Depois da confusão que fez as estrelas Faye Dunaway e Warren Beatty entregarem erroneamente o Oscar de Melhor Filme para La La Land: Cantando Estações, o verdadeiro vencedor, Moonlight: Sob a Luz do Luar, normalmente só é lembrado como o pivô da polêmica. O erro crasso da organização não foi somente um mero constrangimento para os envolvidos e nem mesmo apenas uma gafe histórica que virou notícia e meme nas redes sociais. O tropeço, infelizmente, custou a atenção do público tanto aos discursos dos premiados quanto ao filme em si. O longa, escrito e dirigido por Barry Jenkins a partir da peça autobiográfica de Tarell Alvin McCraney, teve suas temáticas e méritos narrativos sufocados pela burburinho do engano. Pouco é falado que se trata de um filme LGBT que venceu a principal estatueta do Oscar, ou que é um exemplar sobre pessoas negras, conduzido por um cineasta negro e baseado na peça de um autor negro. Essas análises da importância representativa do projeto ficaram mais relegadas aos sites e blogs especializados, escapando às grandes manchetes, onde deveriam estar. Pois o filme acompanha a trajetória de um menino muito pobre da periferia através de três momentos distintos da sua vida: aos 9 anos, quando se descobre “diferente” (ele gosta de outros meninos) e é chamado de Little; na adolescência, quando adota seu verdadeiro nome, Chiron; e já adulto, quando atende pela alcunha de Black. Quieto e introspectivo, o protagonista cresce tanto nas mãos dos atores que lhe dão vida quanto nas de Barry Jenkins e da sua equipe, que constroem uma fotografia belíssima para ressaltar a delicadeza desse personagem em contraste com o mundo brutal que o cerca – e figurinos e design de produção também se juntam nesse intuito, usufruindo das potências audiovisuais. Isso sem contar a participação devidamente oscarizada do sempre ótimo Mahershala Ali.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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