Crítica


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Sinopse

O milionário francês Hugo Drax está envolvido no roubo de componentes para a construção de foguetes. Ambicioso, o magnata pretende destruir a raça humana, fugir para o espaço e lá começar tudo de novo, com uma nova e "melhorada" raça que estaria a seu comando.

Crítica

Aparentemente, a missão de James Bond (Roger Moore) em 007 contra o Foguete da Morte é apenas encontrar o ônibus espacial norte-americano que, sob a responsabilidade do governo britânico, foi sequestrado em pleno voo, numa operação audaciosa. Como em outros exemplares da franquia, veremos que tudo não passa de uma cortina de fumaça. O inimigo a ser combatido é Hugo Drax (Michael Lonsdale), vilão cujos planos megalomaníacos envolvem uma orquídea rara encontrada na Amazônia e algo que orbita, na surdina, a atmosfera terrestre. Claro, Bond encontrará belas mulheres com generosos decotes e olhares sedutores pelo caminho. A principal delas é a doutora Holly (Lois Chiles), funcionária das empresas Drax, que se releva uma agente da CIA disposta a colaborar com o MI6.

Algo evidente desde o início em 007 contra o Foguete da Morte é a frouxidão do roteiro. Parece que o filme está constantemente enrolando o espectador, mesmo quando há ação. A viagem de Bond para Veneza envolve todo tipo de absurdo, sendo o mais tosco deles a gôndola com motor de lancha que depois vira veículo terrestre. Derrubado o primeiro assecla de Drax, um japonês que mais grita do que bate, volta à cena um dos capangas mais legais de toda série: Jaws (Richard Kiel), “armário” de dois metros e vinte de altura com arcada dentária de aço. Depois da Itália, 007 vem ao Brasil. Embora muita coisa aconteça no Rio de Janeiro, fica a impressão de o cenário ter sido escolhido mais pelo potencial exótico que por qualquer atributo verdadeiramente funcional. Bond desembarca no país durante o carnaval, com direito a eventos diretamente influenciados por foliões alheios ao perigo.

Ainda no Brasil, em meio a merchandisings descarados, o famoso embate entre 007 e Jaws no bondinho do Pão de Açúcar, mistura de chroma key e dublês escondidos por rápidos movimentos de câmera. Até aí, o roteiro continua andando em círculos, cheio de informações importantes soterradas por situações involuntariamente risíveis. Roger Moore não ajuda muito, pois, sem carisma para interpretar o agente secreto, acaba criando uma caricatura de espião. 007 contra o Foguete da Morte é um filme meio preguiçoso que só suscita real interesse próximo do fim. Na estação espacial do lunático que pretende acabar com a raça humana, para depois reestruturá-la apenas com quem considera superior, Bond parte para briga, sem tantos momentos de enrolação como visto até ali.

Entretanto, a alegria dura pouco. Justo quando a trama entra mais ou menos nos eixos, acontece o maior instante de constrangimento do longa. Talvez influenciados na época pelo sucesso de Star Wars, os produtores/equipe resolveram tornar tudo ainda mais inverossímil, fazendo os astronautas da NASA e os empregados de Drax duelarem com armas lasers. 007 contra o Foguete da Morte possui poucas coisas positivamente memoráveis. Para nós, brasileiros, é interessante ver James Bond em missão por aqui, ainda que sua passagem seja repleta de estereótipos. Infelizmente, no geral, esta é uma realização que não faz jus à mítica de Bond, personagem que estreou nos cinemas em 007 contra o Satânico Dr. No (1962), perpetuando-se ao longo dos anos a despeito até mesmo de aventuras menores como esta que o coloca contra os perigos terrenos que vêm do espaço.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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