Crítica


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Sinopse

A Revolução Russa de 1917 marcou o início de uma nova era, causando turbulência no mundo todo e transformando o pensamento político da época. Através das vozes de Lênin e Gorky, descubra as duas faces da Revolução: a teoria e a prática.

Crítica

No ano de comemoração do centenário da Revolução Russa, várias foram as produções voltadas ao tema, tanto na ficção quanto no documentário. O diretor tcheco Stan Neumann fez a opção por um estilo mais didático para criar 1917: Construindo a Revolução Russa. Ao contrário do que possa parecer, o filme não é uma simples avalanche de informações sobre um período de extrema efervescência política e artística na União Soviética. Há poesia na aula de quase uma hora proposta por Neumann.

1917: Construindo a Revolução Russa tem como fio condutor a amizade cercada de mistérios entre o líder comunista Lênin e o escritor Maxim Gorki. Assim como aconteceria em um roteiro de ficção, há um conflito entre a dupla protagonista, vivido nas páginas dos jornais onde ambos discorriam suas opiniões políticas, nem sempre entrando em acordo. Esta constante troca entre Lênin e Gorki é mostrada no documentário por meio de uma narradora, presente ao longo de toda a produção e que solta dezenas de informações, bem ao gosto dos historiadores, mas que pode se tornar cansativo para um público à espera de algo mais intenso do que um mero discurso sobre a Revolução Russa. O toque cinematográfico fica por conta das inserções de trechos animados, seguindo o estilo dos símbolos da revolução e da dramatização de textos de Gorki, bem fotografas e com uma caracterização impressionante. Gorki surge diante dos olhos do público e lê seus artigos com emoção, pena que por um espaço de tempo curto.

A opção por utilizar a relação entre Lênin e Gorki auxilia no processo de narração dos fatos que fizeram estourar a revolução, iniciados no mês de fevereiro de 1917. Ambos os personagens, importantíssimos para a conquista comunista, possuem visões diversas da causa. Teoria e prática, utopia e conflito se digladiam, nas páginas e nas ruas. Isso auxilia na conquista do espectador acostumado ao nem sempre sedutor modelo de entrevista com estudiosos do tema. 1917: Construindo a Revolução Russa têm dados, análises, arte e política em doses equilibradas.

Óbvio que nem só de Gorki e Lênin se fez a revolução. Mas Neumann conseguiu que estes dois grandes homens fossem narradores de seu filme de forma clara e até poética. Dessa forma, eles terminam por funcionar não apenas como a base na narrativa que ele pretende desenvolver, mas também como ferramenta para mostrar ao mundo duas das muitas faces que ajudaram a construir um dos momentos mais importantes da história mundial.

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é jornalista e especialista em cinema formada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Com diversas publicações, participou da obra Uma história a cada filme (UFSM, vol. 4). Na academia, seu foco é o cinema oriental, com ênfase na obra do cineasta Akira Kurosawa, e o cinema independente americano, analisando as questões fílmicas e antropológicas que envolveram a parceria entre o diretor John Cassavetes e sua esposa, a atriz Gena Rowlands.
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