Um dos emblemas da nossa contemporaneidade, a chamada “cultura do cancelamento” visa destronar figuras proeminentes de espaços de privilégio/poder com base em suas condutas e posicionamentos considerados nocivos, sobretudo a membros de comunidades minorizadas e/ou invisibilizadas. É uma espécie de cartão vermelho que visa relegar ao ostracismo personalidades antes consideradas intocáveis por sua importância midiática. Mas, embora o conceito pareça sinalizar uma bem-vinda resposta a desmandos e absurdos, há quem defenda a ideia de que rapidamente essa prática se tornou bastante próxima de uma fogueira inquisitória, ou seja, teria deixado de ser algo positivo para ser uma forma de expiar os próprios pecados ao condenar alguém sumariamente. Quem recentemente se manifestou contra essa cultura do cancelamento foi o ator britânico Rowan Atkinson, o eterno Mr. Bean.

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Numa entrevista à Rádio Times, o astro culpou as redes sociais pela polarização que tomou o mundo de assalto e disse temer pelo futuro da liberdade de expressão: “O problema que temos atualmente no âmbito online é que um algoritmo decide o que vemos, assim criando uma visão simplista e binária da sociedade. Ou você está conosco ou contra nós. E se você está contra nós, você merece ser ‘cancelado’. É importante que estejamos expostos a um amplo espectro de opiniões, mas o que temos agora é o equivalente digital da multidão medieval vagando pelas ruas em busca de alguém para queimar. Portanto, é assustador para quem é vítima dessa turba e isso me enche de medo sobre o futuro”, disse Atkinson. E você, como enxerga essa cultura do cancelamento? Talvez, como postule o próprio Atkinson, seria bom ponderar prós e contras em vez de simplesmente ser pró ou contra, não é mesmo?

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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