O município histórico de Ouro Preto, em Minas Gerais, está prestes a completar 310 anos. Patrimônio Histórico da Humanidade, o local é berço de obras e Aleijadinho e de rastros do ativista político Tiradentes. E já fazem alguns anos que o CineOP também tem estabelecido seu espaço no catálogo cultural da região. Em 2022, a Mostra de Cinema de Ouro Preto retornará com seu caráter presencial, depois de dois anos de realização online por conta da pandemia de COVID-19. Com data marcada para ocorrer entre 22 e 27 de junho, a edição deste ano acaba de lançar sua programação inteiramente gratuita. Se interessou? Siga o fio!
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Segundo divulgado, o CineOP é o único festival de cinema brasileiro dedicado a tratar o audiovisual como patrimônio e a oferecer uma estrutura focada em três eixos temático: preservação, história e educação. Serão seis dias de programação e as equipes de curadoria propuseram a temática geral Preservar, transformar, persistir, que vai guiar as ações ao longo de toda a mostra. Entre as ideias principais está a de dar visibilidade a produções realizadas por cineastas indígenas.
Ao todo, serão exibidos 151 filmes em pré-estreias e mostras temáticas (20 longas, 14 médias e 117 curtas-metragens), vindos de oito países (Brasil, Argentina, Bolívia, EUA, Israel, Peru, Rússia, Uruguai) e de 21 estados brasileiros (AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SP) distribuídos em oito mostras. São elas: Contemporânea, Homenagem, Preservação, Histórica, Educação, Mostrinha e Cine-Escola. Entre atividades previstas, 23 debates e rodas de conversa, com a participação de mais de 80 profissionais nacionais e internacionais.
ABERTURA OFICIAL | HOMENAGEM
O evento oficial de abertura acontece na noite de 23 de junho (quinta), às 19h30, na Praça Tiradentes, com uma performance audiovisual apresentando as três temáticas de cada seção da CineOP (Histórica, Preservação e Educação) e homenageando os cineastas M’bya Guarani: Kuaray (Ariel Ortega) e Pará Yxapy (Patrícia Ferreira) com a entrega do Troféu Vila Rica. Para ilustrar suas obras, serão exibidos o média-metragem Bicicletas de Nhanderú (2011) e o curta Nossos Espíritos Seguem Chegando: Nhe’e Kuery Jogueru Teri (2021). A dupla estará no debate Dois cineastas e um percurso, no dia 24 (sexta), às 12h, no Centro de Convenções de Ouro Preto.
PRESENÇAS INTERNACIONAIS
Nesta edição, marcam presença: Miguel Hilari (Bolívia), cineasta que vai tratar de cinema aymara, Teresa Castillo (Peru), gestora cultural do projeto La Combi del Arte, interface específica entre o cinema e línguas indígenas, a cineasta, fotógrafa e professora Aldana Loiseau (Humauaca/Jujuy, Argentina), que vai tratar do tema “A mãe terra e as tradições como protagonistas no fazer cinematográfico de animação”, Mela Marquez, diretora executiva da Cinemateca Boliviana, e, com apresentação online, Perla Olivia Rodriguez, pesquisadora do Instituto de Investigaciones Bibliotecológicas y de la Información da Universidad Nacional Autónoma de México.
OFICINAS
Serão promovidas cinco oficinas com a oferta de 135 vagas ao todo. As inscrições, gratuitas, vão até 12 de junho pelo link oficial, com as seguintes opções: Dramaturgias do Corpoespaço, Assistência de Direção: Prática e Teoria, Realização em Audiovisual para Web, TV e Cinema, Diagnóstico do estado de conservação para filmes e objetos tridimensionais cinematográficos e Da personagem ao argumento.
SESSÃO CINE-ESCOLA
O Cine OP promove também o tradicional programa Cine-Expressão: A Escola Vai Ao Cinema, que realiza sessões cine-escola, cine-debates e oficinas para atender a demanda de mais de 2.000 estudantes e educadores da rede pública de ensino da cidade, e o CINEOP NOS BAIRROS, uma ação descentralizada que leva para as comunidades uma programação para beneficiar públicos e bairros diversos. Serão 7 sessões, com curtas e longas para as faixas de 5 a 7 anos, de 8 a 10 anos, de 11 a 13 anos e a partir de 14 anos, sempre de cine-debates após a sessão.
MOSTRINHA | SESSÃO DE CINEMA + SHOW DE MÁGICA
Na busca pela formação de novos públicos e olhares para o cinema brasileiro, a Mostrinha terá esse ano a exibição de Poropopó (2021), longa de Luis Antonio Igreja, seguido de show de mágica com a Família Kradyn.
