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Sinopse

Tadeo, pedreiro e aspirante a arqueólogo, é um rapaz que sempre se mete em grandes aventuras. Quando descobre que o colar do rei Midas, que transformava tudo que tocava em ouro, existiu de verdade, ele sai numa jornada com seus amigos rumo a Los Angeles. Mas um problema surge quando Sara, uma de suas amigas, é raptada por um vilão que pretende conquistar os mesmos poderes do antigo rei.

Crítica

Assim como um e um são dois, no mundo do cinema também é certo que, quando um filme faz sucesso – principalmente de bilheteria – uma continuação logo será providenciada. E se essa regra parece valer com maior eficiência em Hollywood, não se engane achando que se trata de uma exclusividade norte-americana: nos demais países, principalmente naqueles que almejam com maior afinco o estabelecimento de uma indústria cinematográfica, tal lógica igualmente prevalecerá. No caso do espanhol As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas, sequência de As Aventuras de Tadeo (2012), o esforço apresentado como resultado não só deu certo, como se revelou acima do anterior – que, por si só, já havia tido um bom desempenho.

Novamente com Enrique Gato na direção – ele comandou não apenas o primeiro longa, como também os curtas Tadeo Jones (2004) e Tadeo Jones y el Sótano Maldito (2007) – As Aventuras de Tadeo 2 ganha com a chegada de David Alonso, que divide as responsabilidades atrás das câmaras. Antes, ele havia trabalhado nas equipes de animadores de filmes como Planeta 51 (2009) e No Mundo da Lua (2015), além do próprio As Aventuras de Tadeo. Ou seja, não só conhece bem o personagem, como tem experiência no gênero. E, juntos, os dois não perdem tempo: encontramos Tadeo pouco depois dos acontecimentos do episódio de estreia, já de volta à sua vida normal como operário de construções, enquanto que sua amada, Sara, segue percorrendo o mundo em incríveis caçadas e enfrentando os mais incríveis perigos. Mas nem tudo está igual: ele evoluiu, e agora estuda para, um dia, se tornar um arqueólogo tão influente e importante quanto ela, que, por sua vez, também sente saudades do antigo companheiro. Porém, seriam estes sentimentos, inegáveis entre os dois, recíprocos na mesma medida?

Nas profundezas do oceano, em uma jornada de causar inveja à James Cameron e suas investigações submarinas atrás do Titanic, Sara se depara com algo até então inimaginável: um medalhão que poderá colocá-la no caminho direto do segredo por trás do poder do mítico Rei Midas, aquele que tudo que tocava transformava em ouro. Durante a cerimônia em que iria anunciar essa revelação ao mundo, ela não só é sequestrada como deixa nas mãos de Tadeo a missão de salvá-la, além de impedir que esta pista seja descoberta. Atrás deles, como seria de se esperar, está um vilão inescrupuloso, mas esta é a menor das atrações que o filme reserva. Se por um lado este inimigo se revela bastante genérico, estará nas relações entre os mocinhos os maiores pontos de interesse. Pois Tadeo e Sara não estão sozinhos, afinal. Ele contará com a ajuda de Tiffany, a estagiária, para partir em seu encalço. Além, e é importante não se esquecer, da volta da Múmia e dos animais de estimação Jeff (o cachorro dele) e Belzoni (o papagaio dela).

Se a tradição Disney ensinou que, quanto mais assustador e cruel for o bandido, maior e especial será a vitória do herói, os roteiristas Jordi Gasull, Neil Landau e Javier López Barreira (os mesmos do primeiro filme) decidem, sabiamente, seguir por um outro caminho. A ação acompanha os protagonistas, e não aqueles que querem estragar seus planos. Primeiro vemos surgir uma química entre Tadeo e Tiffany, para, assim que conseguem libertar Sara, se estabelecer um curioso triângulo amoroso – repleto de ciúmes e mal-entendidos. A Múmia, por outro lado, surge pontuada pela diversidade, revelando-se tão capaz de feitos heroicos como seu melhor amigo, ao mesmo tempo em que devolve à altura as demonstrações de carinho que passa a receber do taxista que os conduz pelas ruas da Espanha. E se os dois pets parecem servir apenas como recursos cômicos, não faltarão ocasiões em que se revelarão mais perspicazes que seus próprios donos.

Evidentemente calcado nas peripécias de Indiana Jones, Tadeo é um galã à moda antiga, com sede pelo improvável e incapaz de medir as enrascadas em que se mete. As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas é resultado de uma divertida brincadeira, com um ritmo acelerado, piadas que não se atropelam de forma exagerada e personagens bem construídos, que alternam emoções bem reais, como medo, insegurança e desejo de vitória, ao mesmo tempo em que não deixam para trás questões básicas, como a amizade que os une e a necessidade de acreditarem em um bem maior, além do ganho imediato. A mensagem é clara, porém longe de se revelar enfadonha ou cansativa. Entretenimento de qualidade, que merece ser valorizado não apenas pelos méritos que apresenta, mas também por tudo que proporciona, tanto quanto história, como, também, pelos exemplos que faz uso de forma equilibrada e bastante precisa.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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