Que Tom Cruise é um dos maiores nomes de Hollywood, disso ninguém duvida. Agora, qual é o melhor filme por ele estrelado? Ou qual fez mais dinheiro nas bilheterias? Ou qual é mais adorado pelos fãs? E qual foi mais premiado? Às vésperas do lançamento de Jack Reacher: Sem Retorno (2016), longa que dá sequência ao sucesso Jack Reacher: O Último Tiro (2012) e inicia uma nova franquia para o galã, fomos investigar quais são os dez títulos mais “importantes” da carreira do astro. E com 39 obras lançadas (incluindo essa mais recente) até hoje, garantimos que essa pesquisa não foi fácil.
E isso porque usamos uma fórmula não muito simples, mas que tem seu valor. Primeiro, fomos atrás de cinco quesitos técnicos: (1) bilheteria mundial, (2) crítica, (3) premiações, (4) popularidade e (5) base de fãs. Para tanto, recorremos aos sites Box Office Mojo, Rotten Tomatoes e IMDb, que nos apontaram os longas que mais venderam ingressos, tiveram melhores avaliações dos críticos de cinema, foram mais premiados e/ou indicados a prêmios, foram mais votados e tiveram a melhor média de performance junto ao público.
Depois, partimos de outros cinco quesitos, estes mais perceptivos: (1) Direção, (2) Elenco, (3) Protagonista, (4) Originalidade e (5) Potencial Cult. Ou seja, trabalhos feitos com cineastas de renome, ao lado de atores e atrizes com talentos reconhecidos, diferenciando aqueles em que Cruise aparece como personagem principal ou como coadjuvante, propostas inovadoras (nada de franquias ou continuações) e tenham demonstrado ao longo dos anos mérito suficiente para serem seguidamente apreciados, com valores além daqueles observados no momento de suas estreias nos cinemas. Assim, chegamos aos dez trabalhos fundamentais da carreira de Tom Cruise. Confira!
10. Nascido em 4 de Julho (Born on the Fourth of July, 1989)
Até então somente um ídolo adolescente, este foi o primeiro trabalho de Cruise que revelou uma vontade de ir além da superfície, se aprofundando no personagem que tinha em mãos. Para tanto, levou a jornada real do veterano do Vietnã Ron Kovic às telas, conquistando, assim, sua primeira indicação ao Oscar. Além de trabalhar sob o comando de Oliver Stone, Cruise ganhou o Globo de Ouro e recebeu sua única indicação ao Bafta até hoje. Além disso, foi eleito um dos melhores do ano pela Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA e pelos Críticos de Nova Iorque. Um título marcante que repercute até hoje entre os fãs, no qual abriu mão inclusive da beleza física, assumindo-se como cadeirante, tal qual o protagonista da história. Um belo trabalho de imersão, que até hoje repercute como um dos grandes desempenhos de sua carreira.
09. Entrevista com o Vampiro (Interview with the Vampire, 1994)
Ao levar para as telas o icônico vampiro Lestat da escritora Anne Rice, Cruise assumiu dois desafios ao mesmo tempo. Primeiro, dividiu o protagonismo do filme com um outro astro, este até então em ascensão: Brad Pitt! E segundo, por dar vida ao primeiro vilão de sua carreira. Com a condução magistral de Neil Jordan, os galãs ainda se cercaram de outros nomes de peso – Antonio Banderas, Stephen Rea, Christian Slater, Thandie Newton e uma jovem Kirsten Dunst – em uma produção que recebeu duas indicações ao Oscar. Cruise foi apontado como um dos melhores atores do ano pela Academia de Cinema de Horror, Fantasia e Ficção Científica, no MTV Awards (que lhe deu três indicações – Melhor Vilão, Homem Mais Desejado e Dupla, ao lado de Pitt) e no Fangoria Chainsaw Awards. Adorado pelos fãs dos livros, mesmo tendo arrecadado mais de US$ 220 milhões ao redor do mundo, não foi suficiente para a realização de uma sequência à altura (melhor esquecer a bobagem A Rainha dos Condenados, 2002, feita com outro elenco).
