A notícia da morte de Nelson Xavier em 2017 não poderia ter nos deixado mais entristecidos. Além da perda humana irreparável, o artista estava num dos momentos mais interessantes da sua carreira, enfileirando trabalhos imperdíveis no cinema. Xavier sempre foi muito ativo na telona, mas seus papéis recentes em Chico Xavier (2010), A Despedida (2014) e Comeback (2017) mostravam um ator muito interessado em se desafiar, em não fazer o mais do mesmo. Claro que se formos olhar para trás em sua carreira, essa característica já se encontrava em diversos de seus títulos mais famosos. Nascido em 30 de agosto de 1941, em São Paulo, Xavier estreou no cinema aos 18 anos, dirigido por Walter Hugo Khouri em Fronteiras do Inferno (1959). Logo depois, um pequeno papel em Cidade Ameaçada (1960) fez com que estreasse em Cannes. Os Fuzis, (1963) terceiro longa de sua filmografia, foi exibido em Berlim. Ou seja, o ator, além de talento ímpar para atuação, sabia muito bem escolher seus projetos. Dentre seus trabalhos memoráveis, destacam-se desde os contundentes Dois Perdidos Numa Noite Suja (1971) e A Queda (1978, no qual assina como diretor ao lado de Ruy Guerra), até os sucessos Vai Trabalhar Vagabundo (1973), Dona Flor e seus Dois Maridos (1976), Eles Não Usam Black-Tie (1981), O Cangaceiro Trapalhão (1983), no qual interpretou um de seus mais conhecidos papéis, Lampião), Gabriela: Cravo e Canela (1983) e Luar sobre Parador (1988). Depois de um período mais voltado à televisão, Xavier retornou ao bom momento cinematográfico ao encabeçar Chico Xavier, defendendo o personagem título. Nelson Xavier faleceu em 10 de maio, em Minas Gerais, vítima de câncer no pulmão.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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