Robert Redford nasceu em 18 de agosto de 1936, em Santa Monica, Califórnia, e cresceu para ser um dos nomes mais respeitados (e desejados) de Hollywood. Ator, produtor e diretor, o astro trabalhou com empenho para que sua beleza não ofuscasse seu talento dramático. Estourou no cinema como Sundance Kid no clássico Butch Cassidy (1969) ao lado do amigo Paul Newman, com quem dividiria a tela mais uma vez em Golpe de Mestre (1973) – filme que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar. No início dos anos 70, tendo estrelado também O Nosso Amor de Ontem (1973) e O Grande Gatsby (1974), Redford se tornou um dos nomes mais quentes da Meca do cinema. Com boas escolhas de papéis – como o agente da CIA em Três Dias do Condor (1975) e o jornalista investigativo em Todos os Homens do Presidente (1976) – o astro mostrou talento e muito tino para o ofício.

Em 1980, estreou como cineasta com o drama Gente como a Gente (1980), longa que lhe rendeu o Oscar de Melhor Diretor. Seguiram outros belos trabalhos atrás das câmeras como Rebelião em Milagro (1988), Quiz Show: A Verdade dos Bastidores (1994), Leões e Cordeiros (2007) e Conspiração Americana (2010). Sua contribuição para o cinema autoral ainda é maior pela fundação do Sundance Film Festival que, desde 1978, dá espaço para o melhor da produção de cinema independente.

Trabalhando menos em frente às câmeras nos últimos tempos, Redford reapareceu na última década com dois trabalhos destacáveis – Até o Fim (2013), pelo qual conquistou uma indicação ao Globo de Ouro, e Capitão América: O Soldado Invernal (2014), grande blockbuster da Marvel/Disney. No aniversário do grande artista, o Papo de Cinema reuniu sua equipe para escolher os seus cinco melhores filmes – e mais um, que o colocou no mapa não só como um ator diferenciado, mas como um belo diretor.

 

butch-cassidy-papo-de-cinema-01Butch Cassidy (Butch Cassidy and the Sundance Kid, 1969)
Na tradução brasileira, o nome de Sundance Kid pode não ter aparecido no título, como se ele fosse figura menos importante. Mero equívoco tupiniquim. Não existe Butch Cassidy sem seu sereno amigo e vice-versa. Sabemos disso tão logo vemos dois astros de primeira grandeza dando vida aqueles personagens: Paul Newman, como Butch, e Robert Redford, como Sundance. No longa-metragem lançado em 1969 e dirigido por George Roy-Hill, a dupla interpreta os pistoleiros trapaceiros do título original que, de roubo em roubo, de truque em truque, vão vivendo seu movimentado cotidiano no velho oeste. Quando os dois se veem obrigados a fugir para a Bolívia, seus destinos mudam para sempre. A dinâmica entre os protagonistas é o que de melhor Butch Cassidy oferece. Newman dá sagacidade a Cassidy, em atuação bastante solar. Já Redford entende muito bem que seu Sundance deveria ser um oposto do amigo. Discreto, silencioso e muito talentoso com o revólver, o personagem é o parceiro ideal para Butch, alguém mais centrado para equilibrar os devaneios do amigo. Vencedor de 4 Oscars e indicado ao prêmio de Melhor Filme e Diretor, o longa-metragem foi o primeiro capítulo da parceria entre Redford e Newman, que teria uma ainda mais bem sucedida continuação em Golpe de Mestre (1973). – por Rodrigo de Oliveira

 

golpe-de-mestre-papo-de-cinema-01Golpe de Mestre (The Sting, 1973)
Este é um filme incrível por várias razões, mas a maior delas é certamente a dinâmica entre Paul Newman e Robert Redford, algo que George Roy Hill já havia explorado quatro anos antes em Butch Cassidy (1969). Na reunião da dupla (carismática até o último fio de cabelo) com o diretor, Redford é Johnny Hooker, um vigarista que se une a Henry Gondorff (Newman) para aplicar um golpe no chefão do crime Doyle Lonnegan (Robert Shaw), responsável pela morte de um velho amigo que os heróis tinham em comum (Robert Earl Jones). Além da sintonia entre os dois atores principais – às vezes só um olhar entre eles é suficiente para demonstrar a química da dupla em cena -, o filme é repleto de diálogos inteligentes e cenas divertidas, particularmente aquelas que mostram a astúcia do time de golpistas e a elaboração dos planos igualmente minuciosos e malucos que o grupo usa para enganar sua vítima. Com uma trama simultaneamente inteligente e gostosa de acompanhar, Golpe de Mestre é um clássico que demonstra, desde a primeira cena, que os personagens são tão bons no que fazem que são capazes de enganar até mesmo o espectador. – por Marina Paulista

