Crítica
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Sinopse
Trabalhador a serviço da inteligência da Espanha, o agente Juan mantém uma unidade paralela que opera dentro da ilegalidade. Sua próxima missão oficial extraoficial é incriminar um político íntegro, o que demanda bem mais dele.
Crítica
Com frequência, os personagens moral e eticamente ambíguos são os mais interessantes. Divididos entre fazer ou não “o certo” (um conceito relativo) e/ou questionando a sua posição no mundo, eles revelam aspectos interessantes da condição humana aplicada a seus respectivos contextos sociopolíticos. O protagonista de Código Imperador é um desses homens, pois opera nas bordas da legalidade ao dialogar com a ilegalidade e, portanto, vive numa rotina pendular. Juan (Luis Tosar) é um dos principais agentes de uma organização obscura cuja função é descobrir os podres de determinadas pessoas em prol do sucesso de outras. O roteiro assinado por Jorge Guerricaechevarría não investiga a natureza dessa entidade (a quem serve? Quem são os seus mandatários? Sua diretriz principal é realmente quem paga mais?). E Juan está envolvido simultaneamente numa trinca de operações: numa delas, é encarregado de investigar a movimentação de neonazistas que estão contrabandeando material radioativo; na outra, é incumbido de salvar a pele de um juiz envolvido diretamente em assassinato no Panamá; e na mais extensa das três, deve forjar provas contra um político sobre o qual não conseguiu descobrir nenhum ponto cego. Ele chega a dizer sobre esta missão: “uma coisa é descobrir merdas, outra é jogá-las na cara de alguém”. No entanto, Juan não sofre pelo dilema.
Código Imperador é um thriller como vários outros similares em que um personagem demonstra profundo conhecimento do submundo pelo qual é levado a transitar diariamente. Há intrigas envolvendo figuras de duas caras, encontros às escondidas que podem definir os rumos da nação, um homem a quem são demandados os serviços que não podem constar no itinerário oficial e a rachadura que o envolvimento amoroso pode causar numa casca aparentemente impenetrável. A qualidade do filme está justamente na maneira como ele consegue reelaborar esses lugares-comuns numa narrativa que apenas ocasionalmente deixa como rastro um gosto de comida requentada. Um dos destaques é a presença cênica de Luis Tosar, ator mais reconhecido pelos dramas intimistas aos quais dedicou boa parte de sua carreira cinematográfica. Aqui ele se sai muito bem como o detetive fracionado entre o correto, o que parece correto e o evidentemente incorreto (mas, às vezes, “necessário”). E, diferentemente de boa parte de seus contemporâneos que enveredaram pelo cinema de ação durante a maturidade – como Liam Neeson, por exemplo –, ele constrói um personagem que age como paladino estratégico nas sombras. Para se ter uma ideia, somente decorrida uma hora de filme é que Juan pega uma arma na mão. O investimento do roteiro se concentra nos vários planos e nas execuções de suas missões.
Se formos definir a árvore genealógica de Juan, sujeito que flerta com o perigo, certamente chegaremos aos detetives que consagraram o cinema noir, principalmente na Hollywood dos anos 1930/40. Assim como os personagens de sobretudo, chapéu e cigarro em punho, que inundaram o cinema norte-americano de ambivalências e de estilo na época citada, o protagonista de Código Imperador revela com suas experiências o quanto a sociedade que o circunda está moralmente degradada. O ritmo incessante de sua atividade serve justamente para que vejamos, nas bordas das ações, o quão corroídas estão as instituições e de que modo os poderosos acabam encontrando sempre um jeito de persistir no topo da cadeia alimentar. E isso está explicitado na “ajuda” oferecida ao futebolista que espancou a esposa – assim, não são três as missões de Juan, mas quatro. Ao ser notificado que esse "cliente" famoso está prestes a ser indiciado por violência doméstica e, quem sabe, por tentativa de homicídio, o agente negocia os termos de rendição com uma vítima enredada numa teia brutal de fragilização. O filme não está condenando o personagem principal, mas refletindo sobre o meio ambiente ao qual ele está devidamente acostumado. Há um bom equilíbrio entre as tarefas, os instantes de tensão, as tocaias possíveis pela alta tecnologia e a ameaça do rompimento da blindagem afetiva de Juan.
O elemento mais banal de Código Imperador é exatamente a paixão que Juan sente por Wendy (Alexandra Masangkaya), a empregada filipina que ele utiliza inicialmente como subterfúgio, mas pela qual se afeiçoa durante uma das missões. O cineasta Jorge Coira se vale deste elemento “o amor que ameaça a frieza” do modo batido, ou seja, se restringindo a mostrar o homem gélido prestes a virar alguém capaz de desmantelar um reino inteiro se isso significar fazer algo redentor, no fim das contas. Privado de subjetividade, esse amor estrangeiro serve apenas para motivar o protagonista que, assim, também ganha espaço para se tornar o europeu salvador – ele expia seus pecados garantindo o futuro de quem prejudicou com suas mentiras. Porém, entre mortos e feridos, estamos diante de um thriller competente, em que não são reproduzidas de modo alienado as circunstâncias corriqueiras num tipo de produção recentemente exportada pelos Estados Unidos cinematograficamente hegemônicos: em vez de uma correria danada envolvendo balas ameaçando a integridade dos personagens, vários jogos de gato e rato em que as noções de certo e errado são repetidamente colocadas em xeque; em vez de um homem essencialmente bom, surge alguém que erra mesmo ao querer acertar. Pena que certos clichês permaneçam fortemente, vide a mulher servindo estritamente para ser salva.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 6 |
Francisco Carbone | 5 |
MÉDIA | 5.5 |
filme sem pé sem cabeça, sem ter venvmcidos ou vencedores, não gostei
Enredo nada surpreendente. A mocinha fica com o cara bem mais velho bonzao no final por falta de opçao. Cliches do inicio ao fim Decepçao total