ARTE + FESTA JUNINA
A programação artística do CineOP vai acontecer Sesc Cine-Lounge Show, que será instalado no Centro de Artes e Convenções e se estabelece como um espaço de múltiplas e amplas possibilidades de encontro, entretenimento e diálogo do cinema com as outras artes. Além do tradicional cortejo da arte que percorre as ruas tricentenárias de Ouro Preto, no dia 25 de junho, sábado, às 11h30, com saída da Praça Tiradentes, o público poderá conferir performances, Djs e shows. Uma das novidades desta edição, é a Festa Junina que será promovida no domingo, dia 26 de junho, a partir das 18 horas, no Centro de Convenções como parte da programação da Mostra Valores e vai reunir duas quadrilhas da cidade. Haverão barraquinhas de comes e bebes, brincadeiras um show de forró.
TEMÁTICAS E FILMES
A partir da temática central Preservar, transformar, persistir, as curadorias da 17a CineOP desenvolveram trajetos de reflexão para debates e filmes a serem apresentados durante o evento. A questão do audiovisual produzido pelos povos indígenas surge diretamente em dois recortes. Na Temática Histórica, o tema será Emancipação, pluralidade e transbordamento nos cinemas indígenas do Brasil. Nos últimos 15 anos, vivencia-se uma transição progressiva para a autocriação de filmes, sem interferências de não-indígenas na construção da estética e da linguagem.
Os filmes da Mostra Histórica fazem essa demonstração através de uma seleção panorâmica que vai desde Já me Transformei em Imagem (Zezinho Yube, 2008) a Zawxiperkwer: Guardiões da Floresta (Jocy Guajajara e Milson Guajajara, 2019), passando ainda por Ka’a Zar Ukyze Uá: Os Donos da Floresta em Perigo (Flay Guajajara, Erisvan Bone Guajajara, Edivan Guajajara, 2019), Yvy Reñoi: Sementes da Terra, (Associação Cultural de Realizadores Indígenas, 2017) e Ava Yvy Vera: A Terra do Povo do Raio (Genito Gomes, Valmir Gonçalves Cabreira, Johnaton Gomes, Joilson Brites, Johnn Nara Gomes, Sarah Brites, Dulcídio Gomes e Edna Ximenes, 2016), entre diversos outros com características similares.
Essa produção e seu impacto serão debatidos em vários debates ao longo da mostra, entre eles Processos de criação de cineastas indígenas, no qual os cineastas Alexandre Wera (Guarani M’bya), Genito Gomes (Guarani Kaiowá), Jocy Guajajara – (Guajajara) e Johnn Nara Gomes (Guarani Kaiowá) falarão de suas especificidades e as relações estabelecidas na equipe de profissionais não-indígenas.
A produção indígena também será central na Mostra Educação, que adotou o eixo Cinemas e educações: diálogos. A ideia é refletir que outras relações são possíveis encontrar entre a produção de povos originários e as educações – incluindo seus processos de formação e como são experimentados por diferentes povos. Uma das atividades será o cineasta Takumã Kuikuro selecionar um plano ou sequência de filme a ser comentado pela educadora e cineasta guarani Patrícia Ferreira (Pará Yxapy).
Na Mostra Preservação, o eixo será Memória audiovisual no Brasil: resistência e resiliência no tempo, a partir de aflições muito concretas e potencializadas no histórico problema da falta de políticas públicas de preservação audiovisual ao longo das décadas no país. Os assuntos serão diretamente tratados numa mesa que leva o nome da temática, no dia 24 (sexta), às 14h30, com as presenças de Maria Dora G. Mourão (diretora geral da Cinemateca Brasileira), Luiz Joaquim (gestor do Museu de Imagem e Som de Pernambuco) e Valquíria Salgado Quilici (coordenadora geral substituta do Centro Técnico de Audiovisual – CTAV, RJ).
A importância da preservação estará ainda no centro da conversa Produzir e preservar imagens indígenas: um desafio urgente, no dia 25 (sábado), às 14h30, reunindo Danilo Luiz Marques (coordenador geral do Núcleo de Estudos Afro Brasileiros e Indígenas– NEABI/UFAL), Fernanda Elisa (arqueóloga e gestora de riscos ao patrimônio cultural – CLAM Meio Ambiente, MG) e os cineastas Genito Gomes, Johnn Nara Gomes e Vincent Carelli.
A Preservação ainda promove o estudo de caso do documentário História da Guerra Civil (1921), de Dziga Vertov, recentemente restaurado por Nikolai Izvolov, que contará detalhes do processo do longa centenário que terá exibição no CineOP. A relação completa de filmes pode ser conferida no link oficial.
E, claro, o Papo de Cinema estará presente na cidade de Ouro Preto com o redator/crítico Victor Hugo Furtado. De lá, o Papo sairá com matérias, críticas e entrevistas exclusivas. Fique ligado!
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