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Sinopse

Michael “Eddie” Edwards, um desacreditado, porém corajoso, saltador de ski da Inglaterra, nunca parou de acreditar em si mesmo – mesmo quando toda sua nação o queria fora das olimpíadas. Com a ajuda de um treinador carismático e um tanto rebelde, Eddie se compromete a conquistar os corações dos fãs do esporte ao redor do mundo através de uma improvável, mas histórica apresentação nas Olimpíadas de Inverno de 1988.

Crítica

“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”.

Esta frase lapidar, atribuída por muitos a Jean Cocteau, por outros a Mark Twain, é geralmente usada para explicar fatos fantásticos, obras que desafiam o senso comum, ideias que apaguem barreiras. No caso de Eddie Edwards (Taron Egerton), protagonista de Voando Alto, a situação foi um pouco diferente. TODOS disseram a ele que seus sonhos eram inalcançáveis. TODOS afirmaram que ele nunca seria um atleta olímpico. POUCOS acreditaram em seu potencial. Do mesmo jeito, ele foi lá e fez. O longa-metragem dirigido por Dexter Fletcher e produzido pelo mesmo time de Kingsman: Serviço Secreto (2015) é o típico feel good movie, com mensagens edificantes e personagens que buscam em uma jornada quixotesca um senso de pertencimento, uma forma de encontrarem-se. Serve como um filme de auto-ajuda e, embora bastante formulaico, o elenco cativante e a trajetória do protagonista tendem a conquistar o espectador.

Baseado em fatos reais, Voando Alto conta a história do britânico Eddie Edwards, rapaz que desde muito jovem sonhou em ser um atleta. Devido a problemas nos joelhos quando criança, não pode praticar esportes em tenra idade, como de praxe. Mais velho, tentou de tudo, até se encontrar no esqui. Por não ser um prodígio no esporte, um tanto atrapalhado, a Comissão Olímpica do Reino Unido não o aceitou em seu time. Triste, mas determinado, Eddie procurou algum outro esporte correlato que pudesse lhe dar uma brecha. E o encontrou no salto de esqui, uma modalidade não praticada há anos na Inglaterra. Sabendo que isso lhe dava alguma vantagem, visto que seria o único membro da equipe, Eddie parte para a Alemanha para treinar. Lá, ele conhece o americano beberrão Bronson Peary (Hugh Jackman), antigo atleta deste esporte, que é convencido por Eddie a treiná-lo. Os dois desafiarão a tudo e a todos para que o rapaz tenha chances de competir na Olimpíada de Calgary, no Canadá, em 1988.

Taron Egerton mostrou ser uma revelação interessante ao protagonizar Kingsman: Serviço Secreto, provando ter presença e talento ao viver um jovem arruaceiro que se transforma em um herói pouco ortodoxo. Em Voando Alto, o jovem astro tem um desafio diferente. Com óculos grandes, cenho franzido e maxilar proeminente, o ator se esconde em tiques e expressões faciais estranhas para interpretar o personagem. Se isso demonstra o preparo que Egerton teve para conseguir o papel, visto que Eddie, na vida real, tem os mesmos tiques e forma de falar que o ator emula no filme, por outro lado acaba sendo um elemento de distração. Quase uma bengala utilizada pelo jovem astro. A partir do segundo ato, com a entrada de Hugh Jackman na história, quando nossas atenções são divididas pelos dois personagens, vamos nos acostumando com a performance do protagonista e até nos emocionando com alguns momentos mais pungentes. Jackman, por sua vez, não sai de sua zona de conforto, fazendo corretamente um papel sem maiores desafios.

Voando Alto é tematicamente parecido com Jamaica Abaixo de Zero (1993), filme que contava a história do time jamaicano de bobsled que disputou aquela Olimpíada em Calgary. Ele inclusive cita rapidamente este fato em uma notícia de rádio em meio à trama. Com narrativa leve e personagens determinados, o longa-metragem tem tudo para conquistar parte do público que demanda por histórias construtivas. Tem bonita mensagem e execução das cenas de salto de esqui muito cuidadosa. Dexter Fletcher só perde pontos por não conseguir escapar de nenhum clichê do gênero. Não existem surpresas, apenas a confirmação de que os sonhos podem ser alcançados com muito esforço. A grande maioria dos personagens é unidimensional demais, se mostrando apenas um obstáculo para a vitória de Eddie the Eagle – apelido que ele ganha de forma um tanto jocosa, de início. E atores de renome como Christopher Walken e Jim Broadbent são desperdiçados, com papéis pequenos demais para seu talento. De qualquer forma, é possível se divertir com a sessão, desde que a expectativa não seja tão alta quanto os objetivos do protagonista.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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