Sinopse
Anna, Russell e Bernardo são três amigos que convivem juntos no trabalho. Anna e Russel decidem se separar, ela abre uma editora e ele decide ir administrar os negócios do pai. Em uma noite de bebedeira, Bernardo encontra uma caderneta que o inspira para escrever um livro. Ele apresenta o trabalho para Anna, que decide publicá-lo. O sucesso obtido com as vendas faz de Bernardo uma estrela da literatura nacional. Inesperadamente o dono da caderneta surge, fazendo ameaças.
Crítica
O cineasta carioca Eduardo Vaisman estreou como realizador com o curta-metragem Dadá (2002), pelo qual foi premiado nos festivais do Rio de Janeiro e de Havana. Mesmo com esse bom resultado, levou quase uma década para que estreasse como diretor de longa-metragem com 180 Graus, uma obra que possui pecados, mas igualmente é dona de alguns méritos. E é mais fácil perdoar estes deslizes quando não incorrem no que acaba salvando o projeto: a tentativa de criar algo diferenciado, mesmo que não inédito. E com um roteiro bem amarrado, mesmo os atores pouco convincentes, a edição atrapalhada, a trilha sonora entediante e a fotografia corriqueira não conseguem atrapalhar o prazer de assisti-lo.
Talvez seja justamente sob esse ponto de vista que seja possível considerar o trabalho de Vaisman o melhor de 180 Graus. Afinal, apesar de não dominar com tranquilidade o fazer cinematográfico, ele tem em mente de forma bem clara o que quer e busca. Desse modo, fica fácil atingir esses objetivos. Claro que essa trama sobre jogo de identidades, o questionamento da criação, o que é plágio e o que é original teria melhores resultados caso tivesse se contentado no simples, no direto, ao invés de ficar criando rodeios e situações que só confundem o espectador, ao invés de envolvê-lo. A montagem completamente fragmentada é o sinal mais evidente disso: são tantas idas e vindas que ao invés de colaborarem no sentido de gerar um mistério e um clima para o desenvolver da história, só irritam aquele que busca uma lógica naquilo tudo, uma vez que tanta invencionice termina por deixar ainda mais expostas as fragilidades de todo o contexto. E nada que é muito previsível chega a ser interessante por completo.
Anna (Malu Galli) e Bernardo (Felipe Abib) estão indo passar o fim de semana na casa de campo de Russell (Eduardo Moscovis). Aos poucos as ligações entre eles vão se tornando mais lúcidas. Ela é ex-esposa de Russell, que por sua vez foi mentor de Bernardo na redação. Todos são ex-jornalistas: ela saiu da redação para abrir uma editora, Russell largou tudo para morar no interior e Bernardo agora é um escritor de sucesso com seu livro de ficção. A questão é que esse romance só foi escrito a partir de anotações que lidas numa caderneta encontrada por acaso. Quem é o verdadeiro autor daqueles argumentos? Quem merece de fato o sucesso pelo livro publicado? O que levou cada um deles a se afastar a profissão? E como esse triângulo amoroso se sustenta até hoje, mesmo que não abertamente?
Ao experimentar tanta coisa, Vaisman até que acerta no final, mas deixa pelo caminho algumas portas abertas, entradas que antes de merecerem um fechamento nem deveriam terem sido vislumbradas. Pior, no entanto, é o desequilíbrio que se percebe entre o trio principal de atores: se Eduardo Moscovis é o nome mais conhecido, é também a interpretação menos inspirada; Galli, que já esteve melhor em filmes como Achados e Perdidos (2007) e O Contador de Histórias (2009), passa a impressão de não ter compreendido plenamente sua personagem; já Abib, o mais desconhecido dos três, é também a presença mais interessante, carismático na medida certa e maduro o suficiente para que acreditemos nele, apesar de sua pouca idade.
Premiado como Melhor Filme segundo o Júri Popular no Festival de Gramado 2010, 180 Graus ganhou também a Lente de Cristal no Festival de Miami nas categorias de Melhor Direção e de Roteiro (Cláudia Mattos). Reconhecimentos que servem ao menos para destacar um longa que, ainda que aos percalços, se diferencia no atual cenário nacional por ter como ponto forte sua história, um enredo que é válido e interessante a despeito de qualquer pormenor que o conjunto apresente. E em se falando em cinema brasileiro, isso já está de bom tamanho.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Francisco Carbone | 7 |
MÉDIA | 7 |
Boa noite, acredito que vc tenha confundido a biografia do Eduardo Vaisman, diretor de cinema carioca. Eduardo Vaisman Atividade: Diretor Cineasta carioca, formado em Comunicação Social com habilitação em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF), estudou ainda na New School for Social Research of New York, cursando Filmmakers on Filmmaking e Intensive 16mm Filmmaking I & II. Seu curta-metragem Dadá (2002), recebeu os prêmios de melhor filme e prêmio do público no Festival do Rio 2002, melhor curta no Festival Internacional del Nuevo Cine Latino Americano (Havana), Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira (Portugal) e no Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade 2002. Dirigiu ainda Apartamento 601 (1992) – prêmio de melhor diretor e melhor atriz no Festival de Gramado – e Dedicatórias (1997) – prêmio de melhor diretor, atriz (Zezé Polessa) e ator (Elias Andreato) no Rio Cine Festival (1997) e melhor atriz nos Festivais de Gramado, Brasília e Vitória –, entre outros. Já dirigiu programas para o Canal Futura, GNT, Multishow, TVE, além de campanhas publicitárias e institucionais. Em 2010, lançou seu primeiro longa-metargem – 180 graus –, no Festival do Rio. Filmografia selecionada: 180 graus (2010) Dadá (2002). Curta-metragem. Prêmios de melhor filme e prêmio do público no Festival do Rio 2002. Prêmio de melhor curta no Festival Internacional del Nuevo Cine Latino Americano (Havana), Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira (Portugal) e no Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade 2002. Dedicatórias (1997). Curta-metragem. Prêmio de melhor diretor, atriz Zezé Polessa) e ator (Elias Andreato) no Rio Cine Festival (1997). Prêmios de melhor atriz nos Festivais de Gramado, Brasília e Vitória. Apartamento 601 (1992). Curta-metragem. Prêmio de melhor diretor no Festival de Gramado.