A cinematografia brasileira olhou relativamente pouco a partes importantes de sua História, mais especialmente às sagas colonizatórias/migratórias que fazem parte da nossa fundação. O Quatrilho (1995), que em 2020 completa exatos 25 anos de seu lançamento, se passa no começo do século 20, na serra gaúcha, um dos berços da colonização italiana no país, e tem base no livro publicado em 1985 pelo escritor José Clemente Pozenato. Nascido em Caxias do Sul, cidade que viria a ser um dos cenários dessa superprodução assinada pela LC Barreto, de Luiz Carlos e Lucy Barreto, o autor criou a trama de casais amigos que, por conta das traquinagens dos corações envolvidos, acabam sendo trocados. A mulher sonhadora, aquela que ansiava mais que uma vida campestre e orientada por acúmulo de dinheiro, deixa o marido trabalhador e empreendedor para ficar com o sócio galanteador propenso às artes e ao bom viver. A mulher deste, tão pragmática quando o compadre igualmente abandonado, não se faz de rogada e parte à sedução do largado, enfrentando inclusive os olhares censórios de uma comunidade muito orientada pela carolice.
“Dona Lucy Barreto uma vez me disse que se tratava quase de um filme etnográfico”, afirma o escritor José Clemente Pozenato na conversa que tivemos com ele por telefone. E não deixa de ser verdade. Passados mais de 25 anos, talvez os aspectos pungentes de O Quatrilho sejam justamente os que dizem respeito à sua capacidade de representar os costumes e tudo que vem a reboque da tradição ainda impressa nessas cidades da serra gaúcha. Para quem conhece a região, mas, principalmente, a quem nela nasceu (como o autor deste artigo), fica evidente que havia uma vontade balizadora de fazer a história de amor ter um pano de fundo o mais fidedigno possível. E Pozenato foi peça importante para que isso se mantivesse constantemente no horizonte: “Durante as filmagens, minha participação foi mais no sentido de orientar para que se fizessem registros realistas da cultura local. Na época, já era pesquisador dos costumes e das tradições das comunidades ítalo-brasileiras do Sul do Brasil. E isso foi importante no momento de definirmos cenários, figurinos e locações”. Deu certo, tanto que isso norteia bastante o filme embalado pela voz de Caetano Veloso entoando Mérica Mérica, canção que toda criança da serra conhece.
O Começo
“Quem intermediou o meu contato com a LC Barreto foi a Ítala Nandi, atriz caxiense que então morava no Rio de Janeiro. Ela esteve por aqui para visitar a família e passar o Natal. Ganhou o livro, acabou lendo no litoral gaúcho, para onde foi logo depois, e pensou na hora que daria um filme. Ítala me ligou perguntando se poderia fazer contatos no Rio para ver se encontrava uma produtora interessada”, disse Pozenato, assim apontando à gênese da adaptação. Já Lucy Barreto, uma das produtoras mais importantes do Brasil, desdobrou a maneira com a qual o projeto lhe chegou: “A Ítala Nandi nos trouxe o livro. Queria viver a Pierina numa adaptação. Mas eu disse que ela não tinha mais a idade para viver essa personagem. Não poderíamos fazer esse filme com casais de 30 anos. O Pozenato estava de acordo conosco (…) O Fábio (Barreto, o diretor do filme) se apaixonou pela história. Me apaixonei também. Achei que era o filme certo para recomeçar. Falava de amor, mas ao mesmo tempo de muito entusiasmo pela vida. A batalha dos personagens era exatamente o que travávamos naquele momento no cinema. Eu e Luiz Carlos achamos que o filme seria difícil, mas depois de ir pela primeira a Caxias do Sul achei que era possível. Tínhamos um dinheiro muito limitado, então eu precisava de conseguir o máximo na cidade. Ao todo, foram seis meses de preparação e oito semanas de filmagem, um capítulo bonito da LC Barreto”.
