Ele é um dos maiores dubladores brasileiros. Talvez seu rosto não seja facilmente reconhecido, mas certamente sua voz já foi ouvida por milhares de cinéfilos e telespectadores de todo o Brasil. Clécio Souto é responsável pela voz oficial de Chris Evans e James Franco, entre outros, no Brasil, os tendo dublado em sucessos como Capitão América (2011) e Homem-Aranha (2002). Mas nem só de galãs de Hollywood ele vive. Também já viveu uma tartaruga em Os Sem-Floresta (2006) e um golfinho em O Espanta Tubarões (2004), e agora está de volta às telas nacionais como o protagonista de As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas (2017). E a gente aproveitou a oportunidade para conversar com ele sobre esse mais recente trabalho. Confira!

 

Clécio, você é a voz brasileira do personagem Tadeo Jones. Como você recebeu esse convite?
Na verdade, este é o segundo filme, e acompanho o personagem desde o longa anterior. Já havia feito o primeiro, lá em 2012, se não me engano. Você está falando com um dos dubladores mais avoados do Brasil, preciso confessar (risos). Acho que, naquele caso, foi através de um teste que me chamaram. Fui lá, fiz e ganhei. E é muito bacana participar de produções infantis, pois sempre tem retorno muito bacana do público. Lembro que na época em que As Aventuras de Tadeo (2012) foi lançado nos cinemas, as pessoas vinham comentar, entram em contato pelo Facebook, mandam mensagens. O Tadeo é um cara muito divertido, tem uma certa ingenuidade, que cativa, além do seu lado sonhador. Levemente atrapalhado, mas que no final acaba dando certo, as coisas funcionam.

Clécio Souto

Você recebeu alguma orientação especial do diretor da dublagem nacional?
Sim, tivemos da diretora, a Linn Jardim, na Cinevideo, que participou de todo o processo ao nosso lado. Teve mais uma pessoa, do estúdio, nos acompanhando, e isso nos ajudou na direção da dublagem, pois estava ali ao nosso lado para tirar qualquer dúvida, explicando as situações do enredo. Antes de começar qualquer dublagem, principalmente em casos como esse, em que o filme já chega até nós pronto, a gente recebe uma pincelada geral da trama, e também do personagem. Desse caso, não precisou falar muito, pois já o conhecia. Na verdade, acho até que demorou bastante para essa sequência sair. Nem achava que fosse acontecer. A minha maior surpresa foi ver que a Múmia estava de volta, e ainda por cima se tornou o melhor amigo dele. Ela é muito engraçada.

 

Houve espaço para improvisos, para tornar Tadeo um pouco mais brasileiro?
Tem trabalhos em que podemos nos permitir criar, inserir cacos, gírias, deixar mais do nosso jeitinho. Nesse, não tinha muita coisa pra mexer. O que sugeri, e foi aceito prontamente, foi mexer nos diálogos como um todo. É que o texto, às vezes, vem muito didático nas traduções. E sempre tento deixar o mais coloquial possível. Como a gente fala, né? Sem ser muito formal. Deixá-lo mais maleável, e isso foi aceito sem o menor problema. Todas as sugestões que achava que poderia contribuir com o projeto, foram discutidas. É um processo bem colaborativo.

 

Você é responsável por outras vozes bem populares, como a do Chris Evans nos filmes Quarteto Fantástico e Capitão América, quando interpretou os heróis Johnny Storm e Steve Rogers. Você acha que Tadeo Jones é páreo para eles?
Olha (risos), essa pergunta é difícil. Não sei se ele é um herói tão destemido assim, mas com certeza fica um pouquinho do outro lado da rua. Se tivesse que comparar, acho que ficaria mais próximo do Tocha Humana, pelo lado cômico. Mas, ao lado do Capitão América, ele seria o Homem de Ferro, pois os dois não se cruzam. O Tadeo não é tão certinho assim. Ele está mais próximo de outros personagens que fiz, como o Du, do Du Dudu e Edu, por exemplo, que é muito mais bobão que ele.

A Múmia e Tadeo Jones em As Aventuras de Tadeo 2

Tadeo Jones tem um forte inimigo em O Segredo do Rei Midas, e você já dublou bandidos como Harry Osborn, na trilogia original Homem-Aranha, e o vampiro Damon Salvatore, na série The Vampire Diaries. O que é mais divertido, ser o mocinho ou o vilão?
Cara, depende. Por exemplo, o Tadeo Jones foi muito legal fazer. Ele é mocinho, mas tem o toque de comédia, de ingenuidade, de sonhador. É bacana também, não tem uma coisa só. Tem vários caminhos. Agora, vilão, quase sempre, é mais interessante. O Harry Osborn foi um dos que mais adorei. Não tinha feito James Franco antes, foi a partir desses filmes. Gostava muito daquele personagem. Como o Damon, que no início é um cara muito mal, as coisas foram mudando bastante no decorrer da série. Ele foi mostrando outras facetas. Por causa da Helena, ele foi deixando aflorar outro lado. Agora, qual seria o outro lado do Tadeo Jones? Ele não tem o lado da maldade, mas todos os outros estão ali: a comicidade, o jeito bonachão, tudo isso ele tem bastante.

(Entrevista feita na conexão Porto Alegre/Rio de Janeiro em dezembro de 2017)

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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