percebermos quem é quem na sucessão de peripécias que começa numa festa de bruxos. Claro, o foco é centrado nos pequenos detetives. Sol (Letícia Braga) é a menina cheia de energia, espécie de líder do grupo. Pippo (Pedro Henriques Motta), o apaixonado por comida, é claramente o mais agitado. Bento (Anderson Lima) é o elemento racional da turma.

A síndica do prédio azul, Leocádia (Tamara Taxman), promove uma reunião dançante dos ex-alunos da escola de magia de sua formação. Os protagonistas vão xeretar e acabam envolvidos numa trama misteriosa e intrincada, que compreende o roubo dos bens preciosos de quatro feiticeiros. Falando neles, sua apresentação ocorre de maneira praticamente didática, em duas partes. Na primeira, ainda durante a comemoração, a interação do quarteto com os demais dá as pinceladas iniciais. Mais tarde, com a investigação em curso, a visita dos detetives a cada um deles trata de arrematar o desenho de suas personalidades. O itinerário atende às necessidades do público-alvo, nisso saindo-se muito bem. Os coadjuvantes também são valores em Detetives do Prédio Azul: O Filme. Severino (Ronaldo Reis), figurinha carimbada da série de televisão, rouba a cena com sua simplicidade e presteza. Já George Sauma parece se divertir para valer interpretando, com providenciais tintas cartunescas, o imediato da verdadeira ameaça.

Em meio às crianças carismáticas, destacam-se, também, os atores que vivem os bruxos afanados durante a fatídica celebração. Mariana Ximenes, Ailton Graça, Otávio Müller, Maria Clara Gueiros e a veterana Suely Franco – como o retrato falante da avó – sobressaem com suas participações especiais, imprescindíveis à resolução do caso acerca de magias e mágoas. Detetives do Prédio Azul: O Filme incorre em pecados recorrentes nas produções direcionadas a espectadores mais jovens, especialmente a reiteração de certas piadas que funcionam, no mais das vezes, como muletas. Aqui, isso surge na recorrência das flatulências que acometem os bebedores de groselha. Embora seja parte da trama, um elemento narrativo, sua reutilização faz com que o efeito cômico rapidamente desvaneça. Todavia, há boas surpresas escondidas nesse percurso essencialmente previsível, mas que visivelmente não se esforça em construir labirintos ou algo que os valha. É tudo muito honesto neste filme divertido e lúdico na medida.

Detetives do Prédio Azu: O Filme ainda promove um resgate afetivo da primeira geração do programa, permitindo a volta à cena dos antigos detetives, Tom (Caio Manhente), Mila (Letícia Pedro) e Capim (Cauê Campos), que surgem para ajudar os “novatos” na missão aparentemente fadada ao fracasso. Os efeitos especiais do filme, parte importante da encenação quando temos magias lançadas no ar e pessoas transformadas em animais, são mais que convincentes, ajudando a tornar aquela realidade bastante crível. Exemplo de produção infantojuvenil de boa qualidade, pensada para agradar especialmente a criançada, este longa-metragem é competente por não subestimar a capacidade dos infantes, permanecendo conceitualmente num mundo infantil por excelência. André Pellenz consegue dosar o magnetismo de protagonistas marcados pelo espírito aventureiro, próprio da tenra idade, com sua propensão ao salvamento do dia em inequívoco ritmo de brincadeira.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

Grade crítica

CríticoNota
Marcelo Müller
7
Roberto Cunha
7
MÉDIA
7

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