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Sinopse

Nancy Lincoln é a mãe do presidente Abraham Lincoln e foi assassinada por uma criatura sobrenatural. Incorfomado com o fato, ele declara uma guerra sem piedade contra os seres das trevas e começa a destruir todos os vampiros e os escravos que os ajudam.

Crítica

Há alguns anos teve início nos Estados Unidos uma moda tão bizarra que só poderia chamar a atenção dos mais curiosos: promover releituras de personagens históricos ou de clássicos da literatura, adaptando-os à gêneros mais atuais e completamente, ao menos numa primeira vista, dicotômicos. E antes de Orgulho e Preconceito e Zumbis (lançado nos cinemas em 2016) ou Razão e Sensibilidade e Monstros Marinhos, veio Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, igualmente escrito por Seth Grahame-Smith (roteirista de Sombras da Noite, 2012). E além de ter caído nas graças de boa parte do público americano, há um destes fãs em especial que justifica um olhar mais detalhado: Tim Burton, o atual mestre do gótico em Hollywood e que responde pela produção dessa aventura, a primeira desta febre a ter ganho a tela grande.

Mas apenas o nome de Burton compensa o investimento de ir conferir Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, que além de tudo é em 3D (pra piorar ainda mais a situação)? Sinceramente, não. Não há, neste filme, nada do humor negro ou do exotismo estilístico do diretor de Alice no País das Maravilhas (2010) ou Batman (1989). Burton, aqui, serve apenas como grife de luxo para um produto igual a tantos outros, que desperdiça em questão de minutos o interesse inicial de qualquer espectador. Afinal, o que faz um dos mais famosos ex-presidentes dos Estados Unidos caçando vampiros? Como estes seres ficcionais foram combinados com um dos heróis norte-americanos? As possibilidades são muitas, pena que o caminho escolhido tenha sido o mais direto e óbvio possível.

Em Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, muito pouco se fica sabendo sobre Abraham Lincoln, o homem real. O foco da ação está no ser da ficção, o caçador de vampiros que quer se vingar do monstro que assassinou sua mãe quando ainda era criança. Lincoln (Benjamin Walker) é completamente unidimensional, e seu único objetivo é matar estes bebedores de sangue. Seu propósito se intensifica quando conhece um outro caçador (Dominic Cooper) e após se unir a um amigo de infância (Anthony Mackie). Nem a paixão que surge pela bela Mary Todd (Mary Elizabeth Winsted) será capaz de arrefecer seus ânimos contra os selvagens vividos por Rufus Sewell (O Turista, 2010) e Marton Csokas, entre outros. E dá-lhe explosões, muitas dentadas, sustos e tentativas de humor, a grande maioria sem muita eficácia.

Mas nem tudo é desperdiçado em Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros. Há algumas boas sequências – o estouro dos cavalos é impressionante – e os efeitos são convincentes. Mas a direção do russo Timur Bekmambetov (O Procurado, 2008) é pesada, sem nuances, e tudo termina por ficar pasteurizado demais. Logo esquecemos do contexto histórico, da importância daquele cenário e das conjecturas a respeito do que um personagem como esse faria numa situação tão inesperada quanto a descrita. Sem maiores cuidados com a direção de atores e visando apenas o espectador mais preocupado com a distração momentânea e menos com o conteúdo apreciado, tem-se algo tão descartável quanto os livros que lhe serviram como base: até desperta alguma curiosidade, mas essa é tão passageira quanto a duração de uma sessão de cinema.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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