08. Magnólia (Magnolia, 1999)
Muitos poderão apontar este como o último suspiro de Cruise em assumir projetos não comprometidos com o retorno do público. Dirigido pelo mestre Paul Thomas Anderson como apenas mais uma peça de uma grande engrenagem, o astro conseguiu se destacar atuando ao lado de nomes como Julianne Moore, Philip Seymour Hoffman, Alfred Molina e John C. Reilly. Com isso, garantiu sua terceira – e até hoje última – indicação ao Oscar, porém dessa vez como Coadjuvante. Premiado com o Globo de Ouro, concorreu também ao Screen Actors Guild Award e ao Satellite, além de ter sido reconhecido pela Associação de Críticos Online e pelos Críticos de Chicago. Por outro lado, este filme representa um dos piores desempenhos de bilheteria de toda a sua carreira (menos de US$ 50 milhões em todo o mundo). Ainda assim, é um marco em sua filmografia (a segunda melhor avaliada pelo público) e um trabalho que permanece tão atual hoje quanto na época em que foi lançado, há quase duas décadas.
07. Colateral (Collateral, 2004)
Ainda que o verdadeiro protagonista do filme seja Jamie Foxx, as atenções estiveram todas em Tom Cruise – que apareceu grisalho e envelhecido como um assassino profissional. Tanto que Foxx acabou concorrendo ao Oscar como Coadjuvante, enquanto que Cruise foi indicado ao prêmio da Academia de Cinema de Horror, Fantasia e Ficção Científica, ao Empire Awards, aos Críticos de Kansas, ao MTV Movie Awards, ao Teen Choice Awards, à premiação dos Críticos Italianos e ao Golden Schmoes Awards como Melhor Ator. Neste thriller conduzido com mão firme por Michael Mann, os dois estão juntos em uma noite de muitas surpresas e perigos, contando com participações de destaque de Jada Pinkett Smith, Mark Ruffalo, Peter Berg e Javier Bardem. Um projeto que tinha tudo para ser arriscado, mas que acabou se revelando um dos grandes acertos do ator também junto ao público, com um faturamento de mais de US$ 217 milhões. O frenesi do seu lançamento parece ter se dissipado ao longo dos anos, e hoje é visto como uma das grandes surpresas de sua filmografia.
06. Missão: Impossível – Protocolo Fantasma (Mission: Impossivel – Ghost Protocol, 2011)
Este é o filme que mostrou ao mundo que Tom Cruise ainda estava no jogo. Quarto episódio de uma franquia que começava a dar sinais de cansaço (o terceiro capítulo é o de menor retorno de público), este, por outro lado, acabou se mostrando como o maior sucesso financeiro de toda a carreira do astro, com uma arrecadação de quase US$ 700 milhões em todo o mundo! O retorno foi tão positivo que deu sinal verde para mais uma sequência (o quinto longa da série chegou perto, mas não superou a bilheteria deste), além de colocar o protagonista ao lado de um verdadeiro time de heróis, como Paula Patton, Simon Pegg e Jeremy Renner. Cruise foi novamente apontado como Melhor Ator do ano pela Academia de Cinema de Horror, Fantasia e Ficção Científica, além de ter somado indicações ao MTV Movie Awards, Kid’s Choice Awards e Teen Choice Awards, o que revelou um grande crescimento de sua popularidade junto a uma nova geração, justamente quando completava trinta anos de carreira – e quase cinquenta de vida!
05. O Último Samurai (The Last Samurai, 2003)
Este filme representa um caso curioso. Ainda que não seja particularmente marcante, nem tenha no comando um grande diretor – Edward Zwick é o mesmo do recente Jack Reacher: Sem Retorno – é uma obra com um grande número de fãs (é um dos mais votados e com uma das melhores avaliações do público). Protagonista absoluto, Cruise chegou a ser indicado ao Globo de Ouro como Melhor Ator em Drama, mas teve em grande parte sua performance eclipsada pela do colega de elenco Ken Watanabe, que não só foi também indicado ao Globo, como ainda ao Oscar, ao Screen Actors Guild e ao Critics Choice! Com um desempenho impressionante nas bilheterias – mais de US$ 450 milhões ao redor do mundo – ainda mais se tratando de uma trama original, trouxe algo novo à filmografia do astro: os elementos orientais, que colaboraram de forma decisiva a aumentar sua fama no exterior, mostrando uma preocupação tanto de homem de negócios (este foi um dos seus primeiros trabalhos como produtor) como também no interesse de oxigenar sua carreira.
