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Poucos realizadores ainda na ativa possuem uma carreira tão bem sucedida quanto Steven Spielberg. E um dos bons parâmetros para isso, além dos impressionantes sucessos de bilheteria – seu faturamento médio como diretor é de US$ 146,8 milhões por filme – é também sua entusiasmada relação com o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Para se ter uma ideia, dos 28 longas que já lançou nos cinemas, apenas 4 deles (Louca Escapada, 1974; Além da Eternidade, 1989; O Terminal, 2004; e Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, 2008) não foram indicados a nenhuma categoria! E o mais impressionante: com o recente Ponte dos Espiões, Spielberg chegou à marca recorde de 10 produções assinadas por ele finalistas a Melhor Filme do ano! Com esse currículo invejável, nós listamos aqui estas dez realizações, da com participação mais tímida até a mais premiada de todas. Confira o ranking e curta o melhor de Spielberg no Oscar!

 

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10. Munique, 2005 (5 indicações, inclusive a Melhor Filme e Direção)
Perdeu para Crash: No Limite
Apesar de suas cinco indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme, este longa de Steven Spielberg não foi das suas obras mais bem recebidas, muito provavelmente pela história polêmica. Lançado poucos anos depois do 11 de Setembro, a trama foca no ataque do movimento islâmico que resultou na morte de onze atletas israelenses. No centro da história, Eric Bana vive o agente do Mossad (serviço secreto israelense) convocado para liderar a caçada aos outros onze terroristas responsáveis pelo atentado. Chamado de Setembro Negro, o episódio rende uma trama de forte teor reflexivo sob o olhar de Spielberg, que investe mais no questionamento das relações do Oriente Médio do que na ação tão ligada às suas obras. Não que falte sequências explosivas, muito pelo contrário. Mas é justamente nos pensamentos e discussões do protagonista e de sua equipe que nos perguntamos até que ponto o extremismo islâmico tem algum fundo de verdade em sua visão. Com um elenco que traz ainda Daniel Craig, Geoffrey Rush, Mathieu Amalric e Mathieu Kassovitz, o cineasta optou por menos nomes de estrelas justamente para chamar a atenção para a história, ao invés de pensar somente nas bilheterias. Poder que só um dos grandes consegue ter em Hollywood para tratar de um tema tão espinhoso. – por Matheus Bonez

 

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9. Cavalo de Guerra, 2011 (6 indicações, inclusive a Melhor Filme)
Perdeu para O Artista
Assim como já havia feito em anos anteriores, em 2011 Steven Spielberg voltou às telas com duas produções bastante distintas: um épico de guerra e uma animação! Se As Aventuras de Tintim faturou quase US$ 400 milhões nas bilheterias e ganhou o Globo de Ouro, no Oscar emplacou apenas uma indicação, para a trilha sonora de John Williams. O curioso é que naquele ano o veterano concorreu consigo mesmo, sendo a outra indicação por este emocionante drama ambientado durante a Primeira Guerra Mundial – cenário até então inédito na cinematografia de Spielberg. Das seis indicações recebidas, cinco delas foram técnicas (as outras foram a Direção de Arte, Edição de Som, Fotografia e Som), com a única exceção sendo a disputa a Melhor Filme do ano. Uma demonstração de respeito ao realizador, é claro, mas também um reconhecimento a esta obra dona de sentimentos verdadeiros e um forte teor humanista, ainda que tenha como seu protagonista um animal. Com um elenco brilhante, de onde se destacavam nomes como Jeremy Irvine, Emily Watson, David Thewlis, Tom Hiddleston, Benedict Cumberbatch e Toby Kebbell, o diretor mostrou aqui mais uma vez sua incrível habilidade em falar com o mundo ao olhar para o próprio coração. – por Robledo Milani

 

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8. Ponte dos Espiões, 2015 (6 indicações, inclusive a Melhor Filme e Roteiro Adaptado)
Neste filme, Tom Hanks interpreta um homem que vai às últimas consequências para cumprir seu papel. Advogado, respeitado na comunidade e no âmbito profissional, é incumbido de defender um espião soviético em plena ebulição das tensões entre Estados Unidos e União Soviética. Steven Spielberg ressalta a paranoia anticomunista comprada plenamente pelos estadunidenses durante o período conhecido como Guerra Fria. Para se ter ideia, um dos filhos do protagonista sabe de cor os procedimentos que deve seguir em caso de um ataque atômico, algo que denota o nível de histeria coletiva instaurado no seio dos lares ianques. O protagonista ganha em seguida uma missão ainda mais árdua e dramática, na então convulsionada e dividida Alemanha. Trocar os prisioneiros, sem a aquiescência oficial dos governos, ou seja, por baixo dos panos, expõe a complexidade geopolítica daqueles anos vigentes. A indicação deste ano ao Oscar de Melhor Filme fez de Spielberg o recordista de nominações na categoria, convenhamos, uma marca e tanto, que mostra não apenas a influência dele como figura de Hollywood, nome forte que atrai investidores e, não raro, bilheteria por si só, mas também aponta à sua importância enquanto criador, afinal de contas nem só de reputação vive o Oscar. – por Marcelo Müller

