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A Disney realmente está pensando em mexer drasticamente com a organização do cinema enquanto negócio. Por conta da pandemia, ela lançou Mulan (2020), aguardada versão live-action de sua animação homônima, diretamente no Disney+, serviço que começa a operar no Brasil em novembro deste ano. Agora, decidiu estrear Soul (2020), a nova animação da Pixar, também sem passar pelo cinema, no streaming, no dia 25 de dezembro. E isso vem causando um desconforto enorme entre os exibidores. De acordo com o site norte-americano Screen Rant, a UNIC (União Internacional dos Cinemas) divulgou um comunicado em que critica veementemente a iniciativa da gigante: “A decisão com relação a Soul é duplamente frustrante para os exibidores que contavam com o lançamento depois que o filme foi exibido em uma série de festivais de cinema europeus importantes”. No mesmo comunicado, a entidade chega a dizer que a Disney é um distribuidor dando um golpe na indústria.

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E provavelmente o posicionamento da Disney não tem a ver com a persistência da pandemia do Covid-19. Na verdade, as medidas restritivas provavelmente apenas aceleraram o ensaio de uma tomada de decisão importante de um dos maiores players desse mercado global. Nesta segunda-feira, 12, foi notícia mundo afora a reestruturação que a empresa vai fazer para, justamente, priorizar o streaming como foco de produção e exibição. “Gerenciar a criação de conteúdo de forma distinta da distribuição vai nos permitir ser mais efetivos e ágeis para fazer o conteúdo que os consumidores mais querem, entregando-o da maneira que eles preferem consumi-lo” , diz o comunicado assinado por Bob Chapek, CEO da Disney, sinalizando uma mudança por muitos entendida como radical.

Vale lembrar que essa ofensiva da Disney em favor do streaming também passa por outras atitudes controversas, tais como descontinuar a produção de mídia física (DVD e Blu-ray) em diversos territórios, inclusive no Brasil. Vamos acompanhar cenas dos próximos capítulos.

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Soul
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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