04. Rain Man (1988)
O Oscar pode ter ido para Dustin Hoffman – o protagonista do filme – mas Cruise não passou desapercebido (tanto que foi premiado pelos críticos de Kansas como Melhor Ator Coadjuvante do ano). Mostrando uma determinante vontade de crescer e melhorar como artista, a associação com Hoffman foi a segunda neste estilo de sua carreira – após o trabalho ao lado de Paul Newman (também premiado pela Academia como Melhor Ator) em A Cor do Dinheiro (1986) – e antes das parcerias que estabeleceria no decorrer dos anos com veteranos como Jack Nicholson, Robert Duvall, Vanessa Redgrave, Meryl Streep e Robert Redford, entre outros. Além de ser o único longa de toda a sua filmografia a ter ganho o Oscar de Melhor Filme – outros dois foram indicados – este é o seu trabalho mais bem avaliado pelo público (nota 8,0), recebido com entusiasmo pela crítica especializada, votado por quase 400 mil fãs e responsável por um montante de mais de US$ 350 milhões nas bilheterias mundiais.
03. No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow, 2014)
Mais uma vez Cruise mostrou uma vontade quase insuperável de oferecer algo de novo aos seus fãs: e que acerto foi esse! Baseado no livro All You Need is Kill, de Hiroshi Sakurazaka, o astro aparece ao lado de Emily Blunt e Brendan Gleeson como um militar do futuro preso em uma armadilha do tempo. Com roteiro do oscarizado Christopher McQuarrie (Os Suspeitos, 1995), rendeu ao protagonista mais uma indicação como Melhor Ator na premiação da Academia de Cinema de Horror, Fantasia e Ficção Científica (ele já concorreu dez vezes, mas só ganhou por Vanilla Sky, 2001). O desempenho nas bilheterias foi bom (mais de US$ 370 milhões), ficando entre os dez melhores de sua carreira, mas o impacto mesmo veio das avaliações da crítica (é o quarto melhor filme dele na opinião dos especialistas) e dos admiradores: é o mais votado de toda a sua filmografia (mais de 445 mil fãs) e, com média 7,9, fica atrás apenas de Rain Man e Magnólia, ambos empatados com nota 8,0.
02. Jerry Maguire: A Grande Virada (Jerry Maguire, 1996)
A nota média do público é boa (7,3), mas não espetacular. Com 193 mil fãs, tem uma aprovação alta, mas não entre as de maior destaque. Na primeira vez em que esteve sob o comando de Cameron Crowe, Cruise, no entanto, conseguiu talvez aquela que seja apontada como a melhor performance de sua carreira, recebendo sua segunda indicação ao Oscar como Melhor Ator (a última nessa categoria) e vencido o Globo de Ouro (como Melhor Ator em Comédia). Concorreu ainda ao Screen Actors Guild e ao Critics Choice, além de ter ganho o National Board of Review, o Satellite e o MTV Movie Awards. Com mais de US$ 270 milhões nas bilheterias mundiais, trata-se de uma história original, em que ele é o protagonista absoluto, porém cercado de jovens talentos (Renée Zellweger, Cuba Gooding Jr), numa história repleta de frases de efeito (quem consegue esquecer o “show me the money”?) e uma trama cativante sobre superação e boa vontade. Indiscutivelmente, um dos pontos altos de sua carreira, em um desempenho louvável sob qualquer prisma de avaliação.
01. Minority Report: A Nova Lei (Minority Report, 2002)
O mais importante filme da carreira de Tom Cruise preenche todos os requisitos de um sucesso inesquecível. Senão, vejamos. Campeão de bilheteria (com mais de US$ 358 milhões, fica em nono lugar em sua filmografia), tem avaliação de 90% junto à crítica especializada e de 7,7 junto ao público, tendo merecido mais de 407 mil votos. Este primeiro trabalho sob o comando do mago Steven Spielberg lhe rendeu mais uma indicação à Academia de Cinema de Horror, Fantasia e Ficção Científica, além de ter ganho o Empire Awards como Melhor Ator do ano. Esta aventura original, baseada num conto de Philip K. Dick (o mesmo autor de Blade Runner: O Caçador de Androides, 1982), coloca Cruise como um policial, capaz de prender bandidos antes mesmo que esses cometam seus crimes, que se vê envolto em uma perigosa conspiração. Ao seu lado estão tanto jovens talentos – Colin Farrell, Samantha Morton – como veteranos de respeito – Max von Sydow. Trata-se de uma produção de tanto prestígio que até mesmo nomes como Paul Thomas Anderson, Cameron Crowe e Cameron Diaz foram convidados a fazer participações não-creditadas. Um feito e tanto, que pode ter gerado muitos imitadores, nenhum, no entanto, à altura da emoção e excelência aqui encontradas.
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