O Secretário da Saúde do Reino Unido, Oliver Dowden, confirmou esta semana a adoção de uma medida controversa, autorizando a retomada de filmagens de grandes produções sem precisarem respeitar protocolos específicos associados à Covid-19.

Na prática, isso significa que artistas de alguns filmes pré-selecionados poderão viajar ao Reino Unido e começar suas filmagens imediatamente, sem respeitar a quarentena de 14 dias imposta a produtores de filmes menores e visitantes originários de países onde a taxa de contaminação é elevada. De acordo com um tratado cultural estabelecido pelo governo, estrangeiros chegando ao local para a produção de filmes ou séries de televisão podem ser considerados britânicos para fins diplomáticos.

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Tom Cruise, Christopher McQuarrie e Rebecca Ferguson no set de Missão Impossível 7. Foto: Paramount Pictures

 

“Os maiores blockbusters do mundo e os maiores programas de televisão são feitos no Reino Unido. A nossa criatividade, conhecimento e as isenções de impostos extremamente bem-sucedidas para a indústria do audiovisual significam que somos um local bastante visado que, em retorno, proporciona grandes benefícios à economia. Queremos que esta indústria se recupere ao criar uma exceção da quarentena para um pequeno número de atores e profissionais essenciais continuarem comprometidos com as câmeras e as filmagens de novo. Essa decisão é bem-vinda não apenas para amantes do cinema, mas para milhares de profissionais da indústria do audiovisual e os setores a ela conectados”, explicou Dowden.

O principal projeto beneficiado pela exceção é Missão Impossível, dos estúdios Paramount, cujas filmagens dos volumes 7 e 8 ocorrem simultaneamente no Reino Unido. Tom Cruise, ator e produtor da franquia, já recebeu o aviso diretamente do Secretário da Cultura. Jurassic World: Dominion, dos estúdios Universal, também deve retomar as produções interrompidas em junho. Além desses, espera-se que as novas medidas favoreçam as filmagens de A Pequena Sereia, live-action da Disney, o terceiro filme da franquia Animais Fantásticos e Onde Habitam, da Warner Bros., o novo live-action de Cinderella, produzido pela Sony Pictures, e The Batman, produzido pela Warner.

“O setor audiovisual atingiu o valor de £3 bilhões em 2019, e ele possui um papel claro na retomada da economia após a quarentena”, reforçou Adrian Wootton, diretor executivo da British Film Comission. Embora a retomada das filmagens seja benéfica a essas produções, ela é criticada por colocar os interesses financeiros acima da saúde das pessoas envolvidas, e por conceder privilégios burocráticos e financeiros a produções que teriam meios suficientes de se sustentarem pós-pandemia, enquanto artistas dedicados a filmes independentes e projetos menores não recebem a mesma atenção por parte do governo.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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