 

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7. A Cor Púrpura, 1985 (11 indicações, inclusive a Melhor Filme e Direção)
Perdeu para Entre Dois Amores
O drama dirigido por Steven Spielberg, baseado no livro de Alice Walker, tinha tudo para fazer a limpa no Oscar de 1986. Foi indicado em onze categorias, número expressivo que geralmente significa grau elevado de apreço por parte da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Contudo, esse êxito nas nominações foi completamente frustrado na cerimônia, uma vez que Spielberg e companhia saíram de mãos abanando. Isso mesmo. O filme não levou sequer um prêmio técnico para casa. Esperava-se que, ao menos, Whoopi Goldberg ganhasse seu Oscar, repetindo a vitória anterior no Globo de Ouro. Numa peleja em que figurava, inclusive, O Beijo da Mulher Aranha, dirigido pelo argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco, o vencedor da noite acabou sendo Entre Dois Amores, de Sydney Pollack. Goldberg, por sua vez, viu Geraldine Page, protagonista de O Regresso para Bountiful, ser consagrada. Óbvio que a qualidade dos filmes não pode ser medida pela quantidade de prêmios recebidos. Mas, no que diz respeito ao Oscar, levando apenas em consideração a relação entre as indicações e o desempenho na cerimônia, esta realização de Steven Spielberg é um dos casos mais retumbantes de fracasso. Tremenda injustiça! – por Marcelo Müller

 

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6. Lincoln, 2012 (12 indicações e 2 vitórias)
Perdeu para Argo
Com seu filme indicado a doze categorias do Oscar em 2013, mas levando apenas duas estatuetas (Direção de Arte e Ator, para Daniel Day-Lewis no papel-título), Steven Spielberg viu os cobiçados prêmios de Melhor Filme e Direção serem entregues a Argo e a Ang Lee (por As Aventuras de Pi). Estas derrotas, porém, não podem ser vistas como resultado de um filme ruim. Ao imprimir rigor histórico a uma narrativa distante do sentimentalismo que marca parte de sua obra, Spielberg repassa os últimos momentos do presidente abolicionista que atua junto ao Congresso dos Estados Unidos por volta de 1865 para erradicar a escravidão no país. Para isso, Lincoln utiliza não apenas seu poder de retórica e persuasão, mas também medidas menos nobres como o oferecimento de postos em seu governo a congressistas indecisos. Cerebral, o longa evita representações heroicas da Guerra de Secessão, centrando foco nos conflitos travados dentro de gabinetes do governo, das casas legislativas e dos corredores da Casa Branca – um jogo político interessante, mas que pode afastar quem não se interessa por história. –por Danilo Fantinel

 

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5. Tubarão, 1975 (4 indicações e 3 vitórias)
Perdeu para Um Estranho no Ninho
Com seu segundo longa para os cinemas, Steven Spielberg não só mudou completamente o patamar de sua carreira, como também teve papel fundamental na transformação da indústria cinematográfica durante a década de 1970. Considerado o primeiro blockbuster, este inesperado sucesso mexeu com as regras do mercado, como a data de lançamento para filmes de apelo mais comercial, e se mantém até hoje como um dos maiores fenômenos de bilheteria da história. A trama simples, que acompanha um xerife (Roy Scheider), um oceanógrafo (Richard Dreyfuss) e um experiente pescador (Robert Shaw) na caça ao grande tubarão branco que vem aterrorizando uma pequena cidade litorânea dos EUA, foi transformada pelo cineasta em um exercício de suspense exemplar. Seguindo os preceitos hitchcockianos do gênero, Spielberg aposta na construção da atmosfera de tensão e no poder da sugestão – a figura do tubarão não é mostrada por completo até o último ato do longa – conseguindo superar diversos percalços de produção para criar um exemplo perfeito de entretenimento, embalado pela emblemática trilha sonora de John Williams, premiada com o Oscar. O longa, que para muitos permanece sendo o melhor trabalho do diretor, recebeu também as estatuetas de Som e Edição, além da indicação a Melhor Filme. – por Leonardo Ribeiro

 

