Com a retomada do cinema nacional em pleno curso, aos poucos a produção brasileira foi se dividindo em duas correntes: as comédias ligeiras e os épicos históricos. E, na última, poucos foram tão grandiosos quanto este dirigido por Sergio Rezende e estrelado por um time impecável de atores: Cláudia Abreu, José Wilker, Paulo Betti e Marieta Severo. Se a primeira é a cara do filme, o elo com os espectadores e a que dá início aos acontecimentos vistos em cena, e o segundo aparece como ninguém menos do que Antonio Conselheiro, o beato que liderou uma revolução, estava na união de Betti e Severo, como os pais da protagonista, a verdadeira força do filme. Zé Lucena e Penha eram um casal tímido, acostumado a baixar a cabeça e a obedecer a tudo que lhe era dito. No entanto, a rebeldia juvenil da filha aos poucos vai contaminando eles, e Pena tem papel fundamental em toda essa mudança. Longe da exuberância e do autoritarismo que por muito tempo parecia ter sido sua marca principal, Severo surge aqui de modo cabisbaixo, tímido até, e quando menos se espera já conquistou não apenas a atenção do espectador, mas também de todos aqueles ao seu redor na trama. Com quase três horas de duração, este foi um dos filmes mais caros já feitos no país na época do seu lançamento, e se até hoje perdura como um trabalho irrepreensível, muito se deve à excelência do seu elenco.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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