 

cartazTodos os Homens do Presidente (All the President´s Men, 1976)
Quem hoje assiste a um filme jornalístico como Spotlight: Segredos Revelados (2015), pode ter certeza que foi Alan J. Pakula quem definiu um novo formato para o gênero com este título lançado em 1976. Longe de dar glamour à profissão, o longa acompanha os percalços dos repórteres Robert Woodward (Robert Redford) e Carl Berstein (Dustin Hoffman) em busca da verdade sobre a prisão de cinco homens que invadiram a sede do partido democrata no edifício Watergate em Washington em 18 de junho de 1972. Com a ajuda da famosa fonte anônima Garganta Profunda (revelada só em 2005, mais de trinta anos depois), deflagrou-se o escândalo que tirou o presidente Richard Nixon do poder. E a dupla foi essencial para tal feito. Na pele de Woodward, nosso homenageado faz um contraponto interessante e necessário ao colega pela intensa diferença de personalidade dos dois. Enquanto Carl era impulsivo, afoito e mais largado no visual, Bob surgia como a figura que segurava as pontas, checava as fontes até o último fio de cabelo e ponderava as situações para conseguir informações corretas sem atropelo. Características que o ator incorpora, mostrando uma atuação contida, mas não menos intensa e milimetricamente bem conduzida neste tão necessário longa sobre o jornalismo de verdade. Não essa coisa que a gente vê hoje no dia a dia. – por Matheus Bonez

 

entredoisamoresEntre Dois Amores (Out of Africa, 1985)
Um dos maiores vencedores da história do Oscar, premiado com sete estatuetas – inclusive Melhor Filme e Direção – este drama romântico estrelado por Robert Redford e Meryl Streep é também um veículo perfeito para enaltecer o que os dois astros possuem de melhor: o visual galanteador dele e o talento dramático dela. Pois será nos braços de Redford, como um aventureiro irresistível, que a grande dama da sociedade vivida por Streep irá se ver envolvida sem opções de recusa, dando adeus ao marido (grande atuação de Klaus Maria Brandauer) e se jogando em um mundo de novas possibilidades, sejam elas no coração ou mesmo na grande África a ser descoberta. Redford, por sua vez, mantém a expressão séria e sedutora que explorou com sucesso pela maior parte de sua carreira, porém sem se deixar reduzir a um mero estereótipo, sempre deixando a entender que havia por trás do seu sorriso cativante e de seus hipnotizantes olhos azuis mais do que se poderia imaginar. É uma visão perfeita de um homem que poderia deixar o mundo de qualquer uma de cabeça para baixo. Exatamente como ele fez na ficção – e com milhares de admiradoras (e admiradores também, é claro) do lado de cá da tela! – por Robledo Milani

 

ate-o-fim-papo-de-cinema-01Até o Fim (All is Lost, 2013)
Se existe um filme que podemos dizer que pertence a Robert Redford é este, estrelado unicamente pelo ator. Mudo na maior parte do tempo, o ator é um velejador em alto-mar que, um dia, é surpreendido quando sua embarcação colide com um container boiando à deriva, provavelmente perdido de algum cargueiro. Os danos não são grandes, mas destroem seu rádio. Aos poucos, o pequeno buraco, a falta de comunicação e uma tempestade que se aproxima se somam em um grande problema. Sim, esse é um filme quase sem falas sobe um homem sozinho em um barco no meio do nada tentando fazer de tudo para que ele não afunde. E acredite, é uma experiência tensa e angustiante, em parte graças aos excelentes roteiro e direção do expoente J.C. Chandor, que com apenas três filmes no currículo, já provou ser um dos melhores cineastas da atual Hollywood. Outra parte cabe, claro, a Redford, que abandona a postura galante que já foi sua marca um dia, e abraça as rugas e a idade em uma interpretação visceral que nos convence a torcer por seu personagem, acompanhando seus infortúnios e esforços… Até o fim. – por Yuri Corrêa

 

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gentecomoagenteGente como a Gente (Ordinary People, 1980)
Robert Redford acabou se tornando um diretor competente ao longo dos anos, realizando ótimos filmes como Quiz Show e Conspiração Americana. Mas foi com Gente como a Gente que ele não só estreou na direção, em 1980, como obteve consagração nas premiações do cinema americano: venceu Oscar e Globo de Ouro de melhor diretor (o filme também saiu vencedor na categoria principal em ambos os casos). Gente como a Gente conta a história de uma típica família suburbana americana em crise. Após a morte do filho mais velho do casal interpretado por Donald Sutherland e Mary Tyler Moore, o caçula (Timothy Hutton) tenta cometer suicídio e a narrativa se desenvolve a partir desses personagens lidando, psicanaliticamente inclusive, com essa situação. Gente como a Gente tem predicados concentrados, sobretudo, na interpretação de um Hutton muito jovem, ainda longe da canastrice que seguiria na sua carreira. O filme ganhou o Oscar num ano em que seus principais competidores eram os excepcionais Touro Indomável e O Homem Elefante, com Redford conseguindo sua primeira (e até agora única) estatueta como Melhor Diretor. – por Wallace Andrioli

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