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4. E.T.: O Extraterrestre, 1982 (9 indicações e 4 vitórias)
Perdeu para Gandhi
E.T., Phone, Home. Com estas três palavras, o protagonista extraterrestre do longa-metragem de Steven Spielberg acalentou corações no mundo todo, com uma aventura que coloca a amizade em primeiro lugar. Campeão absoluto de bilheteria no ano em que foi lançado, o filme mostrou ao mundo a competência do cineasta norte-americano como um grande contador de histórias. A Academia não ignorou este sucesso e concedeu à produção quatro estatuetas douradas e mais outras cinco indicações. Em números, tudo soa bem. Mas na prática, assim como em Os Caçadores da Arca Perdida, os Oscar principais – Melhor Filme e Direção – acabaram não indo parar nas mãos do alienígena, mas no colo de Ghandi e de seu comandante, o diretor e ator Richard Attenborough. Ao menos desta vez, a inesquecível trilha de John Williams foi premiada, bem como as categorias técnicas Efeitos Visuais, Efeitos Sonoros e Som. Uma pena que o bom script de Melissa Mathison não sagrou-se vencedor na categoria Roteiro Original, talvez um dos postulantes mais fortes ao prêmio, ao lado do também perdedor Tootsie. O longa de Spielberg também recebeu indicações a Montagem e Fotografia, mas novamente viu Ghandi sair vencedor da disputa. – por Rodrigo de Oliveira

 

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3. Os Caçadores da Arca Perdida, 1981 (8 indicações, 4 vitórias e 1 prêmio especial)
Perdeu para Carruagens de Fogo
Não foi só a plateia que ficou boquiaberta com os feitos de Indiana Jones no primeiro filme da série. Contando a história do arqueólogo aventureiro atrás da Arca da Aliança, o trio Steven Spielberg, George Lucas e Harrison Ford conseguiu um grande sucesso de bilheteria e um queridinho da crítica e, porque não dizer, da Academia também. O longa-metragem lançado em 1981 recebeu quatro estatuetas dentre as oito que concorria. Não bastasse isso, também levou um Oscar especial pela sua competentíssima edição de som, somando-se assim cinco louros da Academia. É verdade que foram mais categorias técnicas em que o filme sagrou-se campeão (Som, Montagem, Efeitos Visuais e Direção de Arte). Das indicações que não confirmaram o prêmio, as mais importantes: Melhor Filme, Direção, Fotografia e Trilha Sonora. Carruagens de Fogo e Reds foram seus principais adversários e, olhando em retrospecto, não são obras muito superiores. Talvez o prêmio mais apertado tenha sido para a trilha, Vangelis X John Williams – ambas entraram para a história e até hoje são citadas e retrabalhadas. Mas será que Indiana Jones não poderia ter saído da festa com a estatueta de Melhor Filme? Ou Spielberg como Melhor Diretor? Não teria sido nada mal. – por Rodrigo de Oliveira

 

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2. O Resgate do Soldado Ryan, 1998 (11 indicações e 5 vitórias, inclusive Melhor Direção)
Perdeu para Shakespeare Apaixonado
No ano em que uma fábula romântica água com açúcar levou o Oscar de Melhor Filme, outro filme foi preterido por conta da comédia romântica. Justamente um dos melhores da carreira de Steven Spielberg que, ao menos, ganhou o prêmio de Melhor Direção. Ao inserir a busca pelo militar James Ryan (Matt Damon) tendo o Dia D dos EUA na Segunda Mundial como pano de fundo, o cineasta confere a Tom Hanks o protagonismo da história como o capitão que precisa comandar o resgate. Entre espetaculares sequências de batalhas e explosões, Spielberg não poupa o espectador dos horrores da guerra, recheados de morte e tragédia. Ainda que, volta e meia, um tom açucarado e ufanista possa tomar conta da história, a emoção realmente é maior pelo drama realista exposto. Mais ainda que a localização de Ryan e a missão de levá-lo para casa, o diretor já ganha toda a atenção dos seus espectadores quando os soldados desembarcam na costa da Normandia, saem da água já em fogo cruzado e só acompanhamos as câmeras no meio de tudo, registrando tiros, pedaços de corpos voando e todo o drama que aqueles militares viveram. Uma de suas obras-primas. – por Matheus Bonez

 

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1. A Lista de Schindler, 1993 (12 indicações e 7 vitórias, inclusive Melhor Filme e Direção)
Tirando da equação seu prêmio honorário de 1987, dezesseis anos separam a primeira indicação de Steven Spielberg de sua primeira vitória. E quando o Oscar finalmente veio, chegou em dupla, com os prêmios de Direção e Filme. Contando a história de Oskar Schindler, o empresário alemão que ajudou a salvar vários judeus na Segunda Guerra Mundial, o projeto tinha um caráter bastante pessoal para o diretor, tendo em vista sua natureza judia. Com sensibilidade, Spielberg concebeu uma narrativa tão forte quanto sua grande história, sendo auxiliado nisso por uma equipe técnica excepcional, desde a fotografia de Janusz Kaminski até o design de produção de Alan Starski, além de um elenco afiado que traz não só um Liam Neeson como protagonista na melhor atuação de sua carreira, mas também Ralph Fiennes e Ben Kingsley como coadjuvantes de destaque ímpar (tanto Neeson quanto Fiennes foram lembrados naquele Oscar com suas primeiras indicações). A Academia pode ter levado algum tempo para premiar o diretor, mas quando fez isso, foi por um filme tocante em sua humanidade e que fica com o espectador por muito tempo. – por Thomas Boeira

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