O cenário sócio-político-econômico era complicado. O cinema brasileiro engatinhava num processo lento de Retomada. Depois que Fernando Collor de Mello acabou com a Embrafilme e diversos órgãos ligados ao cinema em 1990, houve um período de estiagem. Pouquíssimos filmes produzidos, festivais incorporando mostras latinas por falta de exemplares brasileiros suficientes (a exemplo do Festival de Gramado) e uma sensação de que tudo estava gravemente ameaçado. Sob a batuta de Itamar Franco, presidente que tomou posse após o processo de impeachment de seu predecessor, as coisas começaram a tomar novos rumos e a luz no fim do túnel se insinuou. Mas, Lucy nos contou como foi importante, mesmo assim, o envolvimento da cidade de Caxias do Sul – a maior da serra gaúcha, reconhecida por sua produção metalúrgica e de hortifrutigranjeiros, a chamada Pérola das Colônias – para que o filme de fato acontecesse. “Na verdade, foi um filme que me ensinou muita coisa. Tive de reaprender a produzir. Evidentemente, não teria sido possível sem a população de Caxias do Sul e, especialmente, o empenho do Nestor Perini, então presidente da associação comercial da cidade. Ele fez uma convocação de vários setores para que eles também contribuíssem. Para a direção de arte, precisávamos de móveis da época, panos, roupa de cama e outros materiais. Então, o engajamento da cidade foi imprescindível. Morei em Caxias do Sul por seis meses”.
E quem se lembra bastante daquele tempo de vacas magras é a atriz Patrícia Pillar, uma das protagonistas, com quem conversamos por e-mail: “Foi um momento duríssimo para o nosso cinema. O fim da Embrafilme, determinado pelo Collor, se parece um tanto com a situação em que nosso cinema se encontra hoje com a asfixia na ANCINE promovida por este governo. Agora, estávamos produzindo mais de 100 filmes por ano e com uma entrada espetacular nos festivais internacionais com prêmios importantíssimos. Uma pena que, de novo, nosso governante não tenha a menor noção da importância da cultura para um povo e seu país. Nós voltaremos!”.
O Elenco
“Não tive participação na escolha do elenco. Só recebi os comunicados. O Fábio me dizia em quem pensava para os papeis, mas o deixei com total liberdade. Com relação aos atores do grupo teatral Miseri Coloni (grande parte do elenco de apoio), eles estavam encenando uma peça sobre O Quatrilho, falada em talian (dialeto). O Fábio resolveu ver a peça e depois disso os convidou para fazer parte do filme. Aliás, talvez a cena mais dramática cena do longa, a da Pierina enfrentando o padre, não estava no roteiro da adaptação, o Fábio tirou dessa peça”, diz José Clemente Pozenato. Diante de uma produção com esse grau de risco, afinal de contas estamos falando de um filme de época, com múltiplos cenários, figurinos, um esforço realmente complexo para tratar de assuntos universais dentro de um ambiente peculiar, era preciso também ter certas “garantias”. E elas eram Patrícia Pillar e Glória Pires, àquela altura conhecidas e que acabaram oferecendo contrapontos aos parceiros de cena, os desconhecidos Alexandre Paternost e Bruno Campos. “Patricia e Gloria se dedicaram muito ao filme. O Alexandre e o Bruno não tinham tanta experiência, a não ser no teatro. As duas se esmeraram para equlibrar”, comenta Lucy.
Aliás, para efeitos de registro, tentamos contato com Alexandre Paternost, Bruno Campos e Glória Pires para construir a matéria, mas não houve sucesso nessas tentativas. Patrícia fala com saudade daquele tempo de resistência: “Muitas lembranças maravilhosas. Chegamos à cidade 40 dias antes de começar as filmagens. Tínhamos de aprender o sotaque da região, um sotaque muito difícil da área de Vêneto. Tivemos de assimilar as danças regionais e visitamos vários colonos. Todo esse processo foi incrível porque conhecemos muitas pessoas, muitos atores da região e também o maestro que nos ajudou muito (Renato Filippini). Conhecer pessoas é melhor coisa do trabalho do ator. Cada vez que a gente se aproxima de uma nova realidade, nosso próprio mundo fica mais rico. Sobre o dialeto (na região se fala uma mistura de dialetos italianos), Lucy igualmente sinaliza a importância de trata-los com afinco: “A linguagem foi outra dificuldade. Queríamos que ela fosse realmente a da época, A pesquisa foi muito grande. Tivemos uma coach de diálogos, disponível especialmente para os quatro protagonistas a fim de garantir essa verdade”.
