O setor cultural, um dos mais diretamente afetados pela crise econômica de 2020, pode estar prestes a sofrer outro golpe considerável a partir de 2021. A proposta de Orçamento de 2021, enviada ao Congresso pelo governo Bolsonaro, prevê um corte drástico nos investimentos para a Cultura e o Esporte, ambos integrados ao Ministério do Turismo.

O texto sugere uma redução nos investimentos de R$ 11,6 bilhões, em 2020, para R$ 2,5 bilhões em 2012. O alerta foi lançado pela oposição na Câmara, que luta para a reversão deste quadro e a modificação do texto antes de sua aprovação. O corte pode resultar de uma estratégia do governo federal, tanto para retaliar contra o setor cultural, majoritariamente contrário às políticas da extrema-direita, quanto para obter novos fundos sem furar o teto dos gastos defendido pelo ministro Paulo Guedes.

 

Mário Frias e Jair Bolsonaro

 

LEIA MAIS
Cinemateca Brasileira é intimada a entregar chaves ao governo
Oscar 2021 :: Governo busca influenciar na escolha do representante brasileiro
Afronte :: Projetos LGBT que Bolsonaro tentou impedir são ignorados em edital público

Ao mesmo tempo, Bolsonaro aumentou fortemente os gastos da presidência, segundo a Carta Capital: o valor de R$ 2 bilhões em 2019 foi elevado a R$ 14,6 bilhões em 2020, e o Orçamento solicita mais R$ 10,4 bilhões para 2021. Em paralelo, Renan Bolsonaro, quarto filho do presidente, foi recebido por Mário Frias, Secretário da Cultura, para solicitar verbas ao projeto pessoal de investimento em e-games.

O setor cultural tem lutado para conseguir a liberação de verbas pré-aprovadas para o cinema, fruto da paralisação da Ancine, enquanto defende a manutenção de editais específicos, também suspensos no atual governo. Apesar da aprovação da Lei Aldir Blanc na Câmara, o cinema sob a gestão Frias e Bolsonaro tem sofrido ataques constantes, como a tomada de posse da Cinemateca Brasileira e as tentativas de censura a produções de temática LGBTQI+.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deBruno Carmelo (Ver Tudo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *