20220322 curta taquary papo de cinema
22 mar

Depois de dois anos acontecendo apenas online, por conta da pandemia da Covid-19, o Curta Taquary volta a ocupar espaços culturais muito importantes e históricos do agreste pernambucano. Nesta 15ª e híbrida edição são combinadas a alegria dos encontros in loco e a amplitude do circuito online. E uma das ações mais simbólicas do retorno ao presencial é a ocupação do Cine Teatro Santo Amaro, sala de cinema que estava fechada desde 2014. Os organizadores afirmam que esse gesto de utilização de um aparelho cultural tão importante, que também tem um valor arquitetônico reconhecido, carrega uma forte conotação afetiva. Isso, porque o espaço faz parte da memória coletiva da pequena cidade pernambucana como um local de produção de experiências e emoções diante da telona. “O objetivo do festival, em todas as suas ações, é não só fornecer diversão e alumbramento, mas também dialogar com as necessidades do seu entorno, reforçar o senso de pertencimento das pessoas e engajar a comunidade na luta pelo espaço público e por sua memória”, reforça Alexandre Soares, coordenador do 15º Curta Taquary.

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Em 2022, o Curta Taquary ampliou ainda mais a sua vocação regional. Outro espaço ocupado recentemente pelo evento foi o Cine Aurélio, na cidade vizinha de Toritama. Ele foi construído e é mantido por José Aurélio, uma das figuras mais conhecidas das redondezas, justamente por ser um inveterado/apaixonado pela Sétima Arte. Tanto que foi tema do Cine Aurélio, de Kennel Rógis, cujo roteiro foi desenvolvido no DocLab do 14º Curta Taquary, filme apresentado neste ano numa sessão para lá de espacial que lotou o Cine Aurélio de amigos, familiares e admiradores da trajetória desse homem notável. Já na cidade de Gravatá do Ibiapina, o evento projetou curtas-metragens num casarão histórico cuja preservação virou uma questão de honra para a comunidade local. O 15º Curta Taquary também passou por comunidades, tais como o assentamento Normandia, em Caruaru, ocupando territórios e telas, para com isso gerar experiências transformadoras e promover reflexões – inclusive sobre as salas de cinema.

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Cine Teatro Santo Amaro
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Marcelo Müller

Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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