Outro que recorda saudoso é o ator Zé Victor Castiel, único profissional entre os gaúchos em cena. Vale lembrar que parte dos coadjuvantes imediatos e figurantes faziam parte de grupos amadores teatrais de Caxias do Sul e região, entre eles o mencionado Miseri Coloni. “Eu tinha recém-terminado de rodar a minissérie Incidente em Antares, aí me chamaram para fazer esse personagem, o dono da venda. Eu era o único profissional gaúcho entre os atores. Meus sets foram todos internos, ali onde é o parque da Festa da Uva (Nota da redação: a festividade mais tradicional de Caxias do Sul – o local é no espaço urbano da cidade). Eles transformaram o lugar num daqueles armazéns que a gente chamava de Secos e Molhados. Foi tudo muito tranquilo, uma experiência muito prazerosa”.
Aliás, o próprio Pozenato faz uma observação pontual acerca dos métodos do elenco: “Achei curioso que os atores não quiseram aprender o jogo Quatrilho, mas a gesticulação. O Alexandre Paternost fica com os braços presos, a mão enfiada no bolso, acanhado. E um crítico chegou a escrever que ele se sente mal em cena, não percebendo que aquilo era encenação, para imitar o acanhamento de um colono. Ele vai mudando a postura física na medida em que avança nos negócios. Considero o desempenho dele primoroso, apesar de algumas críticas negativas (risos)”.
A direção de Fábio Barreto
Fábio Barreto não era nenhum iniciante quando resolveu conduzir O Quatrilho. Nascido em 1957, portanto em 1994 com 37 anos, ele dirigira desde os 20 anos de idade e àquela altura já tinha até longas-metragens no currículo. Todavia, o escopo do filme ambientado na serra gaúcha era completamente diferente, os desafios surgiam de diversas fontes, mas ele perseverou e é lembrado com saudosismo por antigos colaboradores. Vale destacar que Fábio infelizmente morreu no dia 20 de novembro de 2019, aos 62 anos, após a longa jornada de quase uma década em coma decorrente de um acidente automobilístico no Rio de Janeiro. “O que mais ficou foi o lado amoroso com que o Fábio fazia cinema. Uma dedicação não apenas ao filme, mas aos atores, aos técnicos. No set, o Fábio trazia amor para todo mundo, pregava uma harmonia”, lembra com carinho sua mãe/produtora Lucy.
Já Patrícia destaca o método do cineasta: “O Fábio foi um diretor que, durante todo processo, nos escutou muito. Nós fazíamos muitas reuniões e ensaios e nos sentíamos muito acolhidos. Sempre foi compreensivo e afetuoso. Seguro do que queria artisticamente, mas sempre muito aberto aos nossos questionamentos”.
“O Quatrilho abria comigo cantando. A cena ficou linda. Eu cantava uma música em dialeto, aí a câmera saía de mim, numa grua, e já revelava a festa de casamento. Mas, o Fábio achou muito parecido com Um Violinista no Telhado (1971). Nem fiquei frustrado, nem nada, com essa exclusão, pois sou obediente. Sou autodidata, me encarrego de fazer minha parte. Não quero me responsabilizar por aquilo que não fiz”, recorda Zé Victor Castiel.
Produção e Trama
O Quatrilho foi filmado nas cidades de Caxias do Sul (em sem seus distritos de Forqueta e Ana Rech), Farroupilha (sobretudo a famosa cena da cascata, no Salto Ventoso), Bento Gonçalves, Antônio Prado e Carlos Barbosa. Foi um verdadeiro acontecimento na região. Como bem disse anteriormente Lucy Barreto, especialmente Caxias do Sul se mobilizou para fazer com que a produção tivesse suas necessidades atendidas. Empresariado local e prefeitura colaboraram com a LC Barreto, incorrendo numa dinâmica de ganhos bilaterais. O filme teve garantida uma série de elementos e insumos que o tornam mais rico (com bem menos orçamento). A cidade ganhou visibilidade e se candidatou a palco de outras obras. A veracidade supracitada foi obtida pela inteligência da LC Barreto de utilizar o conhecimento de historiadores e demais estudiosos da região a fim de tornar crível a atmosfera do filme.
