Estreia prevista para 07/02/2019
Após vencer o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com o excelente Ida (2013), o cineasta Pawel Pawlikowski desembarca em fevereiro no circuito comercial brasileiro com Guerra Fria, longa-metragem multipremiado, exibido por aqui na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2018 e no Festival do Rio de 2018. Ambientada nos anos 50, entre a Polônia stalinista e a Paris boêmia, a produção é focada no amor entre o maestro Wiktor (Tomasz Kot) e talentosa cantora Zula (Joanna Kulig), envolvimento perpassado por todo cenário sócio-político da época, influenciado por essa realidade de tensões ainda efervescentes no âmbito geopolítico. O primeiro ponto a ser ressaltado é a qualidade do roteiro, cuja síntese dá conta de esquadrinhar cerca de 15 anos desse envolvimento em menos de 90 minutos. O segundo predicado gritante é a fotografia. Mesmo delimitada pela imagem quadrada, sem recorrer, portanto, ao scope, a esfera imagética se torna tão imprescindível ao resultado quanto o talento dos intérpretes. Há uma composição de quadro rígida, na qual a beleza não é um elemento condicionado a certa cosmética, pelo contrário, pois frequentemente se encarrega de potencializar a melancolia vigente. Preste atenção especialmente numa cena transcorrida em dia de festa, com a câmera se aproximando lentamente de Tomasz Kot. Há algazarra rolando aparentemente atrás dele. Apenas a chegada de outra personagem nos mostra a ilusão, ou seja, que o sujeito está de costas para um espelho e, portanto, a comemoração se desenrola na sua frente. Um primor. Coloque na sua agenda, reserve um tempo para Guerra Fria, pois o filme merece demais ser visto e debatido.
:: Confira a crítica de Marcelo Müller sobre Guerra Fria::
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