Crítica
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Sinopse
Crítica
A primeira sensação que se tem ao término de A Filha do Pai é de que se o espectador estivesse atrás de uma boa novela melhor seria ter ficado em casa ao invés de ter tido o trabalho de ir ao cinema. Afinal, essa estreia do conhecido ator francês Daniel Auteuil atrás das câmeras tem um enredo extremamente novelesco, cheio de reviravoltas previsíveis, retornos inesperados, dramas românticos arrebatadores, decisões cruéis e irremediáveis, salvações de última hora e um inevitável final feliz, repleto de casamentos e soluções apressadas. Tal qual o horário nobre da Rede Globo. Nas mãos de uma Glória Perez ou de um Manoel Carlos seria uma verdadeira festa!
Baseado no texto clássico de Marcel Pagnol (autor também dos memoráveis A Glória de Meu Pai e O Castelo de Minha Mãe, ambos de 1990, e diretor com uma prolífica carreira no cinema, inclusive tendo assinado a primeira versão deste mesmo romance para a tela grande, datada de 1940), A Filha do Pai (ou A Filha do Poceiro, no original) se passa no interior da França pré-Segunda Guerra Mundial e mostra o que acontece quando uma garota precocemente amadurecida se apaixona pelo belo filho do mais rico comerciante da vila. Ela, órfã de mãe e responsável pelas cinco irmãs menores enquanto o pai (o próprio Auteuil) se vira trabalhando pelas redondezas, cai na lábia do jovem desconhecido e, no primeiro encontro escondido, acaba transando com ele. A gravidez é inevitável, mas o que fazer agora que o rapaz foi convocado para a guerra e foi logo dado como morto em combate?
Neste momento a ação se divide e os personagens se multiplicam, como se fossem diversos núcleos de interesse se desenvolvendo de forma simultânea. Há os pais do garoto, bem-sucedidos e desconfiados de um possível golpe financeiro daquela jovem humilde. Há o pai dela, que não sabe muito bem como lidar com as filhas e decide seguir pelo modo mais tradicional, distanciando-se inclusive emocionalmente quando deparado com um conflito. Há o colega deste, apaixonado e disposto até a deixar a honra de lado em nome de um acerto futuro. E no cerne disso tudo, temos a menina que virou mulher antes do tempo e que se vê afastada daquele que jurou amor eterno. Mesmo que tenha sido por apenas uma noite.
Por mais que algumas diretrizes assumidas pelo roteiro possa assustar, nada é forte o bastante em A Filha do Pai. Auteuil se baseou nos caminhos mais tranquilos e tradicionais para a feitura do seu filme, buscando agradar a todos os públicos da forma mais equilibrada possível. Isso significa também, por outro lado, que a média pelo realizador almejada lhe concedeu exatamente o esperado: a mediocridade. A despeito do bom elenco, que conta ainda com o divertido Kad Merad (A Riviera não é aqui, 2008), o competente Jean-Pierre Darroussin (As Neves do Kilimanjaro, 2011) e a revelação Nicolas Duvauchelle, um dos mais promissores nomes da nova geração francesa, este é um legítimo filme chapa branca, que mira em vários alvos sem acertar no centro de nenhum. Bonitinho, e nada mais.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Edu Fernandes | 6 |
MÉDIA | 5 |
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