Embora estejamos diante da trama amorosa que, se deslocada a outro contexto continuaria sendo centralizada num imbróglio controverso, a ambientação na serra gaúcha, mas, e, principalmente, a forma como são designados gestos, características, entendimentos históricos e a fins torna o filme repleto de personalidade. “O filme poderia se passar em qualquer lugar e a história é contemporânea. Se minha mulher me deixar para ficar com meu compadre hoje, vai ser algo controverso do mesmo jeito. Ainda mais se eu me juntar logo em seguida com a esposa dele. Por mais que estejamos falando de uma sociedade tradicionalista como a italiana do início do século 20, a trama é orientada por um imbróglio atemporal, o que nos diz muita coisa”, comenta Zé Victor.
A Estreia e a Repercussão
No dia 21 de agosto de 1995, O Quatrilho teve uma pré-estreia especial no atualmente “falecido” Cine Imperial, na cidade de Caxias do Sul. Aliás, registros da época dão conta de que para a ocasião a sala foi reformulada, com a aparelhagem de projeção e som substituída por uma trazida especialmente dos Estados Unidos. Pena que logo depois do evento, essa sala de cinema tenha rapidamente deixado de exibir filmes, sendo gradativamente utilizada de modo exclusivo por sua associação gestora para eventos internos. Inclusive, foi exatamente nesse cinema que o autor do presente texto, então com 12 anos, assistiu ao filme pela primeira vez (o tempo passa, o tempo voa, meus caros).
“Quando o filme acabou, foi aplaudido de pé enquanto passavam os créditos. O Fábio me disse que contou no relógio: sete minutos de aplausos. Foi uma comoção. Pouco depois, foi exibido fora de competição no Festival de Gramado. Superlotou o Palácio dos Festivais, tiveram de fazer outra sessão na sequência. Decorrência disso, a LC Barreto resolveu inscrever no Oscar. E deu certo. Me deu um sentimento de ter feito um bom trabalho. Pode-se usar apalavra ‘orgulho’, por ter chamado a atenção dessa forma. Até porque minha trajetória como romancista e contista, sempre foi inspirada pela forma cinematográfica de narrar, com construção de cenas visuais fáceis de ser captadas pelo leitor. Quando o Antônio Calmon veio falar comigo inicialmente para fazer a adaptação, ele disse que o romance era quase um roteiro do filme. As cenas são definidas, os diálogos não precisam ser tão alterados”, rememora com especial comoção o autor do livro.
Oscar
Diante do cenário cinematográfico imediatamente anterior à sua estreia, O Quatrilho representou um passo essencial para o mundo voltar a observar com atenção nosso cinema. A indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro – que o Brasil não tinha emplacado desde O Pagador de Promessas (1962) – também foi uma espécie de chancela mercadológica, afinal de contas, mesmo que se trate especificamente de uma celebração hollywoodiana, a festa máxima da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles conferiu à produção um carimbo e tanto. “Na reunião do Oscar, os norte-americanos me perguntaram qual tinha sido orçamento do filme. Eles chutaram que tudo tinha custado, ao menos, US$ 10 milhões. E ele custou, na verdade, US$ 1,5 milhões. Vale lembrar que naquele tempo o dólar estava um por um com o real. Durante uma viagem a Los Angeles, antes de começar a produção, me ofereceram fazer o filme nos Estados Unidos. Eu disse que não tinha nada a ver. Deixei as portas abertas para fazer um remake, mas essa conversa não foi adiante”, lembra a produtora Lucy Barreto.
