4 fev

Oscar 2019 :: Melhor Canção Original

Das cinco canções indicadas neste ano, apenas duas estão em longas nominados também a Melhor Filme – curiosamente, as duas favoritas por aqui também. Porém, além dos méritos artísticos, outros devem interferir no resultado, e é por isso que Lady Gaga já pode se considerar ao menos com essa estatueta em mãos. Porém, surpresas acontecem e a história do Oscar é feita de várias delas. Portanto, não é bom ficar muito surpreso se a vitória acabar indo parar com a mais do que merecida Diane Warren, que está em sua décima indicação (!), sem nunca ter ganhado antes. Teria chegado ao momento de uma justa reparação histórica? Ou seria o instante da única produção que é, de fato, um musical – O Retorno de Mary Poppins – fazer jus ao seu incrível sucesso junto ao público e a crítica e levar o ouro para casa? Bom, não custa sonhar, não é mesmo? Confira as nossas apostas!

Indicadas

 

FAVORITA
Shallow, de Nasce Uma Estrela, por Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando, Andrew Wyat
Lady Gaga conseguiu um feito nunca antes alcançado em 89 anos de Oscar: ser indicada, num mesmo ano, nas categorias de Melhor Atriz e Melhor Canção Original. Antes dela, apenas Mary J. Blige havia chegado perto, e no ano passado, quando concorreu pelo drama Mudbound: Lágrimas sobre o Mississippi (2017) às estatuetas de Melhor Canção Original e de Melhor Atriz Coadjuvante. Portanto, como protagonista, Gaga é a primeira – bom lembrar que Barbra Streisand é a única a possuir os dois prêmios, porém conquistados em anos diferentes. Agora, terá Lady Gaga chances reais de se sair bem nas duas disputas? Pouco provável. E se como Atriz Principal a concorrência é muito forte, é natural que os votantes tentem assegurar a ela ao menos uma conquista, e aqui parece ser o caso: Shallow é praticamente imbatível. Já premiada no Globo de Ouro, no Critics Choice, no Satellite e pelos críticos de Denver, Las Vegas e de Iowa, aqui está a oportunidade perfeita de premiar a cantora, e no que ela sabe fazer melhor.

 

AZARÃO
All The Stars, de Pantera Negra, por Kendrick Lamar, SZA, Mark “Sounwave” Spears, Anthony “Top Dawg” Tiffith
Infelizmente, a melhor canção deste ano bateu de frente com uma concorrente praticamente imbatível – e por motivos além dos puramente artísticos, digamos (como explicado acima). Sendo assim, é pouco provável que All the Stars saia premiada da festa do dia 24 – mas, se isso acontecesse, seria muito merecido. Afinal, ela é a representação perfeita de todo o incrível sucesso de Pantera Negra, o primeiro longa baseado em super-heróis de histórias em quadrinhos a ser indicado na categoria de Melhor Filme. Premiada pelos críticos áfrico-americanos e indicada ao Globo de Ouro, ao Black Reel, ao Satellite e ao Critics Choice, além das premiações dos críticos de Denver, Georgia, Houston e Iowa, também recebeu três indicações ao Grammy, a mais importante premiação da música norte-americana. Ou seja, em qualquer outro ano, Sounwavem Kendrick Lamar, Anthony Tiffith e SZA já estariam ensaiando o discurso da vitória. Mas não em 2019.

 

SEM CHANCES
When A Cowboy Trades His Spurs For Wings, de The Ballad of Buster Scruggs, por David Rawlings, Gillian Welch
Inédita nos cinemas, essa produção original da Netflix ao menos contava com duas fortes grifes a seu favor: a assinatura dos irmãos Joel e Ethan Coen na direção e o prêmio do Melhor Roteiro no Festival de Veneza. Tanto foi que conquistou inesperadas três indicações ao Oscar – além daqui, também em Figurino e, óbvio, Roteiro Original. E se o Bafta lembrou também dos figurinos e o Screen Actors Guild registrou o trabalho dos dublês, apenas os críticos de Denver fizeram questão de incluir entre os favoritos do ano a canção When a Cowboy Trades His Spurs For Wings, interpretada no filme por Tim Blake Nelson e Willie Watson. Apenas para constar, os autores David Rawlings e Gillian Welch estão, ambos, em suas primeiras indicações ao Oscar. E não devem ir muito além disso, ao menos não neste ano.

 

ESQUECIDA
Girl in the Movies, de Dumplin’, por Dolly Parton e Linda Perry
Difícil apontar qual foi a canção esnobada neste ano. Das cinco finalistas ao Oscar, apenas duas foram indicadas também ao Globo de Ouro. No Critics Choice foram quatro as repetidas. E nesses dois casos, uma constante era a presença de Girl in the Movies, canção escrita pela lenda Dolly Parton, em companhia da igualmente talentosa Linda Perry. Parton, aliás, já possui duas indicações ao Oscar nessa categoria – por Nine to Five, de Como Eliminar Seu Chefe (1980), e por Travelin’ Thru, de Transamerica (2005). Ou seja, é uma veterana com um longo histórico, conhecida – e admirada – por muitos. Tê-la entre os concorrentes deste ano seria garantia de ao menos uma apresentação iluminada, como tantas que Dolly Parton já fez. Se se o problema, para alguns, foi o fato de Dumplin’ ser uma produção original da Netflix… bom, The Ballad of Buster Scruggs (que conseguiu a indicação) também é! E para constar, Girl in the Movies foi indicada também ao prêmio dos críticos de Georgia, ao do Sindicato dos Músicos e ao Hollywood Music in Media Awards. Uma ausência, como se percebe, que definitivamente será sentida.

:: Confira aqui tudo sobre o Oscar 2019 ::

Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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