Num ano como o de 2017, no qual muito tem se falado – e discutido – sobre artistas e suas obras, na maior parte dos casos confundindo o valor de um com o outro, tendo como exemplos pontuais as condutas pessoais dos diretores Roman Polanski e Woody Allen, um grande nome parece ter dado margem com sua postura a um debate semelhante em âmbito nacional: Vladimir Carvalho. Pois o renomado documentarista fazia parte do júri oficial do Cine PE, ao lado da atriz Naura Schneider e do Secretário Municipal de Cultura de Londrina, Caio Julio Cesano, que, numa decisão equivocada e lamentável, premiou este arremedo de documentário como o Melhor Filme do evento neste ano. Uma escolha, obviamente, partidária e de visão limitada, que mais serviu para prejudicar a imagem do festival do que para enaltecer as supostas qualidades do longa dirigido por Josias Teófilo. O tom assumidamente embevecido do realizador em direção ao seu objeto de estudo, o pseudo-filósofo Olavo de Carvalho, deixa claro, logo nos primeiros instantes de projeção, estar ele interessado muito mais em fazer política do que cinema. Este filme, portanto, é o retrato maior de até que ponto pode chegar a vergonha em relação à produção cinematográfica fruto deste país. De fotografia publicitária e montagem preguiçosa, que privilegia a reação imediata em detrimento de um alcance mais permanente, tem-se aqui um produto cujo único objetivo é catequisar os já iniciados, servindo de repulsa e ojeriza a qualquer espectador desavisado. Um resultado de embrulhar o estômago, que merece ser relegado ao esquecimento, dado o potencial pernicioso que carrega, além de ser inteiramente desprovido de qualquer mérito além do seu discurso que possa ser defendido em um debate mais analítico e menos tendencioso. Constrangedor, portanto, é o mínimo a ser dito a respeito.
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