Cupcakes: Música e Fantasia
Crítica
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Sinopse
Um grupo de amigos, em Israel, é super fã de um grande festival de música. Na noite da competição, o grupo se reune para ver pela TV. Dana, que é confeiteira, faz cupcakes para os amigos. Mas ela está triste e para animá-la, um dos amigos compõe uma canção. O grupo se entusiasma e começa a articular se a música poderia competir no festival do próximo ano.
Crítica
Após se consagrar como um dos mais importantes realizadores israelenses da atualidade com filmes como Delicada Relação (2002) e Bubble (2006), dramas intensos sobre a condição homossexual nas forças armadas e na vida cotidiana de uma das maiores cidades do país – Tel-Aviv – o cineasta assumidamente gay Eytan Fox parece ter decidido que havia chegado o momento de se divertir um pouco. E ele consegue isso com tranquilidade com a comédia Cupcakes: Música e Fantasia, seu trabalho mais leve e descompromissado até o momento. Ainda assim, felizmente, está longe de ser um filme inconsequente e leviano, pois parte de temas caros do universo judaico, da mesma forma que segue firme em seu discurso político e social.
Anat (Anat Waxman) possui uma confeitaria especializada em cupcakes. Yael (Yael Bar-Zohar) é uma ex-Miss Israel que hoje tenta se firmar como mulher de negócios. Ofer (Ofer Shechter) é recreacionista de uma creche infantil. Efrat (Efrat Dor) é a braço-direito da Primeira Ministra, enquanto que Dana (Dana Ivgy) é uma roqueira. Por fim, temos Keren (Keren Berger), uma blogueira. Todos estão passando por momentos delicados: a primeira foi abandonada pelo marido, a segunda não encontra respeito no trabalho, o rapaz namora um homem que prefere manter sua condição em segredo, a seguinte sofre com a pressão da tradição familiar, a artista não tem encontrado reconhecimento nem audiência e a última está envolvida em uma paixão platônica pela internet. Além disso, são vizinhos de um mesmo prédio, e se reúnem regularmente para acompanharem cada etapa do UniverSong, um reality show musical com representantes de todos os países.
Após uma gravação caseira com uma performance dos amigos entoando uma canção improvisada para melhorar o astral de um deles ir parar nas mãos do organizador nacional do concurso, eles acabam sendo escolhidos para representar Israel na final mundial, em Paris. O que vemos, a partir deste ponto, é o surgimento de uma febre nacional tal qual a da Copa do Mundo no Brasil – todos, nos mais diversos âmbitos familiares e profissionais, serão afetados pela novidade. E enquanto uns veem nessa possibilidade a chance de mudarem de vida e explorarem com maior afinco seus potenciais, outros se preocupam com as consequências que tamanha exposição poderá lhes trazer. Preconceito, independência, romantismo, liberdade artística, respeito e autoestima são alguns dos elementos que encontrarão espaço nas desventuras desse grupo formado quase que por acaso.
Ainda que soem quase como uma versão israelense – e com um adendo gay – das Spice Girls (eles até se vestem cada um com uma cor básica predominante para facilitar a identificação do público), o que vemos em Cupcakes é uma forma alegre e divertida de se homenagear uma das maiores tradições do país – os concursos musicais – e, ao mesmo tempo, discutir questões relevantes de sua sociedade, sem, no entanto, serem tediosos ou didáticos. O clima é leve e envolvente, e é praticamente impossível se manter distante do clima de euforia colorida que toma conta de praticamente toda a trama. A primeira impressão pode apontar somente para uma bobagem descompromissada, mas um segundo olhar irá revelar algo muito mais pertinente e, felizmente, dono de um bom humor contagiante.
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