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Sinopse

Enquanto Hitler experimenta o começo do declínio dos planos nazistas, 13 especialistas de múltiplas nacionalidades se reúnem para encontrar obras de arte roubadas durante a Segunda Guerra Mundial.

Crítica

É quase rito de iniciação. Quando surge a notícia de que determinado ator passará para trás das câmeras, a desconfiança impera. Será que conseguirá manter na direção o alto nível das atuações? Ou – em certos casos – será o novo posto uma chance para se redimir dos papéis que ocupou? Bem cotado em Hollywood, George Clooney estava para o primeiro caso. Se Confissões de uma Mente Perigosa (2002) seria suficiente para calar as dúvidas, Boa noite e Boa Sorte (2005) chegava, três anos mais tarde, para comprovar que não se tratara do acaso de iniciante.

Por conta desse passado significativo, Caçadores de Obras-Primas foi ansiosamente esperado desde o anúncio de sua participação na Mostra Competitiva do Festival de Berlim. Inspirado nos fatos reais descritos no livro homônimo de Robert Edsel e Bret Witter, a história trata do grupo capitaneado por Frank Stones (Clooney) para uma missão especial: recuperar as obras de arte tomadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra.

Tema predileto de vários documentários televisivos, o fato ganha agora sua versão ficcional com o roteiro da dupla Clooney e Grant Heslov. Entretanto, a parceria não consegue repetir o sucesso do citado Boa Noite e Boa Sorte e alcançado também em Tudo pelo Poder (2011). Exceto por O Amor não tem Regras (2008), a filmografia do diretor sempre impressionou por apoiar-se em estruturas sólidas e bem articuladas, a ponto de fazer com que a narrativa evoluísse ao natural, escondendo o trabalho inegavelmente competente da direção.

É provável que seja esse o ponto principal entre os trabalhos dirigidos por Clooney. Enquanto que na maioria deles o espectador esquecia que o filme estava acontecendo, em Caçadores de Obras-Primas ele está invariavelmente presente, 120 minutos em tela. Isto porque Clooney parece ter escolhido trabalhar com um gênero que remete – mas não se encaixa – à trilogia Onze Homens e um Segredo (2001), da qual atuou, mas que visivelmente não domina com propriedade.

Após apresentar o objetivo do grupo que fará parte da missão, o roteiro de Caçadores de Obras-Primas enfraquece bruscamente, avançando ora apoiado no elenco excepcional (Matt Damon, Bill Murray, Cate Blanchett, John Goodman, Jean Dujardin e Bob Balaban) extraindo o máximo de um humor que nos faz lembrar – com ressalvas – M.A.S.H. (1970), ora apoiado na aventura que mira A Ponte do Rio Kwai (1957), mas alcança os momentos frágeis de Cavalo de Guerra (2011). Nem mesmo o promissor núcleo do curador James Granges (Damon) com a secretária alemã em Paris Claire Simone (Blanchett), ou a inconfundível trilha de Alexandre Desplat, conseguem propiciar sequências acima da média.

Acuado frente ao comprometimento moral ao qual o filme se eleva em determinados momentos, Clooney não conseguiu imprimir em Caçadores de Obras-Primas a força e o ritmo necessários para transformá-lo em outro de seus bons filmes. Por vezes beirando uma régua de conduta que não se impõe jamais – difícil mensurar o quão patético é o discurso que opõe o valor da vida ao de uma obra de arte – o resultado torna-se mais decepcionante do que ruim, fazendo desconhecer quem o conduziu.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.
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