Crítica
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Sinopse
Nick Cassidy é um ex-policial procurado pela justiça que decide se matar pulando do alto de um prédio de Nova York. A polícia da cidade se mobiliza e convoca a psicóloga Lydia Mercer para impedir que o sujeito se suicide. A medida que conversa com Nick vai avançando, percebe-se que a situação não passa de um jogo de cena para acobertar um plano de vingança contra David Englander, o homem que acabou com a vida do ex-policial.
Crítica
Asger Leth é um cineasta completamente desconhecido, que realizou até então somente um documentário como diretor, além de ter participado de outras produções como roteirista, assistente de direção, fotógrafo e até como ator em seu país natal, a Dinamarca. O mesmo pode ser dito de Pablo Fenjes, um roteirista venezuelano mais focado em televisão e com pouca experiência em cinema. Mas os dois, juntos, são responsáveis por um dos thrillers mais eletrizantes desse início de 2012: À Beira do Abismo, filme que entra em cartaz no Brasil e nos Estados Unidos simultaneamente, prometendo conquistar a atenção de um espectador cansado dos grandes filmes premiados da temporada e que mesmo assim quer se divertir com qualidade e competência técnica.
Nick Cassidy (Sam Worthington) chega num belo hotel no centro de Nova York, se hospeda num dos quartos com melhor vista da cidade e solicita ao camareiro uma refeição de primeira: lagosta, espumante, batatas. Depois de comer, as coisas começam a ficar estranhas: ele pega um pano e limpa tudo, eliminando todos os registros de suas impressões, desde os talheres até a maçaneta da porta. Depois abre a janela e, sem hesitar, passa para o lado de fora. Sim, ele está no parapeito, vinte andares acima do solo. Obviamente não irá demorar muito para alguém avistá-lo lá debaixo, e com isso a confusão se formar: policiais isolam a área, agentes invadem o quarto e negociadores tentam dissuadi-lo de pular. Só que o que poucos sabem é que o suicídio nunca foi uma opção para Nick. Pelo contrário, ele está ali para provar sua inocência e, finalmente, poder recomeçar sua vida.
São tantas questões levantadas na primeira metade de À Beira do Abismo que aos poucos somos levados a pensar que será difícil o filme chegar ao fim com todas as respostas nos lugares certos. Mas o melhor vem depois, quando tudo acaba e nos deparamos com incríveis surpresas e percebemos que, sim, o quebra-cabeça se encaixou à contento. Afinal, por que este homem está ali? O que ele quer com tanta atenção? Por que ele exige que somente a policial Lydia Mercer (Elizabeth Banks) negocie sua rendição? E qual o papel do irmão menor (Jamie Bell) nessa trama toda? Teria alguma relação esse episódio com o megamilionário David Englander (Ed Harris), dono da joalheria situada no outro lado da calçada? Muitos elementos são observados, diversos caminhos são apontados e outros tantas possíveis explicações surgem cabíveis, mas somente após alguns momentos de muita adrenalina e alguns absurdos indispensáveis – afinal, that’s entertainment! – o quadro estará completo. E nos veremos tão envolvidos que qualquer deslize menor será facilmente perdoado.
Outro ponto positivo de À Beira do Abismo é o seu protagonista, Sam Worthington. É muito bom vê-lo como um homem comum, literalmente diante um precipício, sem nada a perder e disposto a tudo. Até então sua persona cinematográfica era sempre o herói, seja pós-apocalíptico (Exterminador do Futuro: A Salvação, 2009), mitológico (Fúria de Titãs, 2010) ou mesmo em outro planeta (Avatar, 2009). Sem estas distrações, porém, ele convence ainda melhor, mostrando ser um ator capaz de vôos ainda mais intensos e despretensiosos. Banks é um bom apoio, assim como o resto do elenco, que apresenta ainda nomes como Anthony Mackie e Edward Burns. Com um orçamento modesto, um diretor seguro e um roteiro enxuto e redondo, sem deixar anda propositalmente solto, este é um filme que compensa à altura todo o investimento exigido, seja da produção ou do público.
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