Crítica


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Sinopse

Um pequeno bebê luta por sua sobrevivência na Era em que os dinossauros mandavam na Terra.

Crítica

Há quatorze anos, passava no canal Discovery Kids (pelo menos aqui no Brasil), a série documental Caminhando com Dinossauros, que de uma forma bastante simples apresentava um pequeno conto por episódio, ao passo em que informava a um público basicamente infantil sobre as características e o cotidiano dos fascinantes lagartos gigantes. Mais tarde transformada pela BBC em uma minissérie mais adulta e factível, que inclusive chegou a ser transmitida na tevê aberta brasileira pelo programa Fantástico, da Rede Globo, a ideia de explorar um pouco mais o mundo pré-histórico habitado por estes seres retorna agora na forma deste longa-metragem que, infelizmente, prefere o tom mais bobo e descompromissado da série original, ao invés aquele tom dramático e informativo de sua versão posterior.

Usar o argumento de que é um filme para crianças simplesmente não desculpa sua tola narrativa. E de nenhuma outra similar, afinal existem dezenas de animações rolando pelo mercado atualmente que provam ser possível realizar um longa voltado principalmente para um público menor sem com isso subestimar a inteligência do resto dos espectadores (inclusive das crianças). É a diferença, por exemplo, entre os recentes Frozen (2013) e Meu Malvado Favorito 2 (2013): enquanto que o primeiro jamais esquece ser do gênero infantil ao mesmo tempo em que é satisfatoriamente capaz de divertir e tocar uma audiência mais madura, o segundo apoia-se no falacioso dizer “é para crianças” e entrega uma trama aborrecida que grande parte dos pequenos que o assistirem devem esquecer em seguida.

Dito isso, é neste segundo e último exemplo que me baseio para falar sobre este Caminhando com Dinossauros, filme que introduz um núcleo de pessoas (atores reais, entre eles, Karl Urban!) para viver um drama dispensável que deveria ser o estopim para o início da narrativa, mas que soa tão desnecessário quanto as falas dadas aos personagens dinossauros. De fato, apesar de sua história previsível, caso o longa se levasse mais a sério e optasse por abrir mão deste recurso pobre – que não se encaixa em animação, pois não há sincronia labial com o personagens – poderia ser um exemplar bem mais interessante e realista, o que só seria auxiliado pelas ótimas criações digitais que desfilam em tela durante sua curta duração.

É até mesmo constrangedor notar a força que o roteiro faz para amenizar ações naturais de um mundo selvagem. Toda vez que uma sequência destas se faz necessária, os inoportunos “diálogos” entre os dinossauros surgem como uma espécie de alívio cômico, com passagens do tipo “opa! O que é isso meu irmão?” e “Não! Coma ele, tem mais carne!” soando como uma tentativa desesperada dos realizadores de mostrar um assassinato sem que, bom, perceba-se que é um assassinato. O que, assim como o uso da terceira dimensão (estampado junto ao título), falha miseravelmente. Mas se nem mesmo Peter Jackson e James Cameron, com seus orçamentos exorbitantes e montantes de Oscars, souberam fazer uso de forma funcional do 3D, por que esperar que um filme tão insípido quanto Caminhando com Dinossauros consiga?

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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