Patrícia menciona a honra da escolha: “Ter um filme concorrendo ao maior prêmio de cinema do mundo é uma honra enorme. Levar um pouco da nossa arte, da nossa cultura, é um prazer incrível”. E Zé Victor cita o quão importante aquilo foi para sua trajetória pessoal, a despeito do papel pequeno que ele interpretou na trama: “Quando o filme foi indicado ao Oscar, a responsabilidade caiu em mim, pela investidura. O único ator gaúcho profissional indicado ao Oscar. Eu. Isso entrou no meu currículo. Carrego isso comigo até hoje. A importância que eu fui dar ao grande trabalho feito se deu quando ele foi indicado ao Oscar. A tensão em torno do prêmio foi algo inesquecível, aquele sentimento gostoso de importância, de ter participado realmente de algo mundial”.
“Nesse período de latência do cinema nacional, quando O Quatrilho foi escolhido entre os cinco finalistas ao Oscar, a mídia do Brasil divulgou e promoveu muito. Eu não passava um dia sem dar duas ou três entrevistas. Quando embarcamos para Los Angeles, também no aeroporto estavam repórteres de vários órgãos de imprensa. Você não pode imaginar como me senti realizado. Quando escrevi o livro, apenas queria colocar a cultura da imigração italiana do sul do Brasil dentro da literatura brasileira. Meu projeto era escrever um romance em linguagem que pudesse ser lido no Brasil inteiro. Só eu não esperava que isso acabasse tendo dimensões fora do Brasil”, afirma Pozenato.
Na 68º edição do Oscar, cuja festividade aconteceu no dia 25 de março, O Quatrilho concorreu à estatueta de Melhor Filme Estrangeiro com A Excêntrica Família de Antonia (Holanda), Todas as Coisas da Vida São Belas (Suécia), Poeira da Vida (Argélia) e O Homem das Estrelas (Itália). O filme brasileiro perdeu para o exemplar holandês, também indicado ao BAFTA e vencedor de vários prêmios anterior e posteriormente. Não foi dessa vez, rolou uma frustração, mas a participação na maior festa da indústria norte-americana de cinema já valeu. E como valeu.
Há quanto tempo não revê?
Até para ter subsídios à construção desta matéria, e também para escrever a crítica sobre o filme – texto que você pode ler aqui – o autor deste texto reviu o filme quase três décadas depois. Bateu a curiosidade: como as pessoas envolvidas se relacionam atualmente com O Quatrilho? O assistem regularmente? Lucy Barreto disse que não revê o longa há mais ou menos uns cinco anos. Já Pozenato recorrentemente volta a partes dele: “Tenho ele gravado no meu aparelho de TV. Não é que eu o assista regularmente, mas de vez em quando ligo para ver cenas. Deve fazer uns dois anos e uns três anos que não vejo integralmente”. Patrícia não mencionou exatamente quando foi sua última experiência com o filme, mas fez questão de sublinhar que não o acha nada datado: ”É um filme que gosto até hoje. Um filme que não ficou datado. É uma história muito original, levada com densidade e leveza, uma poesia!”.
Por fim, Zé Victor concorda com a colega de elenco e vai além, dizendo que o filme faria sucesso se relançado hoje: “Revi há pouco tempo. Se ele fosse remasterizado, poderia ser relançado com grande sucesso, é um filme de época atemporal, de uma época que não é muito contada. A história se mantém contemporânea, embora a ambientação seja de época”. No quesito “desempenho comercial”, além da comercialização para diversos países (algo obviamente impulsionado pela indicação ao Oscar), O Quatrilho teve um público pagante de 1.118.000 (dados oficiais), um desempenho de destaque nos anos 1990 demarcados por uma metade de década praticamente incipiente e outra repleta de filmes que demonstram nossa força artística. Esta é uma das pedras fundamentais da nossa Retomada.
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As protagonistas já tinham 30 anos.
Vi o filme hoje pela primeira vez,muito boa a matéria.
Uma pena que nao mencionaram a cidade de Antonio Prado que simplesmente usaram e abusaram para filmar!!
Que texto excelente, além de uma perfeita investigação sobre a produção. Obrigado pela qualidade e nos fazer sentir novamente as emoções do Brasil no Oscar de 1996.